Governo grego monta provocação
A polícia grega investiu contra um grupo de activistas sindicais da PAME, ferindo nove e detendo outros 35, durante uma acção de protesto, em Atenas, contra a reforma da Segurança Social.
Repressão policial provoca nove feridos e 35 detidos
A acção teve lugar na manhã de dia 30, junto ao Ministério do Trabalho, onde se concentraram várias dezenas de sindicalistas, em protesto contra as declarações do titular da pasta, Iánnis Vrutsis, para quem o sistema de Segurança Social é o resultado de «uma mentalidade clientelista».
Procurando obter explicações do governante, uma delegação de activistas sindicais entrou no edifício e ocupou pacífica e simbolicamente parte das instalações exigindo uma audiência com o ministro.
Pouco depois a polícia de choque irrompe no Ministério e agride os sindicalistas à bastonada, usando gás lacrimogéneo e gás pimenta. O destacamento de intervenção investe igualmente contra os manifestantes no exterior, cujo número atinge rapidamente algumas centenas.
Em seguida dirigem-se para o posto central da polícia para reclamar a libertação dos camaradas detidos: «Libertem os trabalhadores, eles não são terroristas. Nós queremos trabalho».
Algumas horas mais tarde, o governo divulga fotos com destruições causadas alegadamente pelos sindicalistas em gabinetes do Ministério.
As imagens mostram mobiliário danificado, computadores e documentos espalhados no chão e servem para acusar o sindicato de vandalização do Ministério.
A PAME (Frente Militante de Todos os Trabalhadores) nega de imediato as acusações e acusa a polícia de ter provocado as destruições, numa clara manobra de provocação.
A secretária geral do Partido Comunista da Grécia, Aleka Papariga, junta-se aos manifestantes frente à sede da polícia, onde exige que o ministro do Trabalho divulgue imagens da alegada vandalização dos gabinetes por parte dos sindicalistas e defende o direito ao protesto: «Quando um ministro faz declarações provocadoras, os representantes sindicais têm o direito de reagir e de se manifestar. Foi apenas isto que se passou e nada mais».
No dia seguinte, milhares de pessoas concentraram-se frente ao posto da polícia onde os sindicalistas permaneciam detidos.
Ouvidos pelo tribunal, são finalmente libertados, sendo-lhes imputado como único delito a «manifestação ilegal num lugar público». A acusação de destruição de bens foi retirada, provando-se que as fotos divulgadas foram uma provocação montada pelo governo.
CGTP-IN condena agressão
Numa mensagem enviada à PAME, a CGTP-IN condenou de imediato «o assalto da polícia grega e a detenção dos membros da PAME», exigindo a sua libertação.
Notando que entre os detidos estava o secretário-geral da Federação de Trabalhadores da Construção Civil, o texto sublinha que o objectivo dos membros da PAME era solicitar uma reunião com o ministro do Trabalho, ao qual pretendiam manifestar o seu protesto contra as políticas anti-sociais e antilaborais do governo grego – «políticas muito semelhantes às que estão a ser implementadas em Portugal e noutros países da Europa».
A CGTP-IN, expressando a sua solidariedade aos militantes detidos e à PAME, considera que «o ataque contra os sindicalistas e a sua detenção devem ser condenados pelos movimento sindical europeu e mundial. Trata-se de uma violação clara dos direitos sindicais, nomeadamente do direito de defender os trabalhadores, do emprego com direitos e a uma vida digna».