Os Vampiros
Tentando ilustrar a dimensão do saque a que o País está sujeito, e usando apenas as contas agora publicadas no site da DGTF sobre o SEE (3.º Trimestre), deixo-vos alguns exemplos mais significativos:
- Se o Metropolitano de Lisboa funcionasse gratuitamente teria deixado de receber 51 milhões de euros que é o total das receitas operacionais registadas. O que perdeu, no mesmo período, em derivados financeiros foi um total de 238 milhões de Euros. Ou seja, o Metro de Lisboa poderia ter funcionado gratuitamente durante mais de quatro anos e perderia menos dinheiro do que o perdido na especulação só em nove meses.
- Foi de 14,8% a redução das despesas com o trabalho no Metropolitano de Lisboa entre 2011 e 2012. Grosso modo, oito milhões de euros foram roubados aos mais de 1200 trabalhadores do Metropolitano de Lisboa, apesar da heróica resistência que têm construído. Esses oito milhões roubados exigiram dois orçamentos do Estado a impor cortes e imperatividades e uma revisão do Código do Trabalho, e originaram dezenas de greves, jornadas de luta e processos em tribunal. Esses mesmos oito milhões foram apenas encher o vazio num dente dos vampiros que se alimentam do Metro, e lhe sugaram, em nove meses, 188 milhões em juros e 238 milhões em perdas especulativas swaps.
- Na CP, os encargos financeiros (139 milhões) e as perdas especulativas swaps (10 milhões), já representam o dobro do total gasto em salários (63 milhões). Aqui os roubos explicam uma redução na massa salarial de 16,1%, mas que se limitou a pagar o aumento dos encargos financeiros. E os aumentos brutais de preços de 20% originaram um simples aumento de 2% nas receitas fruto de uma redução de procura muito significativa, mas permitiram roubar mais quatro milhões de euros usados... para pagar juros.
Os vampiros estão a sugar o País. Chamam aos seus roubos coisas muito finas como «Instrumentos de Gestão do Risco Financeiro», mas estão a roubar e a transferir para os seus bolsos milhares de milhões de euros.
Nos transportes, roubam aos utentes, aos trabalhadores e às empresas. Na próxima greve, a quem te perguntar porquê, responde simplesmente: por ti!