Drones dos EUA no Oeste africano

Carlos Lopes Pereira

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Onze países afri­canos che­garam a um en­ten­di­mento para es­ta­be­lecer a paz no Congo, país mer­gu­lhado há 15 anos numa guerra mo­vida por grupos ar­mados apoi­ados do ex­te­rior.
A «Pla­ta­forma de Co­o­pe­ração para a Paz e a Se­gu­rança na Re­pú­blica De­mo­crá­tica do Congo e a Re­gião dos Grandes Lagos» foi as­si­nada em Addis-Abeba, no do­mingo, 24, entre o go­verno con­golês e di­versos chefes de Es­tado.
O acordo, com a bênção da ONU e da União Afri­cana, prevê o fim da ajuda aos re­beldes con­go­leses. Subs­cre­veram o do­cu­mento, além do Congo, a Re­pú­blica Centro-Afri­cana, Uganda, Bu­rundi, Ru­anda, An­gola, Congo-Braz­za­ville, África do Sul, Sudão do Sul, Zâmbia e Tan­zânia. As­si­naram também o se­cre­tário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a líder da União Afri­cana, Nko­sa­zana Dla­mini-Zuma, e o pre­si­dente da Co­mu­ni­dade para o De­sen­vol­vi­mento da África Aus­tral, Ar­mando Gue­buza.
Di­ri­gentes na ca­pital etíope ma­ni­fes­taram op­ti­mismo em re­lação aos re­sul­tados deste acordo de paz no Congo, a braços com uma re­be­lião ar­mada no Leste que Kinshasa acusa de ser fo­men­tada pelo Ru­anda. As Na­ções Unidas pro­me­teram agora re­or­ga­nizar a sua força de «ca­pa­cetes azuis» na zona e exor­taram os re­beldes do M23, ac­tivos no Kivu Norte, a op­tarem por uma so­lução po­lí­tica.
Também se falou de paz em Ma­labo, na Guiné-Equa­to­rial, onde de­correu na sexta-feira a 3.ª ci­meira do Fórum Amé­rica do Sul-África (ASA), or­ga­ni­zação que in­tegra mais de 60 es­tados.
Os lí­deres afri­canos e sul-ame­ri­canos apro­varam uma de­cla­ração em que «apoiam a abor­dagem global da crise no Mali tal como in­dicam a União Afri­cana e as Na­ções Unidas». Pe­diram à co­mu­ni­dade in­ter­na­ci­onal apoio aos pro­cessos de «re­gresso à ordem cons­ti­tu­ci­onal» na Guiné-Bissau e em Ma­da­gáscar e à «nor­ma­li­zação e es­ta­bi­li­zação» do Congo.
O pre­si­dente an­fi­trião, Obiang Nguema, propôs alargar o fórum aos países centro-ame­ri­canos e ca­ri­be­nhos, «que também foram ví­timas do co­lo­ni­a­lismo e da dis­cri­mi­nação exis­tente nas re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais».
Por seu turno, Dilma Rous­seff, do Brasil, acre­dita que «o sé­culo XXI, as pró­ximas dé­cadas, vão ser de afir­mação do mundo em de­sen­vol­vi­mento e, es­pe­ci­al­mente, da África e da Amé­rica La­tina». A pre­si­dente bra­si­leira con­si­derou que as duas re­giões têm agora a opor­tu­ni­dade his­tó­rica de re­duzir a dis­tância eco­nó­mica e so­cial que ainda as se­para das na­ções mais avan­çadas. «Vamos ser pro­ta­go­nistas de­ci­sivos desse novo ce­nário his­tó­rico e de uma cul­tura de paz, so­li­da­ri­e­dade, jus­tiça so­cial e co­o­pe­ração fra­terna», previu.

Guerra im­pe­ri­a­lista
agravou-se no Mali


En­quanto em Addis-Abeba e Ma­labo se de­bateu a paz e o de­sen­vol­vi­mento, no Mali in­ter­na­ci­o­na­liza-se cada vez mais a guerra im­pe­ri­a­lista de re­con­quista, de­sen­ca­deada em Ja­neiro com a in­ter­venção mi­litar fran­cesa.
O con­flito, que en­volve já mi­lhares de sol­dados de França e de vá­rios es­tados Oeste-afri­canos como a Ni­géria e o Chade, além de cen­tenas de «con­se­lheiros e pe­ritos mi­li­tares» de po­tên­cias eu­ro­peias oci­den­tais, alastra já a países vi­zi­nhos e ameaça a paz e a se­gu­rança no Sahel e no Ma­grebe.
O pre­si­dente Ba­rack Obama anun­ciou na sexta-feira, numa carta ao Con­gresso, que os Es­tados Unidos en­vi­aram 100 mi­li­tares para o Níger, com o aval do go­verno ni­ge­rino, para ins­talar na ca­pital, Ni­amey, uma base de «drones». São, na sua mai­oria, es­pe­ci­a­listas em lo­gís­tica, in­te­li­gência e se­gu­rança e vão apoiar as tropas fran­cesas no Mali.
Esta de­cisão abriu uma outra frente de guerra, com a uti­li­zação de aviões não-tri­pu­lados contra os in­sur­gentes is­la­mitas re­fu­gi­ados no norte mon­ta­nhoso ma­liano, junto à fron­teira com a Ar­gélia.
Se­gundo o «New York Times», a nova base no Níger «é uma in­di­cação da pri­o­ri­dade que a África as­sumiu nos es­forços norte-ame­ri­canos contra o ter­ro­rismo».
A in­ter­venção mi­litar yankee no con­ti­nente é co­or­de­nada pelo Africom, com quartel-ge­neral na Ale­manha e uma base per­ma­nente no Dji­bouti.
O Níger as­sinou re­cen­te­mente com os EUA um acordo que abriu ca­minho ao au­mento da pre­sença mi­litar ame­ri­cana nesse país vi­zinho do Mali.
O Pen­tá­gono pre­tende que os «drones» Pre­dator – co­nhe­cidos pelas suas mis­sões de es­pi­o­nagem no Irão e de bom­bar­de­a­mentos ter­ro­ristas de po­pu­la­ções civis no Afe­ga­nistão, no Pa­quistão, no Iraque – «farão apenas voos de­sar­mados, de vi­gi­lância», em­bora não tenha des­car­tado «a pos­si­bi­li­dade de con­duzir ata­ques com mís­seis se a ameaça ter­ro­rista au­mentar».
O plano é mudar mais tarde a base mi­litar dos EUA no Níger para Agadez, mais perto do Norte do Mali, onde estão em curso as prin­ci­pais ope­ra­ções bé­licas da le­gião fran­cesa.



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