Marcha chama para 25 de Abril e 1.º de Maio

A luta segue e cresce

Com a força da Marcha contra o Em­po­bre­ci­mento, que teve ex­pressão em mais de 40 lo­ca­li­dades e mo­bi­lizou mi­lhares de pes­soas, a CGTP-IN apela à par­ti­ci­pação nas co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril e pre­tende que este 1.º de Maio seja um dos mai­ores de sempre.

Com este Go­verno, o País em­po­breceu 10 mi­lhões de euros por dia

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A ne­ces­si­dade de pros­se­guir, in­ten­si­ficar e alargar a luta, co­lo­cando como pri­meiro ob­jec­tivo a mu­dança de po­lí­tica e de Go­verno e o rom­pi­mento com o «me­mo­rando» da troika, é acen­tuada pelos graves pre­juízos pro­vo­cados aos tra­ba­lha­dores e ao País pelo ac­tual rumo e pelas ne­gras con­sequên­cias que im­plicam as me­didas mais re­cen­te­mente anun­ci­adas.

Por­tugal «em­po­brece a um ritmo su­pe­rior a dez mi­lhões de euros por dia», desde que o Go­verno PSD/​CDS tomou posse, su­bli­nhou Ar­ménio Carlos, no sá­bado, frente à As­sem­bleia de Re­pú­blica.
Dis­cur­sando pe­rante os mi­lhares de tra­ba­lha­dores dos dis­tritos de Lisboa e Se­túbal – a que se jun­taram «de­le­ga­ções» de ou­tras re­giões, como o Al­garve, Aveiro e Beja – o se­cre­tário-geral da CGTP-IN voltou a con­testar a linha da «aus­te­ri­dade» e de­sa­fiou o Go­verno a dizer «quanto custa a sua po­lí­tica».
A pro­pó­sito da carta que o pri­meiro-mi­nistro en­viara à troika na vés­pera, a CGTP-IN re­pu­diou novos cortes de sa­lá­rios, di­reitos e ser­viços pú­blicos e de­clarou, desde já, que «tudo fará para, no plano do di­reito de re­sis­tência contra me­didas ile­gí­timas, im­pedir que tais ob­jec­tivos se ve­ri­fi­quem».
Ar­ménio Carlos re­a­firmou que «os pro­blemas do País não se re­solvem com mais pa­cotes de aus­te­ri­dade e mais cortes nas fun­ções so­ciais do Es­tado» e con­tra­riou os ar­gu­mentos es­gri­midos para jus­ti­ficar a «aus­te­ri­dade».

Façam estas contas!

Em Por­tugal a des­pesa pú­blica, re­pre­sen­tando 48,9 por cento do Pro­duto In­terno Bruto, é in­fe­rior à média da UE, que está em 49,4 por cento na zona euro. A des­pesa so­cial tem um peso de 63,4 por cento na des­pesa total do Es­tado por­tu­guês, per­cen­tagem que na UE, em média, é de 65,6 por cento.
Para a CGTP-IN, «não é na des­pesa so­cial que se tem de cortar, é na des­pesa pa­ra­si­tária», con­cre­ta­mente:

- Nos juros da dí­vida, exi­gindo que o Es­tado se possa fi­nan­ciar junto do BCE nas mesmas con­di­ções que o sector fi­nan­ceiro e pondo fim a «esta aber­ração, que é o BCE pra­ticar uma taxa de 0,75 por cento, para ins­ti­tui­ções fi­nan­ceiras, e estas, com um sim­ples clique no com­pu­tador, em­pres­tarem aos es­tados a taxas cinco, seis e sete vezes su­pe­ri­ores»;
- Nas par­ce­rias pú­blico-pri­vadas, que «dão lu­cros ga­ran­tidos aos pri­vados, com o Es­tado a as­sumir todos e quais­quer riscos»;
- Nas «rendas» do sector da energia, origem de ele­vadas des­pesas anuais, seja pelos be­ne­fí­cios fis­cais dados às grandes em­presas do sector, seja pelas taxas co­bradas aos con­su­mi­dores;
- Nas trans­fe­rên­cias para o BPN, que já cus­taram 3400 mi­lhões de euros e podem atingir 6500.

Ob­ser­vando que o Go­verno tem noção «do pouco tempo de vida de que dispõe», o di­ri­gente acusou-o de in­sistir em mais pa­cotes de aus­te­ri­dade e sa­cri­fí­cios, e de re­tomar a re­dução dos sub­sí­dios de do­ença e de­sem­prego, re­jei­tados pelo Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal, «com um novo ataque, re­ve­lador de pro­funda in­sen­si­bi­li­dade so­cial».

«O único, mas grande, en­trave ao pro­gresso é a po­lí­tica de di­reita e da troika», mas «o fu­turo não pode con­ti­nuar amar­rado a um sis­tema que pro­move a ex­plo­ração, a opressão e a agressão». A CGTP-IN, de­fen­dendo que há al­ter­na­tivas, vai con­ti­nuar a exigir: a rup­tura com o me­mo­rando das troikas; a re­ne­go­ci­ação de me­lhores con­di­ções de fi­nan­ci­a­mento do Es­tado (con­si­de­rando in­su­fi­ci­ente o anun­ciado pro­lon­ga­mento das ma­tu­ri­dades do em­prés­timo do FMI, do BCE e da UE); me­didas para au­mentar a pro­dução; a in­versão da po­lí­tica de pri­va­ti­za­ções e a re­toma do con­trolo pú­blico nos sec­tores es­tra­té­gicos, in­cluindo ac­ti­vi­dades fi­nan­ceiras).

A par de uma taxa sobre as tran­sac­ções fi­nan­ceiras e os cho­rudos di­vi­dendos (que ul­tra­pas­saram este ano 1800 mi­lhões de euros, atri­buídos aos ac­ci­o­nistas de apenas 20 em­presas), a In­ter­sin­dical re­clama o au­mento dos sa­lá­rios e o re­forço das pres­ta­ções so­ciais.

Mas a so­lução para os pro­blemas na­ci­o­nais não está em «re­mo­de­la­ções que mais não visam do que mudar de mi­nis­tros, para pros­se­guir a mesma po­lí­tica». Para a Inter, «o com­bate à po­lí­tica de di­reita, por uma po­lí­tica al­ter­na­tiva de es­querda, é in­se­pa­rável da luta pela mu­dança de Go­verno e a mar­cação de elei­ções an­te­ci­padas».

Por estes ob­jec­tivos, apelou Ar­ménio Carlos, «vamos à luta, vamos cons­truir uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, vamos dar di­mensão às co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril e à afir­mação da va­li­dade do pro­jecto que aí brotou» e «vamos fazer do 1.º de Maio um dia na­ci­onal de luta, um dos mai­ores de sempre vistos em Por­tugal».




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