- Nº 2057 (2013/05/2)
Estaleiros de Viana

Liquidar é crime

Assembleia da República

Agendada para anteontem, 30 de Abril, com início já depois da hora de fecho da nossa redacção, estava uma audição parlamentar ao ministro da Defesa, ocasião soberana que o PCP não queria desperdiçar para o esclarecimento de importantes questões relacionadas com os ENVC. Dissera-o nas Jornadas Parlamentares e reafirmou-o pela voz de Honório Novo na declaração política em plenário de dia 24.

São quatro, no fundamental, as questões que a bancada comunista quer ver respondidas de «forma cabal e rigorosa».

Conhecer, em primeiro lugar, as razões pelas quais o Governo não aceitou em Outubro/Novembro do ano passado a proposta do PCP para anular o processo de privatização (antes anunciado pelo governo do PS no âmbito dos PEC e depois desencadeado pelo actual Governo do PSD/CDS a partir de Agosto de 2012), insistindo numa via de destruição dos ENVC, de precarização laboral e destruição dos postos de trabalho e teimando num «processo de privatização cujas ofertas de compra eram todas inferiores a um terço do valor do capital social dos ENVC».

Trata-se de saber, em segundo lugar, as razões pelas quais em Janeiro de 2012, face à proposta do PCP para que o Governo viabilizasse a construção dos dois asfalteiros contratados pela Venezuela, foi dito não haver disponibilidades financeiras para tal e agora, quando se anuncia o possível encerramento dos ENVC, já se afirma haver esses meios financeiros para construir os dois navios.

Importa igualmente aclarar – e esta é a terceira questão – por que é que o Governo diz que desiste do processo de privatização e simultaneamente insiste numa «outra opção que não é mais que uma privatização encapotada que liquida o emprego e que despreza a experiência e o know-how acumulados ao longo de décadas e gerações nos ENVC».

Por fim, urge esclarecer como é que se «compatibiliza a opção de liquidar os ENVC com a tão propalada estratégia de regresso ao Mar e a anunciada agenda de crescimento que o Conselho de Ministros diz querer concretizar em Portugal».

Estas são questões vitais que não podem deixar de ser esclarecidas, entende o PCP, que rejeita de forma liminar o argumento das chamadas ajudas públicas de 180 milhões de euros e da sua proibição pela União Europeia, não mais do que um «falso pretexto» do Governo para justificar a sua decisão de destruir os ENVC.

E por isso o repto saído das Jornadas para que o Governo

«restabeleça a normalidade empresarial» naquela unidade naval, nomeando uma nova administração competente e empenhada, com visão estratégica de médio e longo prazo para a empresa, que dê urgência à «construção dos navios para a Venezuela, retome e reprograme com a Defesa a construção de navios para a Marinha, promova e recupere a imagem de referência e de qualidade tecnológica dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.