Muitos milhares nas ruas
afirmam valores de Abril e do trabalho

Compromisso para agir

As mo­bi­li­za­ções dos úl­timos meses e as co­me­mo­ra­ções po­pu­lares dos 39 anos da re­vo­lução são si­nais po­si­tivos de que muita gente per­cebe que é pre­ciso mudar de po­lí­tica e de Go­verno quanto antes, afirma ao Avante! o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN.

Grande parte da po­pu­lação mos­trou-se dis­posta a de­fender o que foi con­quis­tado

Image 13133

An­te­ci­pando – uma vez que a nossa edição fe­chou na vés­pera do fe­riado – o que seria a men­sagem da cen­tral nas ce­le­bra­ções deste 1.º de Maio, em 40 lo­ca­li­dades do Con­ti­nente e das re­giões au­tó­nomas, Ar­ménio Carlos adi­antou os con­tornos das pró­ximas jor­nadas de uma luta que não pode parar, porque é ne­ces­sário im­pedir o au­mento da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, o em­po­bre­ci­mento do povo e o de­sastre na­ci­onal.
Para a CGTP-IN, este Dia In­ter­na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores foi en­ca­rado como «um dia es­pe­cial, numa luta que se de­sen­volve há muitos meses». O facto de as pró­prias forças de se­gu­rança terem re­gis­tado mais de três mil ma­ni­fes­ta­ções e ou­tras ac­ções, du­rante o ano de 2012, é «um in­di­cador do au­mento da in­dig­nação e do pro­testo, mas também da acção or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores e de ou­tras ca­madas, para com­bater esta po­lí­tica e exigir mu­dança de po­lí­tica e de Go­verno».
Já em 2013, das inú­meras ini­ci­a­tivas re­a­li­zadas, Ar­ménio Carlos des­tacou as ma­ni­fes­ta­ções des­cen­tra­li­zadas de 16 de Fe­ve­reiro; a acção de pro­testo, pro­posta e luta, que de­correu de 18 de Fe­ve­reiro até 27 de Março; e a «marcha contra o em­po­bre­ci­mento», de 6 a 13 de Abril.

Image 13134

Abril enorme

O 1.º de Maio, sa­li­entou, «segue-se a um enor­mís­simo 25 de Abril». A grande par­ti­ci­pação nas co­me­mo­ra­ções po­pu­lares «foi uma clara de­mons­tração do sen­ti­mento que está ar­rei­gado no povo por­tu­guês, quanto a di­reitos que foram con­quis­tados e pre­cisam de ser pre­ser­vados». Mas Ar­ménio Carlos des­tacou que «foi também um com­pro­misso, de uma grande parte da po­pu­lação, de agir para de­fender di­reitos, li­ber­dades e ga­ran­tias fun­da­men­tais, que têm uma re­lação di­recta com a sua vida no pre­sente e com a vida das pró­ximas ge­ra­ções».
Sendo uma festa, este 1.º de Maio tornou-se «um dia na­ci­onal de luta contra estas po­lí­ticas, pela apre­sen­tação de pro­postas al­ter­na­tivas e, si­mul­ta­ne­a­mente, de com­bate a este Go­verno», que «agora é também o go­verno do Pre­si­dente da Re­pú­blica, pela po­sição que este as­sumiu no dis­curso do dia 25 de Abril, mas não é, de­ci­di­da­mente, o go­verno da es­ma­ga­dora mai­oria dos por­tu­gueses». A CGTP-IN «re­a­firma a exi­gência de con­vo­cação de elei­ções an­te­ci­padas, a exi­gência de mu­dança de po­lí­ticas e de Go­verno, a exi­gência de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, que res­peite e dê sen­tido àquilo que Abril nos trouxe e Maio de­sen­volveu».
A In­ter­sin­dical faz «um ve­e­mente apelo à uni­dade de todos os tra­ba­lha­dores, in­de­pen­den­te­mente dos seus po­si­ci­o­na­mentos po­lí­tico-sin­di­cais», em es­pe­cial «para com­bater as po­lí­ticas de des­truição dos ser­viços pú­blicos e de eli­mi­nação ou grande re­dução das fun­ções so­ciais do Es­tado». Mas o apelo, como su­bli­nhou Ar­ménio Carlos, é também «para que a uni­dade e a so­li­da­ri­e­dade entre tra­ba­lha­dores do sector pri­vado e da Ad­mi­nis­tração Pú­blica se acen­tuem nos pró­ximos tempos» e ga­nhem uma grande di­mensão na con­cen­tração que a Inter vai re­a­lizar a 25 de Maio, em Belém, contra a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento, pela de­missão do Go­verno.
Para 30 de Maio, fe­riado do Corpo de Deus, está a ser pre­pa­rado um dia de pro­testo e de luta contra o roubo dos fe­ri­ados e contra o tra­balho gra­tuito. Ar­ménio Carlos ex­plicou que «será, no pri­meiro fe­riado de­pois do 1.º de Maio, um mo­mento para os tra­ba­lha­dores do sector pú­blico e do sector pri­vado ex­pri­mirem essa con­tes­tação, das mais va­ri­adas formas, nos lo­cais de tra­balho e nas ruas».
Desde Agosto de 2012, lem­brou, «a re­cusa do tra­balho ex­tra­or­di­nário e em dias fe­ri­ados con­tinua em muitas em­presas do sector pri­vado e tem dado re­sul­tados as­si­na­lá­veis». O Se­cre­tário-geral da CGTP-IN prevê que «no dia 30, vamos ter em todo o País um claro con­fronto entre tra­balho e ca­pital», porque o que está em marcha «é o au­mento do nú­mero de dias e de horas de tra­balho, é o au­mento da ex­plo­ração».

 

«Hoje» pela pri­meira vez

A ini­ci­a­tiva «Viver Abril, hoje», pro­mo­vida por al­guns mi­li­tares que to­maram parte ac­tiva no le­van­ta­mento que der­rubou o fas­cismo, em 1974, e na re­vo­lução que então se ini­ciou, pro­por­ci­onou o en­contro de de­zenas de pro­ta­go­nistas do 25 de Abril e muitos fa­mi­li­ares e amigos. Nas co­me­mo­ra­ções po­pu­lares do ani­ver­sário da re­vo­lução, houve este ano dois mo­mentos novos: uma con­cen­tração frente ao quartel-ge­neral do Go­verno Mi­litar de Lisboa, no Largo de São Se­bas­tião da Pe­dreira, na noite de 24, e uma «sau­dação ao nascer do dia in­teiro», na manhã de 25, no Ter­reiro do Paço.




Mais artigos de: Trabalhadores

A manigância do consenso

«É ne­ces­sária uma po­lí­tica de cres­ci­mento eco­nó­mico e de em­prego, claro que é, mas a pri­meira coisa a fazer é romper com a po­lí­tica de re­cessão, aus­te­ri­dade e sa­cri­fí­cios», diz o di­ri­gente da CGTP-IN, a pro­pó­sito do «me­mo­rando» que o Go­verno quer hoje tratar na Con­cer­tação.

Atrasos contestados

«O Go­verno e as ad­mi­nis­tra­ções das em­presas do sector de trans­portes mon­taram uma es­tra­tégia de adi­a­mento das res­postas às rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores em cada em­presa», acusa a Fe­de­ração de Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções.

Contra a extinção dos EFE

Aproveitando a reunião extraordinária do Conselho de Ministros, o Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas, Estabelecimentos Fabris e Empresas de Defesa (Steffas) entregou, anteontem, ao Governo, duas mil assinaturas contra a extinção dos estabelecimentos fabris do...