Protestos continuam na Turquia

Vítimas da agressão

O povo de Reyhanli voltou a ma­ni­festar-se contra a par­ti­ci­pação da Tur­quia na agressão im­pe­ri­a­lista à Síria e em so­li­da­ri­e­dade para com as ví­timas do aten­tado da se­mana pas­sada na ci­dade.

A po­lí­tica de An­cara face à Síria é cri­ti­cada pelos turcos

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O pro­testo re­a­li­zado sá­bado, 18, ini­ciou-se com a con­cen­tração de cen­tenas de pes­soas mas trans­formou-se ra­pi­da­mente numa enorme mul­tidão po­pular, a qual, se­gundo a Eu­ropa Press e a Russia Today, foi im­pe­dida por um forte con­tin­gente po­li­cial de se apro­ximar do centro de Reyhanli, onde, no sá­bado, 11, de acordo com nú­meros ofi­ciais, um aten­tado vi­timou 51 pes­soas e deixou mais de 100 fe­ridos.

A ma­ni­fes­tação con­vo­cada para re­pu­diar o apoio dado pelo go­verno turco aos grupos ar­mados e a uma in­ter­venção mi­litar es­tran­geira na Síria, em so­li­da­ri­e­dade para com as ví­timas e em de­fesa do apu­ra­mento da ver­dade sobre a vi­o­lência ter­ro­rista, acabou em con­frontos quando as forças re­pres­sivas im­pe­diram que a marcha se apro­xi­masse do local onde ex­plo­diram os ar­te­factos.

Pelo menos 17 par­ti­ci­pantes na ini­ci­a­tiva aca­baram de­tidos por res­pon­derem com paus e pe­dras aos dis­paros de gra­nadas de gás la­cri­mo­géneo e balas de tinta, e ao uso de ca­nhões de água por parte dos uni­for­mi­zados.

TKP es­cla­rece

En­tre­tanto, o Par­tido Co­mu­nista da Tur­quia (TKP) di­vulgou uma nota na qual es­cla­rece que o total de ví­timas dos aten­tados em Reyhanli su­pera a cen­tena, se­gundo fontes clí­nicas, e acusa o go­verno do AKP e o pri­meiro-mi­nistro Recep Er­dogan de se­me­arem acu­sa­ções in­fun­dadas contra o re­gime sírio, res­pon­sa­bi­li­zando-o por vín­culos a uma or­ga­ni­zação ar­mada filo-alauíta que, ale­ga­da­mente, teria com a in­ten­tona o duplo pro­pó­sito de sa­botar o pro­cesso de paz com os curdos na Tur­quia e ar­rastar o país para o con­flito vi­zinho.

A ver­dade é que o povo de An­tió­quia, e em par­ti­cular os re­si­dentes de Reyhanli, há muito sabem e vêem a cum­pli­ci­dade entre An­cara e os bandos de mer­ce­ná­rios (Exér­cito Sírio Livre e Frente al-Nusra), que cir­culam li­vre­mente e têm na pro­víncia de Hatay o mais im­por­tante ponto de apoio para a guerra que de­sen­ca­deiam na Síria com con­sequên­cias trá­gicas. Prova disso é que, es­cassas horas após as ex­plo­sões, os turcos ex­pres­saram na­quela pro­víncia do Sul do ter­ri­tório o seu re­púdio para com a po­lí­tica de Er­dogan, in­di­cando-o como prin­cipal cul­pado pelo su­ce­dido e exi­gindo a sua de­missão, re­lata o TKP. Ma­ni­fes­ta­ções se­me­lhantes ocor­reram igual­mente no do­mingo, 12, em Is­tambul, An­kara, Mersin, Es­kişehir e İzmir.

No texto dis­po­nível no so­lidnet.org, o Par­tido Co­mu­nista da Tur­quia re­vela também que as au­to­ri­dades turcas apres­saram-se a re­mover os es­com­bros das ex­plo­sões, sem mesmo per­mitir que fossem re­co­lhidos ele­mentos ca­pazes de aclarar a au­toria dos aten­tados.

A agressão im­pe­ri­a­lista à Síria dura há mais de dois anos, e ainda que as au­to­ri­dades de Da­masco te­nham nas úl­timas se­manas con­se­guido varrer os mi­li­ci­anos de im­por­tantes ci­dades, a tác­tica do terror pros­segue com aten­tados e exe­cu­ções por parte dos bandos ar­mados. O vídeo, di­vul­gado a se­mana pas­sada, de um jiha­dista a comer os ór­gãos de um sol­dado sírio é imagem da ameaça que de­fronta o povo sírio, cujo pre­si­dente, Bashar al-Assad, rei­tera que a ren­dição não é opção, muito menos face à com­pro­vada in­ge­rência das prin­ci­pais po­tên­cias ca­pi­ta­listas, cuja in­ter­rupção de­ter­mi­naria o es­go­ta­mento do con­flito, ga­rantem os sí­rios.



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