- Nº 2061 (2013/05/30)
Ligação ferroviária Porto-Vigo

A caminho de sítio nenhum

PCP

O PCP acusa o Governo português de desprezar as imensas possibilidades que traria para o Norte do País uma ligação ferroviária Porto-Vigo moderna e com todas as valências.

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Num comunicado de dia 21 de Maio, a Direcção da Organização Regional do Porto do Partido lamenta que a recente cimeira Luso-Espanhola, no que à ligação ferroviária Porto-Vigo diz respeito, se tenha limitado a concluir o que é uma evidência: que se trata de uma linha obsoleta, com um tempo de percurso de cerca de três horas e meia, carruagens com dezenas de anos e sem condições para o transporte de passageiros. Em suma, uma via de comunicação «atractivamente nula». Para o PCP, a evidência bem pode ter sido constatada, mas quanto às medidas anunciadas, «estão longe de corresponder ao que as potencialidades desta região há muito reclamam».

Considerando que as expectativas existentes em torno desta cimeira saíram goradas, o PCP rejeita ainda o facto de terem sido «desprezados todos os estudos desenvolvidos e abandonados os objectivos definidos ao longo dos anos». A linha Porto-Vigo, lembra a DORP no seu comunicado, chegou a ser considerada «uma das prioridades no projecto europeu da rede de alta velocidade», pelo que lhe foi atribuído um importante financiamento comunitário. As alterações agora propostas desvirtuam os objectivos definidos durante muitos anos e constituem soluções de escasso âmbito, acrescenta o PCP.

A milhas das necessidades

De imediato, esclarece o Partido, haverá uma redução do tempo de percurso derivado ao facto de a ligação Porto-Vigo passar a ser directa, sem qualquer paragem intermédia. Tal medida tem como consequência a exclusão de importantes centros populacionais e económicos da utilização deste meio de transporte. Ao que tudo indica, tendo em conta o veiculado na imprensa, o propósito é atingir em 2016 uma ligação tipo Intercidades, o que é, para o PCP, um «objectivo de muito pouca ambição e visão, incapaz de rentabilizar todas as potencialidades e de servir as reais necessidades da região e do País».

Para além da modernização e electrificação da linha Porto-Vigo, o PCP defende ainda a sua dotação com carruagens atractivas e confortáveis e a sua integraão na rede de bitola europeia. Esta seria uma alteração tanto mais importante num momento em que Espanha está a proceder à migração da bitola ibérica para a bitola europeia, pelo que a região Norte do País corre o «sério risco de ficar isolada em termos de ligações ferroviárias ao resto da Europa».

O PCP rejeita ainda a intenção de utilizar a linha apenas para o transporte de passageiros, defendendo que a ligação «aos pólos de desenvolvimento e à vertente de transporte de mercadorias deveria ser contemplada». A região conta com duas importantes infra-estruturas, o Aeroporto do Porto e o Porto de Leixões, cujo aproveitamento «assume grande importância para o seu desenvolvimento». Algo a que a solução anunciada não dá resposta.