CGTP-IN convoca greve de todos para dia 27

A resposta necessária

Num mo­mento mar­cado por inú­meras ini­ci­a­tivas de re­sis­tência e rei­vin­di­cação, a In­ter­sin­dical con­vocou para 27 de Junho uma greve geral, con­si­de­rando que esta «é a res­posta ne­ces­sária à grave si­tu­ação em que o País está mer­gu­lhado».

Todos os atin­gidos têm ra­zões para apoiar e fazer a greve geral

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A de­cisão foi to­mada na sexta-feira, por una­ni­mi­dade e acla­mação, numa reu­nião ex­tra­or­di­nária do Con­selho Na­ci­onal da CGTP-IN, o qual se afirmou «con­victo de que a greve geral vai ter a adesão de todos os que estão a ser ví­timas da po­lí­tica do Go­verno do PSD/​Passos Co­elho e do CDS/​Paulo Portas, porque há dez mi­lhões de ra­zões para apoiar e fazer a greve».

Na re­so­lução do CN re­a­firma-se a ava­li­ação muito ne­ga­tiva da acção do ac­tual Go­verno e do me­mo­rando que foi as­si­nado com a troika dos cre­dores es­tran­geiros pelo seu an­te­cessor (PS/​Só­crates) e pelos par­tidos que estão há dois anos no poder. A Inter con­si­dera que «Por­tugal está de­vas­tado eco­nó­mica e so­ci­al­mente» e que «os pro­blemas es­tru­tu­rais do País agra­varam-se», com um Go­verno «cuja opção de classe ori­enta a sua acção para a con­ti­nu­ação e apro­fun­da­mento da po­lí­tica de di­reita, as­sente em me­didas ul­tra­li­be­rais de agra­va­mento da ex­plo­ração e do em­po­bre­ci­mento dos tra­ba­lha­dores, para sa­tis­fazer os in­te­resses dos grupos eco­nó­micos na­ci­o­nais e ca­na­lizar os re­cursos ob­tidos pela força de tra­balho para a es­pe­cu­lação fi­nan­ceira».
«A ofen­siva é contra todos», sa­li­enta a cen­tral, re­cor­dando me­didas já to­madas ou em pre­pa­ração:

- contra os tra­ba­lha­dores do sector pri­vado, «con­forme consta ex­pres­sa­mente no re­la­tório ela­bo­rado pela OCDE a pe­dido do Go­verno» e que pre­co­niza maior fa­ci­li­tação dos des­pe­di­mentos e novos cortes nas in­dem­ni­za­ções e no sub­sídio de de­sem­prego; mais cortes nas pen­sões de re­forma; con­ti­nu­ação da re­dução do poder de compra dos sa­lá­rios, a não ac­tu­a­li­zação do SMN e a de­la­pi­dação da con­tra­tação co­lec­tiva; au­mento dos im­postos (IVA e IMI) e dos preços de bens e ser­viços es­sen­ciais, como a ha­bi­tação, a elec­tri­ci­dade e a água;
- contra os tra­ba­lha­dores do sector em­pre­sa­rial do Es­tado, porque ataca os acordos de em­presa, prevê a re­dução, entre ou­tros, do sub­sídio de re­feição, e também a di­mi­nuição do valor pago por tra­balho noc­turno e de turnos, com im­pactos pro­fun­da­mente ne­ga­tivos na re­tri­buição mensal, e põe em causa di­reitos ele­men­tares;
- contra os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, con­fron­tados com o maior des­pe­di­mento co­lec­tivo de sempre (sob a capa da não re­no­vação de con­tratos, das res­ci­sões e da mo­bi­li­dade), com o au­mento dos ho­rá­rios de tra­balho e a re­dução dos sa­lá­rios e das pen­sões;
- contra a po­pu­lação, em geral, porque a re­dução dos ser­viços na Ad­mi­nis­tração Pú­blica impõe a li­mi­tação do acesso à saúde e à edu­cação, põe o povo a pagar mais e a ter ser­viços pú­blicos de menor qua­li­dade, di­minui a pro­tecção so­cial.

De­pois de re­a­firmar que «há so­lu­ções para o País» e «é ur­gente pôr o Go­verno na rua e re­clamar elei­ções an­te­ci­padas», a CGTP-IN lembra «a gran­diosa con­cen­tração de 25 de Maio, em Belém», como «uma das mais vi­brantes e com­ba­tivas jor­nadas de luta re­a­li­zadas nos úl­timos anos», que «evi­den­ciou o alar­ga­mento da base de mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores e do povo e o seu com­pro­misso para pros­se­guir e in­ten­si­ficar a luta con­ver­gente».
Ao saudar as lutas mais re­centes de tra­ba­lha­dores e ou­tras ca­madas po­pu­lares, pela de­fesa dos seus di­reitos e por me­lhores con­di­ções de vida, a CGTP-IN des­taca a jor­nada que de­correu «em mi­lhares de em­presas e lo­cais de tra­balho», na vés­pera da reu­nião, mar­cando o pri­meiro fe­riado rou­bado.

Frente Comum

A Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, cujos ór­gãos já ti­nham de­ci­dido con­vocar uma greve em Junho e re­a­lizá-la na mesma data em que vi­esse a ser con­vo­cada uma greve geral pela CGTP-IN, con­gra­tulou-se com a de­cisão to­mada dia 31. Num co­mu­ni­cado emi­tido pouco de­pois da con­fe­rência de im­prensa da cen­tral, a Frente Comum lembra os ob­jec­tivos que mais di­rec­ta­mente têm a ver com o sector, com os quais a In­ter­sin­dical se iden­ti­fica, e afirma que os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica «também co­mungam dos ob­jec­tivos mais ge­rais, que jus­ti­ficam a luta que tem vindo e vai con­ti­nuar a ser de­sen­vol­vida até e após a greve geral».
O apelo ao alar­ga­mento e en­du­re­ci­mento da luta foi re­no­vado an­te­ontem, num ple­nário de re­pre­sen­tantes re­a­li­zado frente ao Mi­nis­tério das Fi­nanças, onde teve lugar mais uma série de reu­niões entre sin­di­catos e Go­verno.


PCP saúda

«Têm mil ra­zões os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses e a sua cen­tral sin­dical, a CGTP-IN, que hoje anun­ci­aram uma greve geral para o pró­ximo dia 27 de Junho e que desde já sau­damos, porque esta é uma res­posta ne­ces­sária para pôr fim à vaga de ter­ro­rismo so­cial que está em curso. A res­posta ne­ces­sária vi­sando pôr fim a esta po­lí­tica de ruína e der­rotar este Go­verno de de­sastre na­ci­onal!
Este tempo que vi­vemos é um tempo de grandes com­bates e muitas ta­refas. É hora de pre­parar o com­bate elei­toral que temos pela frente, mas é hora também de cerrar fi­leiras e unir es­forços, von­tades e co­ragem para con­cre­tizar, tão de­pressa quanto for pos­sível, o ob­jec­tivo de pôr fim a esta vaga de ter­ro­rismo so­cial, com a de­missão deste Go­verno e com a re­jeição do pacto de agressão!».

Je­ró­nimo de Sousa, Se­cre­tário-geral do PCP,
no co­mício da CDU no Seixal, 31 de Maio




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