Lutas convergem para 27 de Junho

Greve geral a crescer

Os motivos para o protesto dos trabalhadores são tão fortes, que nem os TSD conseguem apelar a que não façam greve os inscritos no partido do Governo.

Foi entregue o pré-aviso e a adesão é ratificada em plenários

Depois de uma delegação da CGTP-IN ter entregue o pré-aviso de greve geral no Ministério da Economia e do Emprego, na sexta-feira, Arménio Carlos disse aos jornalistas que a central prevê que haja uma grande adesão, no dia 27. O Secretário-geral da Intersindical apontou três razões: «em primeiro lugar, muitos dos trabalhadores que votaram no PSD e CDS já perceberam que esta política beneficia os grandes grupos económicos e financeiros e penaliza os trabalhadores; segundo, porque as pessoas já perceberam que esta greve vai procurar avançar com propostas para os problemas do País; e, em terceiro, porque esta greve é também pela defesa da dignidade», disse Arménio Carlos.

No dia seguinte, a agência Lusa divulgou um comunicado, saído da reunião do Conselho Nacional dos TSD (organização autónoma que reúne dirigentes do PSD com intervenção na área sindical e laboral), no qual se reconhece que «existem fortes motivos de insatisfação por parte dos trabalhadores portugueses, nomeadamente ao nível da Administração Pública, e partilham, também, das gravosas consequências que as políticas de austeridade ditadas pela situação difícil em que Portugal se encontra têm causado aos trabalhadores do nosso País». Daí concluem que, «sendo a greve um exercício de um direito individual deve, cada trabalhador, ponderar, com serenidade e sem quaisquer pressões, a sua adesão ou não».
Dificuldades como as desta corrente, que não consegue sair abertamente em defesa do seu próprio partido, colocam-se à própria UGT, que também apresentou um pré-aviso de greve geral para 27 de Junho.
Sem deixar de valorizar a convergência e a unidade na acção de diferentes estruturas e sempre salientando que a greve geral é dos trabalhadores, Arménio Carlos salientou, no dia 7, as duas questões que distinguem os dois pré-avisos de greve: a recusa dos conteúdos da legislação laboral, que resultam do «Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego», assinado pela UGT, e que emanam do memorando da troika; e a exigência da demissão do Governo e de convocação de eleições antecipadas.

Firme na luta

Ao contrário da sugestão hipócrita do primeiro-ministro, a propósito da greve dos professores no dia 17, as lutas de trabalhadores não pararam à espera do dia da greve geral. Em inúmeros casos, as greves e plenários estão a propiciar a aprovação de moções e resoluções que expressam o compromisso colectivo de voltar a parar de hoje a duas semanas.

No Metropolitano de Lisboa, que parou durante todo o dia 30 de Maio, realizou-se no dia 6 um plenário geral, onde os trabalhadores aprovaram por unanimidade aderir à greve geral. Citada pela Lusa, Anabela Carvalheira revelou que a Fectrans/CGTP-IN iria entregar no dia seguinte o pré-aviso – tal como outras estruturas estão a fazer, acrescentando motivos sectoriais e de empresas às razões gerais da Inter – e avisou que o Governo não poderá exigir serviços mínimos, pois não se trata de uma «necessidade social impreterível» e o funcionamento do Metro sem todo o pessoal pode pôr em causa a segurança da circulação.

No dia 7, em Lisboa, realizou-se uma reunião de organizações de trabalhadores do sector de transportes e comunicações. A Fectrans informou no próprio dia que foi aprovada uma declaração conjunta, contendo um forte apelo à participação na greve geral, que contava já com 32 adesões.

Mas já no dia 30 de Maio, na véspera da reunião do Conselho Nacional da CGTP-IN, que convocou a greve geral para 27 de Junho, os trabalhadores dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra tinham manifestado, em plenário, a sua disponibilidade para aderirem a essa forma de luta.

 


Compromisso das CT

O Plenário Nacional de Comissões de Trabalhadores, que se realizou dia 7, no Porto, com duas centenas de participantes, recordou que as CT e sub-CT «têm afirmado o seu “não” a esta política», a qual está na origem de «uma intensa conflitualidade laboral», e declarou a adesão à greve geral, «na continuidade dessa luta». Na resolução aprovada, os eleitos assumem «o compromisso do seu envolvimento na dinamização e esclarecimento dos trabalhadores que representam, para que esta jornada seja coroada de êxito».
Para a greve geral e para as próximas lutas, o plenário nacional aprovou a exigência de «imediata demissão do Governo e devolução da voz ao povo, para uma política alternativa, com vista a uma solução governativa que assegure: o aumento dos salários reais; o aumento imediato do salário mínimo nacional; a devolução aos trabalhadores dos direitos e regalias roubados; o fim dos despedimentos; medidas de implementação do emprego; a retoma da produção nacional; serviços públicos de qualidade; a defesa da soberania nacional; maior protecção dos representantes dos trabalhadores no exercício das suas funções e que sejam asseguradas, nas empresas, as liberdades fundamentais à sua participação na vida destas e na defesa dos seus interesses de classe».
No final, os participantes no plenário desfilaram desde a Casa Sindical da USP/CGTP-IN até à estação ferroviária da Campanhã.




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