Contestação no Brasil força mudanças

Luta por justiça social

Par­tidos re­vo­lu­ci­o­ná­rios, pro­gres­sistas e de es­querda, or­ga­ni­za­ções sin­di­cais e mo­vi­mentos so­ciais, num total de 76 es­tru­turas, reu­niram-se, sexta-feira, 21, em São Paulo, para ana­lisar os pro­testos ocor­ridos nas úl­timas duas se­manas.

As rei­vin­di­ca­ções dos ma­ni­fes­tantes ga­nharam pri­o­ri­dade na­ci­onal

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Entre os par­ti­ci­pantes no ple­nário es­ti­veram o Mo­vi­mento dos Tra­ba­lha­dores Ru­rais Sem Terra, a União Na­ci­onal dos Es­tu­dantes, a União da Ju­ven­tude So­ci­a­lista, a Cen­tral dos Tra­ba­lha­dores e Tra­ba­lha­doras do Brasil, a Cen­tral Única dos Tra­ba­lha­dores, a Cen­tral Geral dos Tra­ba­lha­dores do Brasil, o Par­tido dos Tra­ba­lha­dores, o Par­tido Co­mu­nista do Brasil (PCdoB), o Par­tido Co­mu­nista Bra­si­leiro (PCB), o Par­tido So­ci­a­lista dos Tra­ba­lha­dores Uni­fi­cado, o Par­tido So­ci­a­lismo e Li­ber­dade, o Par­tido da Causa Ope­rária, o Par­tido So­ci­a­lista Bra­si­leiro e o Par­tido Pá­tria Livre.
Se­gundo in­for­ma­ções vei­cu­ladas pelo ver­melho.org.br, sítio do PCdoB, os pre­sentes dis­cu­tiram a po­li­ti­zação dos pro­testos e formas de im­pedir a sua ma­ni­pu­lação por sec­tores re­ac­ci­o­ná­rios e de cariz fas­cista e por bandos cri­mi­nosos, bem como os ca­mi­nhos a se­guir para que a le­gí­tima luta rei­vin­di­ca­tiva abra ca­minho a res­postas con­se­quentes não apenas na questão dos trans­portes e mo­bi­li­dade, mas também, em re­lação às exi­gên­cias po­pu­lares de me­lhor ha­bi­tação e de uma re­forma ur­bana, de de­mo­cra­ti­zação do acesso à terra, com­bate à de­si­gual­dade so­cial ou me­lhoria dos ser­viços pú­blicos de edu­cação e saúde.
No mesmo dia, a pre­si­dente Dilma Rous­seff fez uma co­mu­ni­cação ao país, con­si­de­rando que «as ma­ni­fes­ta­ções (...) trou­xeram im­por­tantes li­ções». As ta­rifas bai­xaram [na quarta-feira a mai­oria das ci­dades bra­si­leiras re­cuou nos au­mentos dos preços dos trans­portes que es­ti­veram na base das mo­vi­men­ta­ções de massas, n.d.r.] e as rei­vin­di­ca­ções dos ma­ni­fes­tantes ga­nharam pri­o­ri­dade na­ci­onal.
«Temos que apro­veitar o vigor das ma­ni­fes­ta­ções para pro­duzir mais mu­danças que be­ne­fi­ciem o con­junto da po­pu­lação», acres­centou Dilma Rous­seff, antes de sa­li­entar que não po­demos per­mitir que «a vi­o­lência nos faça perder o rumo», caso con­trário «es­ta­remos não apenas a des­per­diçar uma grande opor­tu­ni­dade his­tó­rica, mas a deitar muita coisa a perder.»
«O Brasil lutou muito para se tornar um país de­mo­crá­tico. Agora está lu­tando para se tornar um país mais justo», ad­mitiu ainda a man­da­tária, que anun­ciou me­didas como a ca­na­li­zação de 100 por cento dos royal­ties do pe­tróleo para a edu­cação, um plano na­ci­onal de mo­bi­li­dade e a con­tra­tação de mé­dicos es­tran­geiros para as uni­dades de ur­gência, e ga­rantiu que o di­nheiro gasto nos es­tá­dios de fu­tebol não afectou os or­ça­mentos da edu­cação e saúde.
In­for­ma­ções di­fun­didas por agên­cias no­ti­ci­osas es­timam que entre um mi­lhão e mi­lhão e meio de pes­soas te­nham saído às ruas em de­zenas de ci­dades bra­si­leiras na quinta-feira, 20. Na sua es­ma­ga­dora mai­oria, os pro­testos foram or­deiros, só tendo de­ge­ne­rado em con­frontos, pi­lha­gens e actos de van­da­lismo contra edi­fí­cios pú­blicos (no Rio de Ja­neiro, na área me­tro­po­li­tana e ci­dade de São Paulo, em Bra­sília, Vi­tória, Belém, Porto Alegre ou Sal­vador, por exemplo) por acção de grupos cri­mi­nosos e fas­cistas, e no con­texto de nova re­acção des­pro­por­ci­o­nada da po­lícia [a Ordem dos Ad­vo­gados do Brasil atesta estes factos e o PCB emitiu mesmo uma nota in­ti­tu­lada «Toda a força ao mo­vi­mento po­pular! Não ao Fas­cismo!].
Ma­ni­fes­tantes pa­cí­ficos os­ten­tando ban­deiras de par­tidos de es­querda foram agre­didos e alvo de ten­ta­tivas de ex­pulsão das mul­ti­dões. Muitos dos par­ti­ci­pantes nas mar­chas ou­vidos por ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial lo­cais de­nun­ci­aram a vi­o­lência e as pro­vo­ca­ções re­a­li­zadas por ban­didos e in­fil­trados, vol­taram a cri­ticar as ini­ci­a­tivas po­li­ciais e acu­saram al­gumas es­ta­ções de te­le­visão e a im­prensa con­ser­va­dora de darem uma visão dis­tor­cida dos acon­te­ci­mentos.O Mo­vi­mento Passe Livre, pro­motor ini­cial da con­tes­tação, de­marcou-se de novas con­vo­ca­tó­rias, con­denou os ata­ques e a vi­o­lência, e lem­brou que no seu seio cabem in­de­pen­dentes e mi­li­tantes de par­tidos, mas não ele­mentos que se ma­ni­festem anti-par­tidos e pela im­po­sição au­to­ri­tária da ordem.



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