A organização judaica de defesa dos direitos-humanos B’Tselem acusa os militares israelitas na Cisjordânia de violação das normas que impedem a detenção de menores de 12 anos ao prenderem Maswade Wadi, de cinco anos.
A criança foi detida no dia 9 de Julho pelas tropas de Israel, acusada do apedrejamento do automóvel de um colono israelita, junto a um posto de controlo na Tumba dos Patriarcas, na cidade de Hebron, Cisjordânia.
A notícia teria passado quase despercebida não fora a amplificação proporcionada por um vídeo posto a circular nas redes sociais pela conhecida organização israelita de direitos humanos B’Tselem. O vídeo teve um efeito viral nas redes sociais e lançou a mais viva indignação em todo o Mundo. Estava em causa a violação da própria legislação israelita que, segundo Jessica Montel, directora executiva da B’Tselem, proíbe a detenção ou prisão de menores de 12 anos, ainda que suspeitos de terem cometido crimes.
O vídeo mostrava o desespero da criança puxada pelo braço por um militar israelita que, indiferente ao choro do pequeno Wadi, o encaminhava para um jipe. Ainda segundo a mesma organização a criança palestiniana terá sido detida em sua casa, juntamente com o seu pai, levados para o posto de controlo, onde foram interrogados e permaneceram, no caso do pai, algemado e de olhos vendados algum tempo, até serem entregues às forças de segurança palestinianas e libertados depois. Mais tarde, entrevistado por um canal de televisão, a criança explicou que tinha atirado a pedra a um cão, mas que involuntariamente atingiu um carro.
Segundo a organização israelita de direitos-humanos, mais de 150 casos semelhantes ocorreram entre Janeiro e Maio deste ano, uma violação clara da lei pelos militares que na Cisjordânia funcionam como guardas dos colonatos construídos naquele território ocupado. O aumento indiscriminado de colonatos naquele território, que duplicaram nos últimos 12 anos apesar dos protestos da comunidade internacional, está na origem das violações quotidianas dos direitos humanos na região. É pelo menos essa a conclusão de um relatório de 2013, realizado por analistas independentes (a magistrada francesa Christine Chanet, a paquistanesa Asma Jahangir e a botsuanesa Unity Dow) e solicitado pelo Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. O documento defende o fim da instalação de colonatos, além do desmantelamento dos existentes, que, segundo dados da ONU, abrigam mais de 450 mil israelitas na Cisjordânia, 200 mil das quais em Jerusalém Oriental.