PCP contra cortes cegos
e reestruturação permanente

Alternativa na Defesa

«Por­tugal não pode con­ti­nuar su­jeito aos ca­len­dá­rios po­lí­ticos das grandes po­tên­cias da NATO e de ou­tras agên­cias a ela li­gadas», su­bli­nhou Rui Fer­nandes, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral do PCP, an­te­ontem.

O pacto de agressão está a es­tender-se às Forças Ar­madas

Em con­fe­rência de im­prensa, sobre a acção do Go­verno e a si­tu­ação ac­tual na área da De­fesa Na­ci­onal e Forças Ar­madas, Rui Fer­nandes con­si­derou que, «mais do que os cortes cegos e a des­gas­tante po­lí­tica de re­es­tru­tu­ração per­ma­nente, a que os go­vernos do PS e do PSD/​CDS têm su­jei­tado as Forças Ar­madas e os mi­li­tares nestes úl­timos anos», é ne­ces­sário «um pen­sa­mento es­tra­té­gico su­bor­di­nado ao in­te­resse na­ci­onal, que pro­jecte o ne­ces­sário re­di­men­si­o­na­mento e ra­ci­o­na­li­zação da es­tru­tura mi­litar, num quadro de evo­lução pro­gres­siva, sem so­bres­saltos no plano fun­ci­onal e ope­ra­ci­onal, sem cortes ge­ra­ci­o­nais abruptos no que res­peita ao en­qua­dra­mento legal da con­dição mi­litar».

Na acção do Go­verno nesta área o Par­tido aponta dois as­pectos es­sen­ciais:

- «a con­ti­nui­dade na de­sor­ga­ni­zação e na de­ses­tru­tu­ração das Forças Ar­madas, agora sob o signo da cha­mada De­fesa 2020»;

- «a con­ti­nuada ofen­siva contra a Con­dição Mi­litar, vi­sando o en­fra­que­ci­mento do seu vín­culo».

A «re­es­tru­tu­ração per­ma­nente» é ina­cei­tável e não tem jus­ti­fi­cação, à luz dos in­te­resses e ne­ces­si­dades na­ci­o­nais. A tí­tulo de exemplo, foi re­fe­rida a in­tenção do Go­verno de al­terar a Lei de De­fesa Na­ci­onal, apro­vada em 2009, e a Lei Or­gâ­nica do Mi­nis­tério da De­fesa Na­ci­onal (LOMDN), apro­vada em De­zembro de 2011.

Com a De­fesa 2020, o Go­verno «anun­ciou um pro­cesso de re­es­tru­tu­ração que não é se­ri­a­mente con­cre­ti­zável», porque afirma não ter con­di­ções para fazer o cor­res­pon­dente in­ves­ti­mento. Para o PCP, «a De­fesa 2020, tal como o Con­ceito Es­tra­té­gico de De­fesa Na­ci­onal, são “para NATO ver”, tal é o seu des­fa­sa­mento da re­a­li­dade». Rui Fer­nandes citou, como exemplo, a «ca­pa­ci­dade an­fíbia, na­vios de pa­trulha oceâ­nica e de fis­ca­li­zação cos­teira», que se re­fere na re­so­lução do Con­selho de Mi­nis­tros sobre a De­fesa 2020. Ora, «o Go­verno can­celou todos os pro­jectos nesta área, fe­chou os Es­ta­leiros Na­vais de Viana do Cas­telo e es­tran­gulou o Ar­senal do Al­feite», o que leva a ques­ti­onar de que fa­lará aquela re­so­lução. O mesmo, acres­centou o di­ri­gente co­mu­nista, aplica-se à Força Aérea, «for­te­mente de­bi­li­tada na ca­pa­ci­dade de cum­prir as mis­sões (de­sig­na­da­mente as de in­te­resse pú­blico, como re­sul­tado, entre ou­tros as­pectos, dos cortes or­ça­men­tais que se fazem sentir) e na qua­li­fi­cação de novos pi­lotos do quadro per­ma­nente, com graves con­sequên­cias no fu­turo ope­ra­ci­onal deste ramo».

A De­fesa 2020 e o CEDN «têm também sub­ja­cente o ob­jec­tivo de agravar a nossa de­pen­dência face à NATO e a países ter­ceiros», «na sequência do que já se ve­ri­fica, no plano po­lí­tico e eco­nó­mico, com o pacto de agressão». Para o PCP, «as ali­anças só são ve­ri­fi­cá­veis quando os in­te­resses dos países são con­ver­gentes e só nessa si­tu­ação pode haver par­tilha, mas nunca de as­pectos fun­da­men­tais da nossa so­be­rania».

 

A missão

«É ne­ces­sário re­lem­brar que, ao con­trário do que a “nova dou­trina” pro­cura in­duzir, a razão pri­meira da exis­tência das nossas Forças Ar­madas não é a “pro­dução de se­gu­rança” in­ter­na­ci­onal e a par­ti­ci­pação em or­ga­ni­za­ções ou forças mul­ti­na­ci­o­nais, mas sim a exi­gência do cum­pri­mento do prin­cípio cons­ti­tu­ci­onal da “de­fesa mi­litar da Re­pú­blica”. A or­ga­ni­zação e a es­tru­tura das nossas Forças Ar­madas devem as­sentar no prin­cípio de que a sua missão fun­da­mental é ga­rantir a so­be­rania do Es­tado, a in­de­pen­dência na­ci­onal e a in­te­gri­dade ter­ri­to­rial.»




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