GOVERNO DE DESASTRE NACIONAL

«A cada dia que passa, mais são as ra­zões para exigir a de­missão deste Go­verno»

No dis­curso que pro­feriu no Pontal, no sá­bado pas­sado, Passos Co­elho fartou-se de falar de uns si­nais po­si­tivos, anun­ci­a­dores de um novo ciclo pre­nun­ci­ador da saída da crise - o que, con­cluiu sem pes­ta­nejar, mos­trava que va­leram a pena os sa­cri­fí­cios feitos pelo povo por­tu­guês e que estes êxitos todos eram a con­fir­mação de que es­tamos no bom ca­minho

Tra­du­zido este pa­la­vreado re­cor­rente, o que pode con­cluir-se – sem sur­presa, aliás - é que o Go­verno PSD/​CDS se pre­para para dar novos passos no ca­minho de de­sastre que fez chegar Por­tugal e os por­tu­gueses à dra­má­tica si­tu­ação em que se en­con­tram. E que pre­para mais uma dose de novos e bru­tais sa­cri­fí­cios para os tra­ba­lha­dores e o povo, mais uma ofen­siva de des­truição da vida de mi­lhões de por­tu­gueses – com mais e mais roubos, pers­pec­ti­vados para o pró­ximo ano, nas pen­sões de re­forma aos pen­si­o­nistas; com mais e mais as­saltos a sa­lá­rios e ren­di­mentos dos tra­ba­lha­dores; com mais e mais de­sem­prego, de­sig­na­da­mente com o anun­ciado des­pe­di­mento de 40 mil tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica; com mais pre­ca­ri­e­dade, mais tra­balho sem di­reitos, mais ex­plo­ração; com mais cortes de mi­lhares de mi­lhões de euros na saúde, na edu­cação, na pro­tecção so­cial na do­ença e no de­sem­prego; com mais e mais alas­tra­mento dos dramas so­ciais, da po­breza, da mi­séria, da fome; com mais um Or­ça­mento de Es­tado car­re­gado de mais-do-mesmo: re­cessão, fa­lên­cias, de­sem­prego, afun­da­mento do País; com mais perda da so­be­rania e da in­de­pen­dência de Por­tugal - em re­sumo: com mais e mais be­ne­fí­cios e lu­cros para o grande ca­pital, à custa da ex­plo­ração de­sen­freada dos tra­ba­lha­dores e do em­po­bre­ci­mento do povo.

Tudo isto, in­sista-se, feito com pro­vo­cador des­prezo pela Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa e, como fez o pri­meiro-mi­nistro no Pontal, ame­a­çando e chan­ta­ge­ando o Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal, numa pos­tura fora da lei, a qual, por si só, jus­ti­fi­caria a de­missão deste Go­verno – se o Pre­si­dente da Re­pú­blica, de uma vez por todas, cum­prisse o ju­ra­mento que fez de, pela sua honra, cum­prir e fazer cum­prir a Cons­ti­tuição.

«Estamos mais uma vez no do­mínio da mis­ti­fi­cação e da men­tira», disse o Se­cre­tário-geral do PCP, no do­mingo, em Mér­tola, co­men­tando e des­mon­tando in­ci­si­va­mente o acto de pro­pa­ganda do pri­meiro-mi­nistro. E acres­centou que, «a cada dia que passa, mais são as ra­zões para exigir a de­missão deste Go­verno, mais ne­ces­sário e ur­gente se torna der­rotar de­fi­ni­ti­va­mente um go­verno que, sendo já do pas­sado, não pára de des­truir o fu­turo do País e dos por­tu­gueses».

Com efeito, a de­missão do Go­verno e a re­a­li­zação de elei­ções an­te­ci­padas ca­minho que a Lei Fun­da­mental do País aponta e que o povo e os tra­ba­lha­dores exigem – con­tinua a apre­sentar-se como um im­pe­ra­tivo na­ci­onal e um in­con­tor­nável ob­jec­tivo de luta com vista à der­rota da po­lí­tica de di­reita.

E, como a re­a­li­dade mostra, os pro­ta­go­nistas dessa po­lí­tica não olham a meios para atingir os fins. É nessa prá­tica ma­ni­pu­la­dora e mis­ti­fi­ca­dora que se in­sere a ma­nobra em curso vi­sando o adi­a­mento, para de­pois das elei­ções au­tár­quicas de 29 de Se­tembro, da pró­xima ava­li­ação da troika ocu­pante, uma ava­li­ação que, como é da praxe, vai trazer mais sa­cri­fí­cios para a mai­oria dos por­tu­gueses – sa­cri­fí­cios de que não querem falar antes das elei­ções para po­derem captar, com as ha­bi­tuais men­tiras, o voto dos elei­tores.

E que dizer do facto de o PS ter aban­do­nado a exi­gência de elei­ções an­te­ci­padas, se não que esse aban­dono tem tudo a ver com o papel de pri­meiro plano que esse par­tido tem de­sem­pe­nhado, ao longo dos úl­timos trinta e sete anos, na apli­cação e na de­fesa da po­lí­tica de di­reita, e tem tudo a ver com a li­gação um­bi­lical do PS ao pacto das troikas, do qual foi o pri­meiro as­si­nante, de­vi­da­mente aco­li­tado pelo PSD e pelo CDS?

«A luta não pode parar», in­sistiu o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa, na in­ter­venção acima re­fe­rida.

E essa é a questão cen­tral que se co­loca quando se aponta a ne­ces­si­dade im­pe­riosa e ur­gente de pôr termo à po­lí­tica das troikas e de con­quistar a ne­ces­sária po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda, ao ser­viço dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País: é a luta das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares, com a sua di­na­mi­zação, o seu re­forço e alar­ga­mento, com o seu de­sen­vol­vi­mento a partir das em­presas e lo­cais de tra­balho e em torno de pro­blemas con­cretos, que abrirá o ca­minho para que tais ob­jec­tivos sejam al­can­çados.

Outra im­por­tante frente de luta no mo­mento ac­tual é a que se prende com as elei­ções au­tár­quicas, que cons­ti­tuem uma ba­talha po­lí­tica não apenas no plano local mas igual­mente no plano na­ci­onal. Uma ba­talha que in­tegra a luta contra a po­lí­tica das troikas e em que há que lem­brar que as au­tar­quias lo­cais têm sido ob­jecto de su­ces­sivos ata­ques da po­lí­tica de di­reita e dos go­vernos que a pra­ticam – e não dei­xando es­quecer que o pacto de agressão as­si­nado pelo PS, o PSD, o CDS com a troika ocu­pante, fez do poder local de­mo­crá­tico um dos seus alvos pre­fe­ren­ciais.

A CDU tem muitas ra­zões para travar esta ba­talha com grande con­fi­ança – e entre essas ra­zões avulta o re­co­nhe­ci­mento das po­pu­la­ções pelo tra­balho, a ho­nes­ti­dade e a com­pe­tência dos seus eleitos.

E é lu­tando que o co­lec­tivo par­ti­dário pros­segue a cons­trução da Festa do Avante!, no­me­a­da­mente avan­çando com o tra­balho de im­plan­tação e dando es­pe­cial atenção à di­vul­gação e venda da EP – assim ga­ran­tindo o êxito da­quela que será a pri­meira grande acção de massas, no plano na­ci­onal, após as fé­rias e o ponto de par­tida para a ba­talha das au­tár­quicas.