Funcionários gregos marcam 48 horas de greve

Emprego! Não à mobilidade

A cen­tral sin­dical grega Adedy con­vocou para os pró­ximos dias 18 e 19 uma greve em toda a ad­mi­nis­tração pú­blica contra o plano de mo­bi­li­dade e a po­lí­tica de des­pe­di­mentos.

Go­verno grego ataca fun­ci­o­ná­rios e ser­viços

A pa­ra­li­sação de 48 horas tem como ob­jec­tivo con­testar a po­lí­tica de re­dução de efec­tivos na função pú­blica, através do me­ca­nismo de mo­bi­li­dade e dis­po­ni­bi­li­dade, que visa des­pedir de­zenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores e di­mi­nuir sen­si­vel­mente o sector pú­blico e os ser­viços que presta à po­pu­lação.

A con­vo­ca­tória foi anun­ciada na sexta-feira, 30, um dia de­pois de mi­lhares de pro­fes­sores do Se­cun­dário e tra­ba­lha­dores de vá­rios mi­nis­té­rios se terem ma­ni­fes­tado no centro de Atenas contra a cha­mada «re­forma» do Es­tado.

«Nem des­pe­di­mentos, nem mo­bi­li­dade», lia-se em muitos car­tazes em­pu­nhados pelos ma­ni­fes­tantes, re­pu­di­ando a pu­bli­cação de uma lista de 3495 do­centes em áreas agora de­cla­radas «se­cun­dá­rias», que in­cluem o en­sino de lín­guas es­tran­geiras, de­senho, mú­sica, te­atro ou in­for­má­tica. Os lis­tados de­verão tran­sitar para o En­sino Pri­mário ou para ser­viços ad­mi­nis­tra­tivos.

Os pro­fes­sores in­surgem-se contra a eli­mi­nação de dis­ci­plinas nas es­colas pú­blicas, a re­dução do nú­mero de horas para ao en­sino de lín­guas es­tran­geiras, bem como contra o au­mento do ho­rário dos do­centes em duas horas se­ma­nais.

O plano de mo­bi­li­dade apli­cado em Julho já atingiu quatro mil fun­ci­o­ná­rios pú­blicos, a mai­oria dos quais pro­fes­sores. Um novo pro­grama visa co­locar no re­gime de dis­po­ni­bi­li­dade mais 12 500 fun­ci­o­ná­rios até ao fim deste mês. Se­guem-se ou­tros tantos até final do ano, a que se juntam quatro mil des­pe­di­mentos.

No re­gime de mo­bi­li­dade, os tra­ba­lha­dores são obri­gados a aceitar a mu­dança de fun­ções e local de tra­balho sob pena de en­trarem para o quadro de ex­ce­den­tá­rios, com re­dução do sa­lário e a perda do vín­culo pas­sados al­guns meses.

A hi­po­crisia do go­verno

Ao mesmo tempo que des­trói mi­lhares de postos de tra­balho pondo em risco a pres­tação de ser­viços pú­blicos fun­da­men­tais, o go­verno grego apre­sentou na pas­sada se­mana um de­ma­gó­gico pro­grama que visa ale­ga­da­mente ate­nuar o fla­gelo do de­sem­prego que afecta 27,6 por cento da po­pu­lação ac­tiva.

Face a mais de mi­lhão e meio de de­sem­pre­gados, a co­li­gação de con­ser­va­dores com os so­ciais-de­mo­cratas do PASOK dispõe-se a fi­nan­ciar a cri­ação de postos de tra­balho tem­po­rá­rios, com 216 mi­lhões de euros pro­ce­dentes dos fundos co­mu­ni­tá­rios.

Se­gundo o mi­nistro do De­sen­vol­vi­mento, Kostis Had­ji­dakis, o plano de acção per­mi­tirá «ali­viar os nosso ci­da­dãos mais ne­ces­si­tados».

Na ver­dade, trata-se de uma es­pécie de «sopa dos po­bres» que nem se­quer chega para todos.

O pro­grama prevê a cri­ação de 50 mil postos de tra­balho, no má­ximo, re­mu­ne­rados abaixo do sa­lário mí­nimo na­ci­onal, e cuja du­ração não pode ul­tra­passar os cinco meses.

Os con­tem­plados terão ocu­pação nas ad­mi­nis­tra­ções pú­blicas cen­tral, re­gi­onal e local, em es­colas, hos­pi­tais e ou­tros ser­viços pú­blicos, ou seja, pre­ci­sa­mente nos sec­tores em que o go­verno está a lançar mi­lhares de tra­ba­lha­dores para o de­sem­prego.

A me­dida sus­citou vi­o­lentas crí­ticas por parte dos par­tidos da opo­sição. O Par­tido Co­mu­nista da Grécia (KKE) qua­li­ficou-o como uma ten­ta­tiva de en­ganar os tra­ba­lha­dores, dando-lhes a es­co­lher entre o de­sem­prego e o meio em­prego, caso destes pro­gramas de cinco meses, pagos a 490 euros.

Em co­mu­ni­cado, ci­tado pelo cor­res­pon­dente da Prensa La­tina, o KKE con­si­derou que o plano se in­sere numa es­tra­tégia que visa de­molir o di­reito ao em­prego es­tável e digno.




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