Luta nas cadeias de fast food nos EUA

Greve histórica

Con­si­de­rado o maior pro­testo de sempre no sector, a pa­ra­li­sação dos tra­ba­lha­dores norte-ame­ri­canos de grandes ca­deias de fast food evi­den­ciou a sobre-ex­plo­ração a que estão su­jeitos.

Mesmo quem tra­balha 40 horas per­ma­nece abaixo do li­miar da po­breza

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Foram mi­lhares os que, na quinta-feira, 29, «pa­raram de virar ham­búr­gueres ou de fritar ba­tatas para se jun­tarem numa luta a exigir o pa­ga­mento de 15 dó­lares à hora (11,3 euros) – o dobro do que a mai­oria ganha – e o di­reito a formar um sin­di­cato sem re­ta­li­a­ções por parte das en­ti­dades pa­tro­nais», in­formou a Lusa, que adi­anta que o pro­testo, con­si­de­rado já o maior de sempre no sector nos EUA, ocorreu em cerca de 60 ci­dades em todo o país e num mi­lhar de res­tau­rantes.

«Eles fazem mi­lhões que saem do nosso es­forço. Têm con­di­ções para nos pagar me­lhor», afirmou, ci­tada pela agência de no­tí­cias na­ci­onal, Sha­niqua Davis, tra­ba­lha­dora do Mc­Do­nald's, du­rante uma ma­ni­fes­tação frente a um dos res­tau­rantes da mul­ti­na­ci­onal em Nova Iorque.

Jovem de 20 anos com um filho pe­queno para criar e uma re­mu­ne­ração/​hora de 7,25 dó­lares (5,47 euros), Davis su­blinha igual­mente que «mal con­sigo com­prar co­mida e, se não fossem os vales de com­pras e al­guma ajuda que vou tendo, es­taria a dormir na rua».

Mas as rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores de grandes ca­deias de fast food como Burger King, Wendy’s, Taco Bell, Pizza Hut, Ken­dall Fells ou KFC, não se re­sumem a au­mentos sa­la­riais. Em causa está, ainda, a pre­ca­ri­e­dade la­boral (a mai­oria dos cerca de 13 mi­lhões de em­pre­gados tra­balha a tempo-par­cial), a au­sência de di­reitos ao nível da pre­vi­dência e saúde, ou a re­pressão anti-sin­dical.

Isso mesmo su­bli­nhou Tyeisha Batts, 27 anos, em­pre­gada do Burger King, que ex­plicou à AFP que «se tra­ba­lhamos 30 horas por se­mana, têm de nos as­se­gurar se­guro de saúde», e que o sa­lário que lhe pagam não lhe per­mite sair da mi­séria.

O mesmo é su­bli­nhado pelo Sin­di­cato dos Ser­viços que apoiou a greve e re­pre­senta quase dois mi­lhões de tra­ba­lha­dores, de acordo com a As­so­ci­ated Press. «Mesmo con­si­de­rando um sa­lário médio (9,08 dó­lares por hora), os que têm a sorte de tra­ba­lhar 40 horas per­ma­necem abaixo do li­miar da po­breza», notou uma di­ri­gente do SEIU.

Reu­ters e Eu­ropa Press, por seu lado, ga­ran­tiram que para os tra­ba­lha­dores a greve teve também como ob­jec­tivo cen­tral a pos­si­bi­li­dade de «formar or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas e ne­go­ciar com o pa­tro­nato (...) sem en­frentar re­pre­sá­lias».




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