- Nº 2076 (2013/09/12)

Debates vivos no Auditório

Festa do Avante!

Quase sempre houve casa cheia nos vivos debates que se realizaram no Auditório. Assim foi no sábado à tarde, quando se discutiu agricultura e a necessidade de defesa da soberania alimentar e do mundo rural.

Alfredo Campos, dirigente da CNA, João Ramos, deputado, e João Frazão, membro da Comissão Política do PCP, na mesa, denunciaram a mentira dos que procuram fazer crer de que a agricultura é um oásis na crise. Os êxitos em certas áreas não escondem as imensas dificuldades dos pequenos e médios agricultores, confrontados com os elevados preços dos factores de produção, com burocracias e fiscalizações sem fim, já que, sendo 76% do total dos agricultores, apenas recebem 12% das ajudas e ainda sofrem com o esmagamento dos preços à produção.

Defendem que, não sendo Portugal um país pobre mas um país com grande potencial, tal situação é responsabilidade das políticas nacional e europeia ao serviço do agronegócio.

Mas, salientam, esta situação não é uma fatalidade. Com outra política agrícola e de desenvolvimento rural, que tenha como objectivos centrais o desenvolvimento e a modernização da agricultura, a melhoria do grau de auto-abastecimento de produtos alimentares essenciais e da vida nos campos – objectivos essenciais definidos pelo PCP – poderemos garantir a soberania e segurança alimentares e a defesa do mundo rural.

«Em defesa da água pública. A água não é um negócio» foi o tema do debate seguinte, em que Vladimiro Vale, membro da Comissão Política do PCP, o deputado Paulo Sá, Francisco Braz, presidente do STAL, e Jorge Fael, membro da Associação Água Pública, denunciaram as consequências das privatizações e concessões da água e os contratos «leoninos» dos privados, que levam, por exemplo, a que na Covilhã, a água e saneamento tenha aumentado 40% em apenas cinco anos. Lembram ainda que enquanto a receita obtida pela gestão pública reverte a favor da comunidade, podendo essa gestão mudar caso seja mal aplicada, tal é impensável com os privados.

Por outra Europa

 

«Por uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos – Soberania, Progresso e Paz» foi tema de debate no sábado à noite, tendo como intervenientes Ângelo Alves, da Comissão Política do PCP, os deputados no Parlamento Europeu Inês Zuber e João Ferreira e Augusto Praça, dirigente da CGTP-IN.

Para se perceber a ofensiva em curso é necessário identificar as políticas de direita do PS, PSD e CDS em ligação, primeiro com a CEE, depois com a CE e por fim com a UE, sublinharam. Essa articulação com uma União Europeia configurada para servir os interesses do grande capital e das grandes potências tem como resultado uma situação desastrosa para a nossa economia, perigosa para a nossa soberania e contra o nosso povo.

A ofensiva em curso na UE visa os direitos democráticos e liberdade dos povos, os direitos políticos, liberdades e garantias dos indivíduos. A UE é um pólo empenhado no militarismo, que tenta e executa mesmo a alteração de regime político de povos soberanos, sem qualquer escrutínio público. Por fim, para legitimar o que faz recorre a mecanismos de reforço ideológico, a uma verdadeira doutrinação ideológica.

Não cabe neste relato breve tudo o que se passou nestes debates. Uma conclusão foi, porém, comum a todos eles: só uma poderosa luta de massas poderá inverter a situação e impor uma alternativa patriótica e de esquerda.