É um lema que mais nenhuma força política pode em verdade utilizar, assinalou Bernardino Soares, dirigente e líder parlamentar do PCP, no debate de domingo à tarde, no Fórum, dedicado ao tema «CDU – Trabalho, Honestidade, Competência». O cabeça-de-lista para a Câmara de Loures contou que, durante a distribuição das «Dez Medidas» da CDU para o concelho, um homem fez um círculo à volta das três palavras-de-marca da Coligação e disse-lhe: «A mim, basta-me que cumpram isto!».
Para reconhecerem «a força que é diferente daqueles que são todos iguais», as pessoas que se sentem fartas de ser enganadas precisam libertar-se da ideia de que só podem votar nos partidos que têm estado no governo.
No exemplo concreto de Montemor-o-Novo, Hortênsia Menino explicou como se pode continuar fiel ao projecto autárquico do PCP e seus aliados, apesar de um poder central que empurra há décadas no sentido inverso. Com esclarecimento, mobilização e luta, foram enfrentadas a extinção de freguesias e os encerramentos de serviços de Saúde, de escolas e dos Correios. Na aplicação da lei que impôs a redução de dirigentes municipais, procurou-se contrariar a intenção de desestabilização de serviços. Foi necessário reagir ao corte abrupto das verbas do OE destinadas ao município, que superou os 2,5 milhões de euros em dois anos.
«Podemos continuar a trabalhar em prol da população», garantiu a actual presidente daquela Câmara alentejana, que encabeça a lista da CDU para dia 29.
Daniel Vieira, a propósito das especificidades das eleições autárquicas, alertou para os casos de candidatos que, personalizando as campanhas e ocultando os símbolos do PS, do PSD ou do CDS, procuram fugir às responsabilidades dos seus partidos, quer a nível nacional, quer no âmbito local. Para o presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova (Gondomar), primeiro candidato da CDU na imposta União com Fânzeres, notou que a luta de centenas de milhares de pessoas contra a extinção de freguesias contribuiu para o isolamento do Governo, do qual já saíram o ministro e o secretário de Estado que tiveram responsabilidades mais directas na «reforma» da administração local.
Paula Santos falou sobre a ofensiva legislativa dos últimos dois anos contra o Poder Local democrático, que lhe limita a capacidade de intervenção. A deputada do PCP observou ainda que a nova Lei das Finanças Locais, como a falsa ajuda do PAEL, a redução de dirigentes municipais ou a extinção de freguesias, fazendo parte do pacto de agressão, têm também o PS como responsável.
Nas intervenções do público, destacou-se o panorama da prática desportiva nos anos a seguir ao 25 de Abril, dinamizada pela secretaria de Estado que Melo de Carvalho dirigiu até 1976.
«Os nossos erros são de outra natureza», salientou Jorge Cordeiro, na intervenção final deste debate, depois de notar que «obviamente, não está tudo bem no Poder Local» e que é necessário defender o que hoje existe e melhorar. Membro da Comissão Política e do Secretariado do CC, responsável pela área das autarquias locais, lembrou que também o Poder Local sofreu com o processo contra-revolucionário. Nem tudo está bem igualmente no limite mais restrito da gestão, e não se afirma que tudo está mal onde estão outras forças e tudo está bem onde estamos nós. Mas, para a CDU, reconhecer erros significa procurar melhores respostas para as necessidades da população.
Para o sentido geral da acção nos concelhos e freguesias, os diferentes objectivos de classe distinguem a CDU, que não privatiza água nem saneamento, que não tem como política de pessoal os despedimentos, a precarização ou a retirada de direitos, salientou, para concluir que, nas eleições de 29 de Setembro, «é um resultado positivo da CDU que serve as populações».