Bloco 4, 3.º esquerdo

Vasco Cardoso

Boa tarde, somos da CDU e es­tamos aqui para dar a co­nhecer os nossos can­di­datos e as nossas pro­postas. Foi com estas pa­la­vras que se ini­ciou o diá­logo com a fa­mília que abriu a porta do 3.º es­querdo, no Bloco 4 do bairro de ha­bi­tação so­cial da­quele con­celho. Pai e mãe de­sem­pre­gados, tal como o filho mais velho que no sá­bado par­tirá para In­gla­terra e que por essa razão não irá votar.

Con­taram-nos o in­ferno em que a sua vida se tinha trans­for­mado pe­rante o olhar atento da pe­quena Sara que não largou o avental da mãe. Mos­traram-nos a fac­tura da água, quei­xaram-se dos 230€ de renda que não pa­gavam há dois meses, fa­laram-nos da ro­tina e da hu­mi­lhação das apre­sen­ta­ções pe­rió­dicas no centro de em­prego para onde pas­saram a ca­mi­nhar quin­ze­nal­mente.

Não pou­param nas pa­la­vras quando o Go­verno veio à baila, nem tão pouco quando lhes re­cor­dámos as res­pon­sa­bi­li­dades do PS na si­tu­ação a que o País chegou. Por aquela casa não passou nem ne­nhum «sinal de re­toma», nem ne­nhum «in­di­cador po­si­tivo» da­queles que o povo por­tu­guês se ha­bi­tuou a ouvir ma­tra­quear na te­le­visão.

Con­cor­daram que o País e o con­celho pre­cisam de uma mu­dança e que não se pode mudar de po­lí­ticas vo­tando nos par­tidos da troika. Re­co­nhe­ceram que tinha sido a nossa in­ter­venção e a luta que se travou que tinha im­pe­dido o fecho do centro de saúde. Con­cor­daram que em vez de mi­lhões para a banca e para os grandes ne­gó­cios, é pre­ciso criar em­prego, au­mentar a pro­dução e me­lhorar sa­lá­rios, e que, afinal de contas, não somos «todos iguais».

Mas votar para quê? O que é que vai mudar? Ainda se vocês ga­nhassem... res­pondeu a se­nhora pe­rante o con­vite lan­çado por um dos ca­ma­radas. Mas olhe que se ficar em casa ou se en­tregar o voto aos mesmos do cos­tume a sua vida con­ti­nuará a pi­orar. Con­nosco sabe que pode sempre contar. Vou pensar, disse por fim. Pense e vote na CDU que não se ar­re­pende. Vou pensar, re­petiu.

Assim foram feitos ao longos destes meses mi­lhares e mi­lhares de con­tactos com a po­pu­lação. Em em­presas, em bairros, nas ruas, os can­di­datos da CDU de­sen­vol­veram uma acção no­tável de con­tacto e es­cla­re­ci­mento das po­pu­la­ções, o que sendo im­pres­cin­dível para a cons­trução do re­sul­tado elei­toral per­du­rará nas lutas que tra­va­remos no fu­turo.




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