MARCHAR POR ABRIL

«É ne­ces­sário e é pos­sível fazer do dia 19 uma po­de­rosa jor­nada de luta»

São cada vez mais os por­tu­gueses cons­ci­entes de que deste Go­verno e desta po­lí­tica só há que es­perar o agra­va­mento das já gra­vís­simas con­di­ções de tra­balho e de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo, e o afun­da­mento do País. São disso exemplo re­cente o novo ataque às re­formas e aos sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores e o anun­ciado as­salto às pen­sões de viuvez – esta, uma me­dida cuja mons­tru­o­si­dade o Go­verno tem ten­tado es­conder com o anúncio es­pa­lha­fa­toso e sen­sa­ci­o­na­lista do corte das pen­sões vi­ta­lí­cias dos de­ten­tores de cargos pú­blicos (re­corde-se, a pro­pó­sito, que há já vá­rios anos, no tempo do cha­mado «bloco cen­tral», o PCP de­fendeu o corte total dessas pen­sões vi­ta­lí­cias, tendo então es­bar­rado com a opo­sição do PSD e do PS, e su­blinhe-se, com a ên­fase ade­quada, que os cortes nas sub­ven­ções vi­ta­lí­cias não jus­ti­ficam nem le­gi­timam o roubo nas pen­sões…).

E o pior está para vir, para já com essa outra ope­ração de as­salto aos ren­di­mentos dos tra­ba­lha­dores e dos re­for­mados que é o Or­ça­mento do Es­tado para 2014, esse longo cor­tejo de actos de ter­ro­rismo so­cial, no­me­a­da­mente: corte de 10% nos sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Cen­tral e Local; des­pe­di­mento de de­zenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica; corte de 10% nas re­formas; au­mento da idade da re­forma para os 66 anos; cortes de mi­lhões de euros na Edu­cação (325 mi­lhões), na Saúde (127 mi­lhões), na Se­gu­rança So­cial (299 mi­lhões) e nou­tros ser­viços pú­blicos fun­da­men­tais para as po­pu­la­ções; etc, etc., etc.

Por tudo isto, são também cada vez mais os por­tu­gueses e por­tu­guesas que, à se­me­lhança do PCP, vêem na de­missão do Go­verno, no fim da po­lí­tica das troikas, e na im­ple­men­tação de uma po­lí­tica de sen­tido oposto: pa­trió­tica e de es­querda, a única so­lução para o mar de pro­blemas ge­rados por trinta e sete anos de su­ces­sivos go­vernos PS/​PSD/​CDS – todos eles mer­gu­lhando Por­tugal no de­clínio e o povo por­tu­guês no maior de­sem­prego de sempre, na ex­plo­ração sem mar­gens, em bru­tais in­jus­tiças so­ciais, na po­breza, na mi­séria, na fome; todos eles tendo como alvo Abril, as suas con­quistas eco­nó­micas, so­ciais, po­lí­ticas, cul­tu­rais, os seus va­lores, a sua Cons­ti­tuição.

Cresce igual­mente o nú­mero de ho­mens, mu­lheres e jo­vens que tomam cons­ci­ência de que a luta or­ga­ni­zada das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares é o ca­minho ne­ces­sário e in­dis­pen­sável para al­cançar os ob­jec­tivos acima enun­ci­ados, os quais serão tanto mais ra­pi­da­mente con­quis­tados quanto mais forte e par­ti­ci­pada for a luta.

É aí, na luta de massas, que está a força es­sen­cial do com­bate à po­lí­tica de di­reita e aos seus efeitos na vida da imensa mai­oria dos por­tu­gueses – efeitos de tal forma de­vas­ta­dores, e pro­vo­cando um tão grande des­con­ten­ta­mento e um tão aceso pro­testo dos tra­ba­lha­dores e no povo, que já pro­vo­caram a tra­di­ci­onal en­trada em cena de al­gumas fi­guras oriundas do PS, gente com um dis­curso tão, tão, tão ra­dical contra a aus­te­ri­dade que, ou­vindo-os e não lhes co­nhe­cendo o vasto cur­rí­culo… dir-se-ia que não in­te­gram, em lugar des­ta­cado, o grupo dos prin­ci­pais res­pon­sá­veis pela si­tu­ação exis­tente; o grupo dos que, ao longo de longos trinta e sete anos, têm le­vado por di­ante a po­lí­tica que con­duziu Por­tugal e os por­tu­gueses à dra­má­tica si­tu­ação em que se en­con­tram; o grupo dos que, sempre afron­tando, vi­o­lando, es­pe­zi­nhando a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, fi­zeram da Re­vo­lução de Abril e das suas con­quistas his­tó­ricas, o ob­jecto prin­cipal da sua sanha des­trui­dora, o alvo prin­cipal do seu ódio de classe.

Tudo isto de­monstra e acentua a im­por­tância, a jus­teza e a opor­tu­ni­dade das Mar­chas por Abril, contra a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento, con­vo­cadas pela CGTP-IN para o pró­ximo sá­bado, em Lisboa e no Porto. Mar­chas que vão de­mons­trar que há uma al­ter­na­tiva à po­lí­tica de di­reita e que essa al­ter­na­tiva as­senta es­sen­ci­al­mente nos va­lores de Abril e na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa. Mar­chas que, pelo seu ca­rácter, pela sua di­mensão ex­pec­tável e pelos seus ob­jec­tivos, mesmo antes de se re­a­li­zarem já es­pa­lharam o pâ­nico no Go­verno, que tem re­cor­rido a um vasto con­junto de ma­no­bras e men­tiras, aliás cheias de con­tra­di­ções, que exem­pli­ficam lu­mi­nar­mente o medo que os re­pre­sen­tantes do grande ca­pital têm das massas tra­ba­lha­doras em mo­vi­mento.

É ne­ces­sário e é pos­sível fazer do dia 19 uma po­de­rosa jor­nada de luta. Assim o exige a si­tu­ação na­ci­onal – neste mo­mento de novo apro­fun­da­mento da ofen­siva do Go­verno após o pe­ríodo elei­toral – e assim o ga­rante o tra­balho pre­pa­ra­tório dessa im­por­tante ini­ci­a­tiva – um tra­balho que en­volveu mi­lhares de di­ri­gentes e ac­ti­vistas sin­di­cais, es­cla­re­cendo, con­ven­cendo, mo­bi­li­zando, num am­bi­ente de en­tu­si­asmo pre­nun­ci­ador de uma grande e forte acção; um tra­balho no qual par­ti­cipou in­ten­sa­mente, como não podia deixar de ser, o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista. Um tra­balho que ainda não ter­minou, já que es­cla­recer e mo­bi­lizar para as Mar­chas por Abril todos os que são ví­timas da po­lí­tica das troikas, con­ti­nuará a ser até ao pró­prio dia 19 a ta­refa pri­o­ri­tária de todas as or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes co­mu­nistas. Neste caso, dando ex­pressão con­creta ao per­ti­nente apelo que, no do­mingo pas­sado, em Odi­velas, o Se­cre­tário-geral do Par­tido lançou aos tra­ba­lha­dores, aos re­for­mados, ao povo por­tu­guês, aos jo­vens, a todos os pa­tri­otas que não aceitam ver o País trans­for­mado num pro­tec­to­rado, a todos os que são ví­timas da po­lí­tica de di­reita: «Façam ouvir a vossa voz, ergam o vosso pro­testo contra a ex­plo­ração, o em­po­bre­ci­mento, as in­jus­tiças so­ciais e o de­clínio na­ci­onal, par­ti­cipem nas Mar­chas por Abril».