O País responde
A RTP organizou no passado dia 9 um programa com Pedro Passos Coelho, de contornos apresentados como inovadores. Quanto à oportunidade, ao entrevistado e ao servilismo face ao Governo que a RTP patenteou neste processo, a posição do PCP ficou clara na concentração de protesto organizada à porta do estúdio de onde era emitida a entrevista.
Uma empresa de sondagens escolheu vinte portugueses para perguntarem «coisas» ao primeiro-ministro. Só de uma vez, quem teve a ideia de organizar tal evento procurou afirmar duas premissas: uma, que Passos Coelho é um homem aberto e preparado, que a todos ouve e considera; a outra, que os jornalistas são dispensáveis, um empecilho entre o povo e os «políticos». Nem uma nem outra tiveram acolhimento: Passos Coelho mostrou irritação, sobranceria e desprezo nas respostas que deu, e a verdade é que só o jornalista teve a possibilidade e a autoridade de contraditar as respostas dadas.
Mais significativo do que tudo isto, a verdade é que os resultados das audiências desse dia revelam que os portugueses relativizaram a importância da coisa: O País Pergunta foi o 6.º programa mais visto, abaixo de todas as telenovelas e do noticiário da SIC, mostrando bem que o País não tem interesse de maior em perguntar coisas a Passos Coelho.
O que o País quer é responder ao Governo. Uma resposta feita de indignação e luta, de afirmação de direitos e de vontade de ter uma vida melhor. Uma resposta que rejeita com veemência os roubos a quem trabalha e os privilégios ao grande capital, a perda de soberania do País, os ataques à democracia.
O País responde ao Governo em cada uma das lutas contra as suas medidas, das grandes manifestações de massas às acções mais pequenas, à porta da escola, do centro de saúde ou na visita do ministro. O País respondeu nas eleições autárquicas e vai continuar a fazê-lo, todos os dias.
Uma resposta que vai ser ensurdecedora já neste sábado, em Lisboa e no Porto, marchando nas acções convocadas pela CGTP-IN contra a exploração e o empobrecimento, por Abril.