A LUTA NÃO PÁRA

«E o pró­ximo 26 de No­vembro será dia de juntar forças e von­tades numa grande acção de massas»

Come­mo­ramos mais um ani­ver­sário desse acon­te­ci­mento maior da his­tória uni­versal que foi a Re­vo­lução de Ou­tubro, pri­meiro grande acto de rup­tura com o ca­pi­ta­lismo e pri­meiro passo na ca­mi­nhada para a cons­trução de uma so­ci­e­dade so­ci­a­lista. Re­lembre-se que a União So­vié­tica nas­cida da Re­vo­lução de Ou­tubro foi o pri­meiro país do mundo a acabar com a ex­plo­ração do homem pelo homem e a pôr em prá­tica um con­junto de di­reitos hu­manos – o di­reito ao em­prego, o ho­rário das 8 horas, as fé­rias pagas, a igual­dade entre ho­mens e mu­lheres, o di­reito à saúde, à se­gu­rança so­cial, à ha­bi­tação, ao en­sino, à cul­tura… – muitos dos quais se es­ten­deram pro­gres­si­va­mente a mi­lhões de tra­ba­lha­dores dos países ca­pi­ta­listas, que os con­quis­taram através da luta, es­ti­mu­lada pelo exemplo da pá­tria de Lé­nine. Re­lembre-se que, ao mesmo tempo que essas con­quistas ci­vi­li­za­ci­o­nais avan­çavam, a URSS era for­çada a res­ponder às su­ces­sivas ofen­sivas do ca­pi­ta­lismo in­ter­na­ci­onal vi­sando a li­qui­dação da Re­vo­lução. Na me­mória dos tra­ba­lha­dores e dos povos do mundo, per­du­rará para sempre o papel de­ci­sivo do Exér­cito Ver­melho e do povo so­vié­tico na der­rota do nazi-fas­cismo; e o apoio de­ter­mi­nante da URSS à luta li­ber­ta­dora dos povos e à li­qui­dação do co­lo­ni­a­lismo – e a so­li­da­ri­e­dade ac­tiva para com os re­sis­tentes que se ba­tiam contra as di­ta­duras fas­cistas es­pa­lhadas pelo mundo, todas ins­ta­ladas ou apoi­adas pelo im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano.

E nunca é de­mais su­bli­nhar que todos os avanços ci­vi­li­za­ci­o­nais ocor­ridos no sé­culo pas­sado têm a sua ma­triz prin­cipal nos ideais e na ex­pe­ri­ência con­creta da Re­vo­lução de Ou­tubro.

A Re­vo­lução de Ou­tubro foi der­ro­tada e essa der­rota cons­ti­tuiu uma tra­gédia de pro­por­ções gi­gan­tescas, não apenas para os povos dos países so­ci­a­listas, mas para toda a hu­ma­ni­dade.

O mundo é hoje menos de­mo­crá­tico, menos pa­cí­fico, menos livre; a ex­plo­ração ca­pi­ta­lista ga­lopa à rédea solta; di­reitos so­ciais e la­bo­rais con­quis­tados na sequência da Re­vo­lução de Ou­tubro são hoje es­pe­zi­nhados, à es­cala mun­dial, pelo grande ca­pital ex­plo­rador e opressor.

Mas, ao con­trário do que pro­pa­gavam os ideó­logos do ca­pi­ta­lismo, essa der­rota do so­ci­a­lismo não foi o fim da his­tória: a luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos do mundo pros­segue e in­ten­si­fica-se, e são vá­rios os casos em que o im­pe­ri­a­lismo tem so­frido pe­sadas der­rotas. E a his­tória mostra de forma cada vez mais clara que o so­ci­a­lismo é a única al­ter­na­tiva ao ca­pi­ta­lismo.

«Fomos, somos e se­remos co­mu­nistas», con­cluiu o co­lec­tivo par­ti­dário, em Con­gresso. E com­prova-o todos os dias na sua prá­tica re­vo­lu­ci­o­nária – e na de­mons­tração con­creta de que o pro­jecto de so­ci­e­dade pelo qual o PCP se bate para Por­tugal, tem as suas raízes es­sen­ciais nos va­lores, nos prin­cí­pios e nos êxitos da Re­vo­lução de Ou­tubro.

E é por isso que ocu­pamos, hoje – como o fi­zemos no pas­sado e o fa­remos no fu­turo – a pri­meira fila da luta dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês. Uma luta que, nas cir­cuns­tân­cias ac­tuais, tem como ob­jec­tivo pri­meiro a de­missão do Go­verno, a re­jeição do pacto das troikas e der­rota da po­lí­tica de di­reita, abrindo ca­minho para a im­ple­men­tação de uma po­lí­tica ao ser­viço dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País. Uma luta em que es­tamos pre­sentes em todas as frentes, quer em ini­ci­a­tivas pro­mo­vidas pelo Par­tido, como a ac­tual cam­panha na­ci­onal contra a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento; quer nas em­presas e lo­cais de tra­balho, ao lado dos tra­ba­lha­dores; quer nos lo­cais de re­si­dência, ao lado das po­pu­la­ções, dos re­for­mados e pen­si­o­nistas; quer nas ruas, nas grandes ma­ni­fes­ta­ções de massas; quer nas ins­ti­tui­ções, hon­rando a con­fi­ança em nós de­po­si­tada pelo elei­to­rado.

«Lá fora, às portas desta As­sem­bleia da Re­pú­blica, mi­lhares exigem um rumo di­fe­rente para o país», afirmou o pre­si­dente do grupo par­la­mentar do PCP, João Oli­veira, no de­correr do de­bate sobre o Or­ça­mento do Es­tado, alu­dindo à gran­diosa con­cen­tração de tra­ba­lha­dores do dia 1 de No­vembro – e assim su­bli­nhava a sin­tonia per­feita entre a acção dos de­pu­tados co­mu­nistas e a luta das massas tra­ba­lha­doras, neste caso contra um OE que o Se­cre­tário-geral do PCP, também fa­lando no Par­la­mento, de­nun­ciou como «mais um ins­tru­mento para o agra­va­mento da ex­plo­ração, do em­po­bre­ci­mento e das in­jus­tiças», ao mesmo tempo que in­sistia em que a al­ter­na­tiva à ac­tual si­tu­ação «não passa por este Or­ça­mento, por esta po­lí­tica e por este Go­verno, mas sim por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda e por um go­verno capaz de a con­cre­tizar». Uma al­ter­na­tiva que será con­quis­tada tanto mais ra­pi­da­mente quanto mais forte e par­ti­ci­pada for a luta or­ga­ni­zada das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares.

Por isso, a luta não pára: na sequência das vá­rias ac­ções le­vadas a cabo, nos úl­timos dias, em múl­ti­plos sec­tores de ac­ti­vi­dade, estão anun­ci­adas, para os pró­ximos dias, im­por­tantes lutas que evi­den­ciam, de forma clara, a am­pli­tude do des­con­ten­ta­mento e do pro­testo dos tra­ba­lha­dores face à po­lí­tica do Go­verno: Trans­portes, Ad­mi­nis­tração Pú­blica, Forças de Se­gu­rança, Ma­gis­trados do Mi­nis­tério Pú­blico, es­tu­dantes do En­sino Su­pe­rior, estão entre os que não de­sistem de lutar pelos seus di­reitos e se or­ga­nizam para os com­bates ne­ces­sá­rios em sua de­fesa.

E o pró­ximo 26 de No­vembro será dia de juntar forças e von­tades numa grande acção de massas, com ex­pressão em greves, pa­ra­li­za­ções, con­cen­tra­ções, mar­chas, dando a força ne­ces­sária ao Dia Na­ci­onal de In­dig­nação, Pro­testo e Luta, con­vo­cado pela CGTP-IN.

A mos­trar que a luta é o ca­minho. E que, lu­tando com de­ter­mi­nação e con­fi­ança, a vi­tória será nossa.