A realidade encarrega-se de dar razão, todos os dias, à análise do PCP sobre a situação económica e social do País e as causas que lhe estão na origem: a política de direita que, ao longo de quase trinta e oito anos, vem sendo aplicada por sucessivos governos PS/PSD/CDS. Essa mesma realidade confirma, também diariamente, que a política patriótica e de esquerda proposta pelo PCP é o único caminho capaz de conduzir à mudança, isto é, à superação da dramática situação gerada por essa política de direita e pelos governos seus executantes.
Estas são verdades fortes, incontestáveis e que, por isso mesmo, não obstante a ofensiva em curso de mistificação, de mentira e de manipulação, vão ganhando a adesão das massas trabalhadoras e populares, que as apoiam e delas fazem bandeiras de luta.
Nos últimos tempos, os governantes e os seus propagandistas têm-se desunhado no anúncio de «sinais positivos», de «recuperação em marcha», de «êxitos no combate ao desemprego», e de outras tantas balelas, com as quais pretendem fazer passar a ideia, para eles essencial, de que «os sacrifícios estão a valer a pena». É claro que se desenvolvessem a ideia com honestidade e seriedade haveriam de concluir que os sacrifícios da imensa maioria dos portugueses valeram a pena, sim, mas para a imensa minoria, para os grandes grupos económicos e financeiros que viram multiplicar lucros e aumentar fortunas à custa do empobrecimento e da miséria dos trabalhadores e do povo.
Com tudo isto – e porque honestidade e seriedade são valores que lhes são estranhos – o que eles pretendem é prosseguir a sua política de desastre nacional e, para já, preparar o caminho para lançar a nova vaga de pesados sacrifícios que o devastador Orçamento do Estado para 2014 fará recair sobre os mesmos de sempre – e em benefício dos mesmos de sempre.
Tal como o PCP tem vindo a defender – e o Comité Central, na sua recente reunião, reafirmou – a ruptura com a política das troikas e uma mudança na vida nacional que crie condições para a construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, constitui um imperativo nacional e apresenta-se como questão maior para a libertação de Portugal da dependência e da submissão, para recuperar para o País o que é do País, para devolver aos trabalhadores e ao povo o que lhes foi roubado.
Insista-se tantas vezes quantas as necessárias – até romper o silenciamento a que os media dominantes, propriedade do grande capital, as submetem – nas opções fundamentais que incorporam a proposta do PCP para a política patriótica e de esquerda: a renegociação da dívida pública nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento, rejeitando a sua parte ilegítima; a defesa e o aumento da produção nacional; a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos; a valorização efectiva dos salários e pensões e o explícito compromisso de reposição dos salários, rendimentos e direitos roubados, incluindo nas prestações sociais; a opção por uma política orçamental de combate ao despesismo e à despesa sumptuária, baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas e das micro, pequenas e médias empresas; uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular no que concerne às funções sociais do Estado; a assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais.
Trata-se, como se vê, de uma política de sentido diametralmente oposto à que as troikas nacional e internacional têm vindo a impor aos trabalhadores, ao povo e ao País. Trata-se, por isso, de uma política onde os valores de Abril estão presentes e, luminosos, apontam para o futuro.
Derrotar a política das troikas e conquistar a política patriótica e de esquerda é um objectivo sem dúvida difícil de alcançar. Mas sem dúvida alcançável. O Governo que, actualmente, cumpre o seu turno de serviço à política de direita, dispõe de apoios consideráveis: para além da bênção do grande capital cujos interesses serve fielmente, conta com o apoio explícito do Presidente da República e o apoio implícito do PS – o primeiro, prosseguindo uma prática de clara identificação com as malfeitorias do Governo e furtando-se a tomar as medidas que o respeito pela Constituição da República Portuguesa impõe: demitir o Governo e convocar eleições antecipadas; o segundo, representando a tradicional farsa de «oposição», fingindo ser o que não é, e de facto esperando que o poder lhe caia no colo, para depois prosseguir a mesmíssima política de direita. Nisto reside o obstáculo essencial que se opõe ao objectivo acima enunciado. E é isto que serve de base à ideia, propalada pelos habituais comentadores e analistas, de que «este Governo vai até ao fim da legislatura», assim procurando desmobilizar, pelo desânimo, a luta das massas e criar condições para a eternização da política de direita e dos seus protagonistas.
Mas sabem eles, e sabemos nós, que a luta organizada dos trabalhadores vencerá. E que essa vitória será tanto mais rápida quanto maior e mais forte for a mobilização, quantos mais forem os homens, mulheres e jovens a participar, convictos e determinados, na luta.
Contribuir para que assim seja, é tarefa primordial do colectivo partidário comunista no ano que agora começa – a par daquela que é a sua preocupação de todos os momentos: o reforço do Partido.