Ucrânia

Estratégia de confrontação

As au­to­ri­dades ucra­ni­anas con­fir­maram, do­mingo, a en­trada em vigor de um de­creto que am­nistia todos os 234 ma­ni­fes­tantes acu­sados de de­litos co­me­tidos entre 27 de De­zembro e 2 de Fe­ve­reiro. De acordo com um co­mu­ni­cado da pro­cu­ra­doria-geral, ci­tado pela AFP, a lei que en­trou em vigor na se­gunda-feira, 17, ga­rante a anu­lação dos pro­cessos contra o cum­pri­mento dos termos do acordo entre go­verno e opo­sição. Uma das con­tra­par­tidas é o aban­dono dos edi­fí­cios pú­blicos ocu­pados nos úl­timos meses.

Opo­si­tores que na manhã de do­mingo vol­taram a juntar de­zenas de mi­lhares de pes­soas na Praça da In­de­pen­dência, na ca­pital da Ucrânia, rei­te­rando a exi­gência de de­missão do pre­si­dente Viktor Ia­nu­co­vich. Os lí­deres dos par­tidos «Pá­tria», «Golpe» e «Li­ber­dade», or­ga­ni­za­ções de di­reita e nazi-fas­cistas, apre­sen­taram ainda um ul­ti­mato ao Go­verno para que inicie re­formas cons­ti­tu­ci­o­nais, ame­a­çando com novas ocu­pa­ções e dis­túr­bios, no­ti­ciou a Prensa La­tina.

A de­so­cu­pação dos edi­fí­cios pú­blicos pode, en­tre­tanto, ser apenas uma sus­pensão tem­po­rária dos in­tentos gol­pistas. Por estes dias, a ex-pri­meira-mi­nistra Iulia Ti­mos­chenko veio a pú­blico de­fender que apesar de «os nossos amigos eu­ro­peus acre­di­tarem que ne­go­ci­a­ções e em­prés­timos con­se­guirão trazer Viktor Ia­nu­ko­vich de volta ao ca­minho eu­ropeu», tal não vai re­sultar, disse, de acordo com a Lusa.

Em Berlim, a apre­ci­ação es­tra­té­gica da ex-go­ver­nante ucra­niana, con­de­nada por abuso de poder, ganha força, tanto mais que à ca­pital ger­mâ­nica se prevê que che­guem os lí­deres dos par­tidos «Golpe» e «Pá­tria», Vi­tali Klits­chko e Ar­seniy Yat­senuk (que é também co-fun­dador da ONG Ucrânia Aberta), res­pec­ti­va­mente.

Klitshko é um ex-bo­xeur cujo pe­ríodo mais ful­gu­rante da car­reira foi feito na Ale­manha, apoiado sem ro­deios nos seus in­tentos de can­di­dato à pre­si­dência da Ucrânia pela Fun­dação Ade­nauer, pela pró­pria chan­celer Merkel e pelo ex-mi­nistro dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros ger­mâ­nico Guido Wes­terwelle.

Outro ponto de apoio cen­tral da es­tra­tégia de con­fron­tação vi­o­lenta da opo­sição são os EUA, cuja se­cre­tária de Es­tado ad­junta foi apa­nhada, re­cen­te­mente, a con­versar com o em­bai­xador norte-ame­ri­cano em Kiev sobre o plano para a «mu­dança de re­gime» na Ucrânia. O ver­ná­culo di­ri­gido à UE por Vic­toria Nu­land foi, aliás, a parte mais de­sin­te­res­sante da gra­vação tor­nada pú­blica.

Tal como Wes­terwelle, o se­nador norte-ame­ri­cano Jonh Mc­Cain ou a chefe da di­plo­macia da UE, Cathe­rine Ashton, também Nu­land foi já à Praça da In­de­pen­dência na Ucrânia. Para além de ter dis­tri­buído bo­la­chas guar­dada por um ba­ta­lhão de ne­o­nazis, terá tra­tado da en­trega de mais 15 mi­lhões de dó­lares à sub­versão, parte do fi­nan­ci­a­mento ca­na­li­zado pelos EUA através de uma série de or­ga­ni­za­ções e fun­da­ções, de­nun­ciam ar­tigos de Mike Whitney e Ángel Ca­brera no Coun­ter­Punch e no La Jor­nada, dis­po­ní­veis no re­be­lion.org.

Uma dessas pla­ta­formas é o Ins­ti­tuto Al­bert Eins­tein para a re­sis­tência não-vi­o­lenta, cujo fun­dador, Gene Sharp, ad­mite que «fa­zemos aber­ta­mente o que há 20 anos a CIA fazia em se­gredo».




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