Agressão imperialista

Síria resiste

O Con­selho de Se­gu­rança da ONU (CS) aprovou uma re­so­lução que so­li­cita a agi­li­zação da en­trega de ajuda hu­ma­ni­tária às po­pu­la­ções atin­gidas pela guerra na Síria, país que con­tinua sob as­sédio do im­pe­ri­a­lismo.

«Na Casa Branca ava­liam-se op­ções mi­li­tares»

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De­pois de cor­ri­gido o texto ini­cial, apre­sen­tado pela Aus­trália, Lu­xem­burgo e Jor­dânia, e apoiado pelos EUA, Grã-Bre­tanha e França, a Rússia e a China, que ad­vogam a des­po­li­ti­zação da questão hu­ma­ni­tária, vo­taram fa­vo­ra­vel­mente, no­ti­ciou a Lusa. Em causa es­tava a im­po­sição de san­ções a Da­masco pela não aber­tura de cor­re­dores hu­ma­ni­tá­rios, mas Mos­covo alertou que os prin­ci­pais obs­tá­culos nesta ma­téria eram co­lo­cados pelos grupos ar­mados e que a me­dida tinha de ser apoiada pela Síria, a qual de­ta­lhou, por sua vez, que tal obe­dece a con­di­ções de se­gu­rança con­cretas, sob pena de fa­vo­recer a en­trega de ar­ma­mento aos jiha­distas res­pon­sá­veis pelo ter­ro­rismo no país.

A cor­ro­borar os ar­gu­mentos da Rússia e da Síria, para além dos vá­rios ata­ques bom­bistas «re­beldes» que con­ti­nuam a ceifar de­zenas de vidas civis, actos de sa­bo­tagem dei­xaram, a se­mana pas­sada, as re­giões de Tar­tous e La­takia, Hama, Idleb e Alepo, e Has­sakeh sem energia eléc­trica. Em Adra, as au­to­ri­dades acusam os ter­ro­ristas de usarem os civis como es­cudos hu­manos, e no do­mingo, 23, Da­masco de­nun­ciava que os «re­beldes» im­pe­diam o Cres­cente Ver­melho de fazer chegar ali­mentos e me­di­ca­mentos aos re­clusos da prisão cen­tral de Alepo, de acordo com a Prensa La­tina.

Na úl­tima se­mana, e de acordo com a mesma agência, vá­rios res­pon­sá­veis sí­rios reu­niram com re­pre­sen­tantes de en­ti­dades hu­ma­ni­tá­rias das Na­ções Unidas. Os pri­meiros ga­ran­tiram o pros­se­gui­mento dos es­forços para que às po­pu­la­ções chegue a ajuda de emer­gência; os se­gundos elo­gi­aram o papel de­sem­pe­nhado até ao mo­mento pelo go­verno li­de­rado por Ba­char al-Assad a este res­peito.

Nova es­ca­lada

A hora é, assim, ainda de re­sis­tência, pesem as in­for­ma­ções di­vul­gadas pelas au­to­ri­dades sí­rias sobre avanços mi­li­tares no ter­reno e a eli­mi­nação de mer­ce­ná­rios, sau­ditas e li­ba­neses, por exemplo. Em re­lação ao Lí­bano, de re­ferir os aten­tados de bri­gadas ex­tre­mistas is­lâ­micas que pro­vo­caram, nos úl­timos dias, a morte a pelo menos sete pes­soas e dei­xaram ou­tras 116 fe­ridas em Hermel, na fron­teira com a Síria, e na zona Sul da ca­pital, Bei­rute, mos­trando o ob­jec­tivo de ar­rastar o Hez­bollah para um en­vol­vi­mento cres­cente no con­flito.

Quanto à Arábia Sau­dita, foi acu­sada pela Síria na quarta-feira, 19, na ONU, de en­ca­beçar os es­tados pro­mo­tores do ter­ro­rismo no país, en­quanto o Wall Street Journal afirma que o país de­verá con­ti­nuar a fun­ci­onar como pla­ta­forma gi­ra­tória do for­ne­ci­mento dos bandos ar­mados pagos por Washington. O jornal cita fontes lo­cais que ga­rantem mesmo que armas anti-tanque e anti-aé­reas de fa­brico russo e chinês che­garam já à Tur­quia e à Jor­dânia via Riad. Tal terá sido acor­dado no final de Ja­neiro com lí­deres «re­beldes» e res­pon­dendo ao seu apelo para o envio de ar­ma­mento capaz de res­ponder à ofen­siva de Da­masco, no­ti­ciou o Washington Post.

Ba­rack Obama anun­ciou, dia 14, que vai apoiar a Jor­dânia com um mi­lhão de dó­lares su­ple­men­tares aos 660 mi­lhões ca­na­li­zados anu­al­mente a tí­tulo de em­prés­timo aliado. Es­pe­cula-se que po­derá ser um fi­nan­ci­a­mento en­co­berto das ope­ra­ções de pre­pa­ração de uma agressão mi­litar aberta contra a Síria. Tanto mais que, a meio da se­mana pas­sada, o Pen­tá­gono con­firmou que ao Me­di­ter­râneo chegou um con­tin­gente de vasos de guerra an­fí­bios com mi­lhares de mi­li­tares. Para a re­gião partiu, também, um porta aviões com o su­ges­tivo nome de Ge­orge H. W. Bush.

A CNN as­se­gura que na Casa Branca se avalia op­ções mi­li­tares sob o ar­gu­mento da im­po­sição dos já co­nhe­cidos «cor­re­dores hu­ma­ni­tá­rios» e zonas de ex­clusão aérea para pro­tecção de civis (Ju­gos­lávia, 1999, Iraque 1991 e 2003, Líbia, 2011), não sendo por isso de es­tra­nhar que antes de for­çarem a apro­vação da re­fe­rida re­so­lução no Con­selho de Se­gu­rança das Na­ções Unidas, onde um avanço tác­tico desta es­tra­tégia es­tava ex­presso, os EUA, bem como a Grã-Bre­tanha e a França, te­nham acu­sado Da­masco de frus­trar as con­ver­sa­ções de paz que de­cor­reram em Ge­nebra – onde im­pe­ri­a­listas e re­pre­sen­tantes da «opo­sição síria» nunca qui­seram dis­cutir o ter­ro­rismo no país –, e que se en­con­tram sus­pensas sine die.




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