Concerto p/ Cravos e Orquestra - opus 40
Frédéric Chopin, Ludwig van Beethoven, Robert Schumann, Wolfgang Amadeus Mozart são os grandes compositores clássicos escolhidos este ano para a abertura do Palco 25 de Abril, na Festa do Avante!.
Cabe à Sinfonietta de Lisboa, sob a direcção do Maestro Vasco Pearce de Azevedo, interpretar mais uma vez, obras que, a exemplo dos anos anteriores, vão emocionar a grande plateia que assiste a este concerto.
Tendo naturalmente adquirido especial projecção na programação da Festa e procurando reflectir em cada ano figuras ou acontecimentos que marcaram a vida portuguesa, com toda a coerência o concerto em 2014 se associa à efeméride este ano celebrada pelo povo português: o 40.º aniversário da Revolução de Abril.
Não se tratava de um programa fácil de definir: muitas peças sinfónicas de clara ligação aos valores que reconhecemos no Portugal de Abril foram já apresentadas no Palco que ostenta exactamente esse nome: a IX e V Sinfonias de Beethoven, as obras de Fernando Lopes-Graça, duas galas de ópera que seleccionaram os talvez mais significativos momentos do bel-canto dos mais variados países, vigorosos sons de Shostakovich e Prokofieff determinados pela heróica resistência e pela vitória do povo soviético sobre o nazi-fascismo, o modernismo revolucionário de Stravinsky, o génio barroco de Bach, Haendel e tantos outros.
A definição do programa requereu assim uma procura de obras que, numa buscada diversidade, reflectissem os numerosos aspectos que a nossa memória colectiva retém da madrugada de há quatro décadas. O primeiro tema constituiu, confesse-se, uma surpresa! Uma «Polonaise» de Chopin, um compositor que do piano fez o seu instrumento de eleição e de que escola interpretativa, felizmente corrigida pelo tempo e pelo rigor musical, rodeava de uma inadequada aura romântica. Verificou-se que a «Polonaise» Opus 40 fora designada pelo seu autor – «Militar», uma homenagem ao heroísmo e patriotismo então demonstrados pelo exército polaco. Sessenta 60 anos mais tarde, o compositor russo Alexander Glazunov transformou-a numa sequência sinfónica que lhe concedeu toda a combativa grandiosidade que exigia. Teremos pois uma Opus 40 «Militar» para quarenta anos após o mundo ter visto militares com armas carregadas de cravos e futuro!
Completa o programa uma interessante peça de Schumann para 4 trompas e orquestra e dois compositores com presença indispensável na criação de sonoridades ligadas ao Homem e à sua liberdade: Beethoven (1.º andamento da sinfonia «Heróica») e outra Opus 40 – mas esta de Mozart!