Desigualdades e pobreza aumentam em França

Pobres mais pobres

Os po­bres estão mais po­bres, os ricos mais ricos, e es­capar à po­breza é mais di­fícil não só para os de­sem­pre­gados mas também para os tra­ba­lha­dores no ac­tivo.

A po­breza atingiu mais dez por cento dos tra­ba­lha­dores

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O au­mento das de­si­gual­dades em França é uma das prin­ci­pais con­clu­sões do úl­timo inqué­rito do Ins­ti­tuto Na­ci­onal de Es­ta­tís­tica (Insee), pu­bli­cado dia 2, sob o tí­tulo «Ren­di­mentos e Pa­tri­mónio das Fa­mí­lias».

O es­tudo mostra que 40 por cento dos in­di­ví­duos mais des­fa­vo­re­cidos viram o seu poder de compra di­mi­nuir entre 0,2 por cento e 0,8 por cento. In­ver­sa­mente os 40 por cento mais abas­tados me­lho­raram a sua si­tu­ação entre 0,1 e 0,8 por cento.

Os dados são re­la­tivos a 2011 e por isso não re­flectem o agra­va­mento da si­tu­ação so­cial ve­ri­fi­cado desde então. No en­tanto, já nesse ano, a ten­dência era clara: a per­cen­tagem de po­bres con­ti­nuou a au­mentar, atin­gindo 14,3 por cento da po­pu­lação, a um ritmo de 0,3 pontos per­cen­tuais por ano.

Em França, tal como na ge­ne­ra­li­dade dos países, o li­miar da po­breza cor­res­ponde a 60 por cento do ren­di­mento me­diano do con­junto da po­pu­lação, ou seja, neste caso a 978 euros em 2011.

É certo que os de­sem­pre­gados re­pre­sen­taram quase me­tade dos novos po­bres, no en­tanto, também os tra­ba­lha­dores no ac­tivo foram «muito atin­gidos», com a res­pec­tiva taxa de po­breza a au­mentar 0,6 pontos per­cen­tuais, de 6,3 para 6,9 por cento.

Como su­blinha o Insee, «desde 2007 que não se re­gis­tava uma su­bida tão acen­tuada de pes­soas po­bres no uni­verso dos tra­ba­lha­dores no ac­tivo».

Tal su­bida, ex­plica o es­tudo, re­sulta da «quase es­tag­nação dos baixos sa­lá­rios a preços cons­tantes [des­con­tando a in­flação] e mesmo da re­dução de 0,3 por cento do sa­lário mí­nimo na­ci­onal bruto ho­rário em média anual».

Po­breza per­sis­tente

Desde 2008 que sair da po­breza se tornou cada vez mais di­fícil. Assim, em 2010, 34 por cento dos in­di­ví­duos po­bres saíram dessa si­tu­ação, en­quanto 66 por cento per­ma­ne­ceram nela e ou­tros seis por cento «não po­bres» caíram na po­breza.

Só entre 2009 e 2010, pas­saram por uma si­tu­ação de po­breza 18 por cento da po­pu­lação da França con­ti­nental, pelo menos du­rante um ou dois anos.

Se no pe­ríodo de 2004 a 2005, 42 por cento dos in­di­ví­duos po­bres saíram dessa si­tu­ação, entre 2009 e 2010 foram apenas 35 por cento os que lo­graram fazê-lo.

Deste modo, o cres­ci­mento do nú­mero de po­bres nos úl­timos anos deve-se so­bre­tudo «à per­sis­tência da po­breza» con­clui o Insee, no­tando que quanto mais tempo as pes­soas estão nessa si­tu­ação, mais di­fícil se torna sair dela, in­de­pen­den­te­mente das ca­te­go­rias sócio-pro­fis­si­o­nais.

Sendo certo que os qua­dros e pro­fis­sões in­ter­mé­dias têm mais fa­ci­li­dade em sair da po­breza ao fim de um ano, do que os ope­rá­rios ou inac­tivos, essa van­tagem tende a des­va­necer-se para aqueles que vivem três anos con­se­cu­tivos na po­breza.

Por úl­timo, re­fira-se que o sis­tema so­cial francês con­tinua a in­cen­tivar a na­ta­li­dade, a ponto de o risco de po­breza das fa­mí­lias di­mi­nuir com o nas­ci­mento de um filho, de­vido ao cor­res­pon­dente au­mento das pres­ta­ções so­ciais ou à di­mi­nuição de im­postos.




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