LUTA FESTA CONFIANÇA

«A luta vai pros­se­guir: pela rup­tura com esta po­lí­tica, por uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda»

Con­tra­ri­ando os apelos à des­mo­bi­li­zação as­so­ci­ados à te­oria das ine­vi­ta­bi­li­dades e da ine­fi­cácia das lutas ou à in­sis­tente ten­ta­tiva para fazer passar a ideia de que Por­tugal está no bom ca­minho e que, de­pois da «saída limpa», a re­cu­pe­ração está em marcha, foi muito sig­ni­fi­ca­tiva a par­ti­ci­pação e com­ba­ti­vi­dade dos tra­ba­lha­dores na ma­ni­fes­tação da pas­sada quinta-feira. Uma ma­ni­fes­tação cons­truída pela força or­ga­ni­zada do mo­vi­mento sin­dical uni­tário e que, mesmo em tempo de Verão (e de fé­rias para muitos), con­tando com um curto tempo de pre­pa­ração e o si­len­ci­a­mento da co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante, trouxe a Lisboa de­zenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores em luta contra a ten­ta­tiva de des­truição da con­tra­tação co­lec­tiva, em de­fesa de di­reitos la­bo­rais, pela de­missão do Go­verno e der­rota da po­lí­tica de di­reita, por uma po­lí­tica de es­querda e so­be­rana.

En­tre­tanto, cada vez mais des­gas­tado e so­ci­al­mente iso­lado, con­ti­nu­ando a be­ne­fi­ciar do apoio do PR, o Go­verno pros­segue e in­ten­si­fica a ofen­siva contra os tra­ba­lha­dores e o povo, num quadro de fla­grante con­fronto com a Cons­ti­tuição. Tenta a des­truição da con­tra­tação co­lec­tiva, pre­para-se para novo roubo nos sa­lá­rios e pen­sões, a des­truição de ser­viços pú­blicos e mais pri­va­ti­za­ções. Pri­va­ti­za­ções que, como se está a as­sistir no BES com a con­se­quente li­be­ra­li­zação da cir­cu­lação de ca­pi­tais e a fa­lácia da re­gu­lação, são res­pon­sá­veis pelo cor­tejo de cor­rupção, roubos e es­pe­cu­lação fi­nan­ceira, que con­firmam a jus­teza da re­cla­mação do PCP do con­trolo pú­blico da banca co­mer­cial. Por outro lado, este ataque do Go­verno à con­tra­tação co­lec­tiva in­sere-se num plano mais global de au­mento da ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento, pela trans­fe­rência para as mãos do grande ca­pital dos ren­di­mentos que vão sendo re­ti­rados aos tra­ba­lha­dores e ao povo pela via dos cortes nos sa­lá­rios, su­ple­mentos e pen­sões, da re­cusa em aplicar o au­mento do SMN para os 515 euros, do au­mento dos im­postos e da ten­ta­tiva de trans­formar a CES numa con­tri­buição per­ma­nente.

Ofen­siva que be­ne­ficia igual­mente da ope­ração de grande fô­lego em curso no PS, que, si­mu­lando uma dis­puta in­terna de grandes pro­por­ções entre duas con­cep­ções po­lí­tico-par­ti­dá­rias, visa o bran­que­a­mento das suas res­pon­sa­bi­li­dades na si­tu­ação ac­tual do País e a sua iden­ti­fi­cação com o rumo de de­sastre na­ci­onal que, em con­junto com o PSD e CDS, tem vindo e quer con­ti­nuar a impor ao povo por­tu­guês.

 

Cons­ci­entes da ver­da­deira na­tu­reza deste roubo, os tra­ba­lha­dores e o povo não de­sarmam: foi a ma­ni­fes­tação do pas­sado dia 10; a ele­vada adesão à greve dos mé­dicos de 8 e 9 em de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde; a greve contra o des­pe­di­mento co­lec­tivo na Con­tro­lin­vest na pas­sada sexta-feira; foram e vão ser as inú­meras ac­ções de pro­testo das po­pu­la­ções contra o en­cer­ra­mento de es­colas e de ou­tros ser­viços pú­blicos, com des­taque para as ac­ções re­a­li­zadas em Va­longo e Por­timão contra o en­cer­ra­mento das ur­gên­cias e da ma­ter­ni­dade, res­pec­ti­va­mente e o pro­testo dos ad­vo­gados junto à AR contra o novo Mapa Ju­di­ciário; foi o En­contro Na­ci­onal de Edu­cação, pro­mo­vido pela FEN­PROF, ontem, em Lisboa. E vai ser: a greve dos tra­ba­lha­dores das cen­trais dos CTT de Lisboa, Coimbra e Porto de 21 de Julho a 1 de Agosto, a greve dos en­fer­meiros do Centro de Saúde da Ma­rinha Grande nos dias 22 e 23, a ma­ni­fes­tação de agri­cul­tores em Aveiro no dia 24 e a luta dos tra­ba­lha­dores em con­trato em­prego de in­serção, no dia 25. Luta que vai ter um novo ponto de con­ver­gência no dia 25 de Julho em Lisboa com uma Con­cen­tração Na­ci­onal de di­ri­gentes, de­le­gados e ac­ti­vistas sin­di­cais se­guida de des­file para a AR em re­jeição da pro­posta de lei sobre a re­con­fi­gu­ração dos cortes sa­la­riais que nesse dia ali de­verá ser vo­tada.

Luta que pros­se­guirá du­rante o mês de Agosto com uma cam­panha de es­cla­re­ci­mento e sen­si­bi­li­zação junto dos tra­ba­lha­dores e da po­pu­lação sobre a ofen­siva em curso. Luta que, para ter êxito, deve con­ti­nuar cen­trada na acção rei­vin­di­ca­tiva dos tra­ba­lha­dores e das suas es­tru­turas sin­di­cais, nas em­presas e lo­cais de tra­balho.

 

Em ar­ti­cu­lação com a luta de massas, que pro­cura es­ti­mular, o PCP pros­segue a sua cam­panha de re­forço or­gâ­nico do Par­tido (em par­ti­cular a acção de con­tactos, a cam­panha de re­cru­ta­mento e o re­forço nas em­presas e lo­cais de tra­balho) e de­sen­volve in­tensa ac­ti­vi­dade vi­sando a cons­trução da uni­dade e con­ver­gência com todos aqueles que não se re­vêem nesta po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal e en­tendem ne­ces­sária uma real al­ter­na­tiva à po­lí­tica de di­reita. De­pois dos en­con­tros já re­a­li­zados com a ID, PEV, CGTP-IN, FEN­PROF, BE, Ordem dos Ad­vo­gados e Ordem dos Mé­dicos, ou­tros se vão se­guir.

Hoje, às 18 horas, no Grande Au­di­tório do ISCTE, será apre­sen­tado o V Tomo das Obras Es­co­lhidas de Álvaro Cu­nhal, que abrange o pe­ríodo que vai de Abril de 1974 a De­zembro de 1975, e nos dias 26 e 27 de Julho a JCP vai re­a­lizar em Évora o Acam­pa­mento pela Paz.

Pros­segue também a pre­pa­ração da 38.ª edição da Festa do Avante! com novas jor­nadas de tra­balho e inú­meras ac­ções de di­vul­gação e pro­jecção por todo o País e a venda an­te­ci­pada da EP.

 

No ano em que co­me­mo­ramos o 40.º ani­ver­sário do 25 de Abril, a luta que o tornou pos­sível, que foi motor das trans­for­ma­ções re­vo­lu­ci­o­ná­rias da­quele pe­ríodo, que foi o grande factor de re­sis­tência à des­truição das suas con­quistas e va­lores, vai pros­se­guir. Uma luta im­pa­rável pela der­rota deste Go­verno, pela rup­tura com esta po­lí­tica, por uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda.