Funcionários britânicos dizem basta à austeridade

Um milhão em greve

Mais de um mi­lhão de fun­ci­o­ná­rios pú­blicos bri­tâ­nicos cum­priram, dia 10, uma greve de 24 horas contra o con­ge­la­mento dos sa­lá­rios e o pros­se­gui­mento das po­lí­ticas anti-so­ciais.

Mo­vi­mento anti-aus­te­ri­dade alarga-se no Reino Unido

À jor­nada ade­riram di­fe­rentes sin­di­catos do sector, que pro­mo­veram cerca de meia cen­tenas de ma­ni­fes­ta­ções em In­gla­terra e no País de Gales, in­cluindo um grande pro­testo em Lon­dres, entre a sede da BBC e Tra­falgar Square.

Em 2010 os sa­lá­rios no sector pú­blico foram con­ge­lados por dois anos, a pre­texto de equi­li­brar as contas pú­blicas. De­pois o go­verno con­ser­vador-li­beral li­mitou a ac­tu­a­li­zação a um por cento ao ano.

Esta po­lí­tica de re­dução dos sa­lá­rios reais é con­tes­tada pelos sin­di­catos, uma vez que o poder de compra dos tra­ba­lha­dores tem vindo a cair de ano para ano.

Ma­ni­fes­tando o seu apoio à greve, Frances O’­Grady, se­cre­tária-geral do Con­gresso dos Sin­di­catos (Trades Union Con­gress, TUC), foi ex­pres­siva: «Já chega!». Os tra­ba­lha­dores estão a ser «dei­xados de fora» da re­toma da eco­nomia.

A sin­di­ca­lista re­feria-se à di­mi­nuição do dé­fice pú­blico, de 11 por cento em 2010 para cerca de me­tade ac­tu­al­mente, e à pers­pec­tiva de cres­ci­mento da eco­nomia em 2,7 por cento.

Nesta greve, que foi a maior dos úl­timos três anos, par­ti­ci­param tra­ba­lha­dores dos mu­ni­cí­pios, da Saúde, dos trans­portes, tri­bu­nais, mu­seus e bi­bli­o­tecas, pro­fes­sores e pes­soal não do­cente das es­colas, bom­beiros, entre ou­tros grupos pro­fis­si­o­nais.

A forte adesão à greve não sur­pre­endeu o se­cre­tário-geral da União de Sin­di­catos dos Ser­viços Pú­blicos (Unison), Dave Prentis, já que, ga­rantiu, a di­mi­nuição dos sa­lá­rios se tornou in­to­le­rável, exis­tindo mais de um mi­lhão de tra­ba­lha­dores no sector com re­mu­ne­ra­ções abaixo do mí­nimo de so­bre­vi­vência, dos quais meio mi­lhão nas au­tar­quias.

«Ao re­cusar às au­tar­quias os meios de que ne­ces­sitam para as­se­gurar ser­viços pú­blicos es­sen­ciais e pagar sa­lá­rios justos», acres­centou Prentis, o go­verno perde uma opor­tu­ni­dade não só de in­jectar di­nheiro na eco­nomia, mas também de criar os tão ne­ces­sá­rios em­pregos a tempo in­teiro».

No caso dos pro­fes­sores, os sa­lá­rios caíram em média 15 por cento. Em con­tra­par­tida o ho­rário de tra­balho atinge as 60 horas se­ma­nais e a idade da re­forma subiu para os 68 anos.

Mudar de po­lí­ticas

O se­cre­tário na­ci­onal do mo­vi­mento «As­sem­bleia Po­pular Contra a Aus­te­ri­dade», Sam Fair­bairn, ci­tado pelo jornal Mor­ning Star, con­si­derou que a greve dos fun­ci­o­ná­rios e a jor­nada na­ci­onal dos sin­di­catos mar­cada para 18 de Ou­tubro cons­ti­tuem pontos mar­cantes na re­sis­tência aos cortes.

Estas ac­ções po­derão criar uma crise po­lí­tica no go­verno, num mo­mento em que se apro­ximam as elei­ções le­gis­la­tivas, e levar os tra­ba­lhistas a des­vin­cu­larem-se das po­lí­ticas de aus­te­ri­dade.

O pri­meiro-mi­nistro, David Ca­meron, des­va­lo­rizou o pro­testo ale­gando que foi «obra de uma pe­quena mi­noria». Anun­ciou ainda que vai propor leis anti-ma­ni­fes­ta­ções no seu pro­grama para as elei­ções de 2015.



Mais artigos de: Europa

Regressão na UE

A Co­missão Eu­ro­peia ten­ciona re­tirar o pro­jecto de di­rec­tiva da li­cença de ma­ter­ni­dade, apro­vado em 2010 pelo PE e ao qual o Con­selho Eu­ropeu nunca deu se­gui­mento.

Cadáveres sob a Europa fortaleza

Mais de 23 mil pessoas perderam a vida na última década ao tentarem entrar na União Europeia ilegalmente, segundo revela um relatório da Amnistia Internacional, divulgado dia 9. A organização refere que entre 2007 e 2013 a União Europeia gastou cerca de dois mil...

Pelo direito à greve e ao protesto

Milhares de pessoas manifestaram-se, dia 9, frente às delegações e subdelegações do governo em toda a Espanha para exigir o respeito pela liberdade sindical e pelo direito de greve e o fim das tentativas de criminalizar os protestos sociais e laborais. Estas acções,...

João Ferreira <i>vs</i> Juncker

O desrespeito revelado por Jean-Claude Juncker (candidato indigitado pelo Conselho Europeu para a Presidência da Comissão Europeia) para com João Ferreira, deputado do PCP no Parlamento Europeu, provocou alguma indignação de alguns órgãos de...