PCP defende controlo público dos sectores estratégicos

Condição de soberania e desenvolvimento

«Con­trolo pú­blico dos sec­tores es­tra­té­gicos da eco­nomia – con­dição para o de­sen­vol­vi­mento do País» foi o tema do de­bate pro­mo­vido, no dia 16, pela Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto do PCP.

O PCP pre­tende re­cu­perar para o País o que é do País

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O de­bate, pro­mo­vido pela Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto do PCP e re­a­li­zada num hotel da ci­dade, in­seriu-se no quadro da con­cre­ti­zação das con­clu­sões do XIX Con­gresso e da re­so­lução apro­vada na reu­nião do Co­mité Cen­tral de De­zembro pas­sado. Par­ti­ci­param Agos­tinho Lopes, do Co­mité Cen­tral (e res­pon­sável pela Co­missão de As­suntos Eco­nó­micos junto do CC), Jaime Toga e Vasco Car­doso, ambos da Co­missão Po­lí­tica, a que se jun­taram de­zenas de mem­bros de di­versas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores que res­pon­deram ao con­vite do PCP.

Coube a Jaime Toga abrir o de­bate, re­fe­rindo que «o es­tado de de­fi­nha­mento em que a po­lí­tica de di­reita mer­gu­lhou o País» levou ao au­mento da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e ao agra­va­mento dos pro­blemas so­ciais. Esta re­a­li­dade sente-se na re­gião do Porto de forma mais in­tensa em sec­tores onde o «ataque, des­man­te­la­mento e des­truição do sector pro­du­tivo e de em­presas e sec­tores es­tra­té­gicos ocor­reram mais pre­co­ce­mente», acres­centou. Como exem­plos, o res­pon­sável pela DORP apontou a re­fi­naria do Porto da Pe­trogal, a con­cessão e por­ta­ja­mento das ex-SCUT na re­gião e a pri­va­ti­zação dos CTT, que foi acom­pa­nhada pelo en­cer­ra­mento de de­zenas de postos e es­ta­ções dos cor­reios.

Par­ti­cular des­taque foi dado ao sector dos trans­portes, a braços com pro­fundas al­te­ra­ções para pior. A sub­con­cessão a pri­vados da ex­plo­ração co­mer­cial da STCP – tal como já su­cede com a Metro do Porto – e o ataque ao papel da EMEF na ma­nu­tenção fer­ro­viária, no­me­a­da­mente a ameaça que paira sobre as suas ofi­cinas em Gui­fões, são casos re­ve­la­dores desta re­a­li­dade.

 Abrir ca­minho aos va­lores de Abril

 À in­ter­venção ini­cial se­guiram-se vá­rias ou­tras, ricas em in­for­mação de­ta­lhada quer sobre as imensas po­ten­ci­a­li­dades dos sec­tores es­tra­té­gicos da eco­nomia no de­sen­vol­vi­mento do País quer sobre as ame­aças que sobre eles pairam. A isto re­feriu-se Vasco Car­doso no en­cer­ra­mento do de­bate, afir­mando que a si­tu­ação do País veio con­firmar o quão «ajus­tada e opor­tuna tem sido a in­ter­venção do PCP, não apenas na de­núncia e no com­bate às pri­va­ti­za­ções, mas também na afir­mação de que não pode haver cres­ci­mento eco­nó­mico, de­sen­vol­vi­mento, em­prego, so­be­rania se os sec­tores bá­sicos e es­tra­té­gicos da nossa eco­nomia es­ti­verem nas mãos dos grupos eco­nó­micos».

Re­fe­rindo-se ao pro­cesso de pri­va­ti­za­ções – que ca­rac­te­rizou como sendo «tudo menos ca­suís­tico» –, o di­ri­gente co­mu­nista afirmou que «este foi o Go­verno que, na con­ti­nui­dade dos PEC dos go­vernos do PS, ace­lerou em larga me­dida o pro­cesso de con­cen­tração mo­no­po­lista que se tem vindo a ve­ri­ficar em Por­tugal». Do mesmo modo, pre­cisou, «tudo quanto tem sido im­posto, no plano do roubo nos sa­lá­rios, pen­sões e pres­ta­ções so­ciais, no plano da de­gra­dação e en­cer­ra­mento de ser­viços pú­blicos, no plano do as­salto fiscal aos tra­ba­lha­dores e às PME, está a ser feito não para re­solver os pro­blemas do País, mas para en­tregar sob a forma de juros, apoios e pri­vi­lé­gios mi­lhares de mi­lhões de euros para os bolsos do grande ca­pital».

A re­cu­pe­ração do con­trolo pú­blico dos sec­tores es­tra­té­gicos da eco­nomia re­pre­senta, para Vasco Car­doso, «não apenas um eixo fun­da­mental da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda de que o País pre­cisa, mas so­bre­tudo uma con­dição para que o País se possa de­sen­volver e as­se­gurar a sua so­be­rania». Por aqui passa a re­toma dos va­lores de Abril e o ca­minho para a «in­dis­pen­sável rup­tura e mu­dança na vida na­ci­onal» tão mais re­a­li­zável quanto mais «ex­pres­sivo for o de­sen­vol­vi­mento da luta de massas e mais lar­ga­mente se afirmar a frente de opo­sição à po­lí­tica de di­reita».



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