- Nº 2124 (2014/08/14)
Dinheiros públicos para tapar buracão no BES

História mal contada

Assembleia da República

Questão que nas audições na AR não obteve resposta nem da ministra das Finanças nem do governador do Banco de Portugal é a que se refere ao descalabro completo do BES na bolsa entre quinta-feira (31 de Julho) e sexta-feira (1 de Agosto), dia em que as acções foram suspensas depois das 15 horas.

Miguel Tiago suscitou o tema lembrando que a «débâcle» ocorre na sequência da decisão do Governo de dividir o banco tomada um ou dois dias antes. O Conselho de Ministros faz um decreto-lei nessa quinta-feira e dá ao Banco de Portugal a capacidade de vender o BES a retalho.

Conhecedores da solução eram assim apenas o Banco de Portugal e o Governo. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), essa, como aliás a própria afirma em nota divulgada dia 8, já na sequência da audição a Carlos Costa, nada sabia quanto à decisão tomada.

Ora acontece que entre a decisão governamental e a suspensão tardia decretada pela CMVM, em poucas horas, há uma queda a pique das acções, o que levanta a legítima questão de saber se não foi usada informação privilegiada na transacção dos títulos do BES.

Certo e sabido é que a circunstância de a CMVM não ter sido informada da situação e, em conformidade, retirado a tempo o BES do mercado – e este é um dos enigmas que continua por deslindar –, teve como consequência a perda de milhões de euros para muita gente, incluindo muitos idosos que foram convidados a aplicar as suas poupanças dessa forma.