Entrar no Pavilhão Central é ter abertas as portas da arte. Esta magnífica galeria convida ao encontro do povo que é tema na arte e à arte que ganha o apreço do povo. Ano após ano, cresce a ousadia dos trabalhadores da arte e a vontade dos visitantes em conhecer a sua liberdade criadora.
O vasto calendário de realizações promovidas pelo Partido para festejar os 40 anos da Revolução de Abril incluiu duas exposições de elevado interesse artístico e público, que estiveram patentes na Festa. Uma de fotografia intitulada «40 fotos nos 40 anos do 25 de Abril» e a outra de várias artes designada «Rupturas Anos 70».
40 fotos nos 40 anos do 25 de Abril
Das fotografias feitas por Eduardo Gageiro entre 1960 e 2010 foram escolhidas quarenta, que expostas na Festa foram vistas por muitos milhares de visitantes.
Do conjunto, distingue-se as imagens que nos transportam aos momentos decisivos da Revolução e às transformações do nosso País.
Conta-nos Gageiro que na madrugada do 25 de Abril de 1974 foi avisado por amigos de que as tropas estavam em Lisboa e que, para conseguir os melhores planos, se anunciou «amigo do comandante» sem saber quem ele era.
As fotografias dadas a conhecer não registam só o instante captado ou o enquadramento escolhido pelo autor. O povo que fez a Revolução e as gerações dos que a recebem por testemunho demoram-se a olhá-las e percorrem-nas juntos.
Belas imagens que quase não cabem nas palavras. Em cima dos carros de combate esperam os soldados. A seu lado, muitos homens e mulheres na prisão e um mar de gente que das ruas não arredou pé. Soldado amigo, este povo está contigo, são os dedos levantados no V da vitória a resposta dada pelos militares. Os meninos, que quando forem grandes não vão combater, estão presentes e revelam ao Povo-MFA «Somos livres e felizes». O velho operário aguarda a entrega do boletim, o primeiro voto que lhe pertence e que é de todos para todos. De riso aberto, a camponesa confirma-nos que a terra só é de quem a ama e trabalha.
Belas fotografias que correm mundo e deixam de pertencer só ao fotógrafo. Mostradas ao colectivo integram o património de todos os que acreditam que a Revolução é herança exigente que precisamos de cumprir com confiança no futuro.
Um percurso pela arte do quotidiano
«Rupturas anos 70» deu a conhecer monumentos, bairros SAAL e cooperativas de habitação, pintura, cartazes, instalações e literatura que marcaram o princípio de uma nova era que proclamou mudança.
O percurso pela arte do quotidiano abrangeu diversas técnicas desde a arquitectura à apropriação da rua.
Quinze esculturas urbanas, erguidas em vários concelhos de Braga a Grândola, mostraram-se em igual número de fotografias. A arte e o fazer criativo trazidos à rua a completar e a marcar a paisagem. Do Porto ao Algarve, os projectos de arquitectura dos bairros SAAL, das cooperativas e associações de moradores que pelo trabalho de todos alojaram famílias que viviam em «precárias e desumanas habitações». Os cartazes das alianças vitoriosas expressadas nas palavras de ordem «Povo-MFA | MFA-Povo | Vasco-Povo | Povo-Vasco, MFA» e a literatura rasgaram horizontes, materializaram o sonho e encheram paredes.
Ao seu lado, as fotografias mostram os artistas construtores da Festa a pintarem os murais da primeira edição (1976) e a construírem a 1.ª Bienal de Artes Plásticas (1977).