Muito antes da hora marcada o comício já mexe – há quem escolha o local onde estender a manta ou instalar a cadeira, que as pernas pedem tréguas e os bancos não chegam para todos, mas desde que se consiga ouvir está tudo bem; apressam-se outros a caminho de pontos de encontro previamente marcados para integrar o desfile mal ouvem os bombos que pelas ruas da Festa, muito mais eficientes do que qualquer relógio, dão conta da hora que se aproxima; os mais previdentes já estão a «marcar lugar» ainda antes de acabar o espectáculo, trauteando canções com as bandeiras a acompanhar; mastigam outros o último naco do petisco e seguem mesmo de copo na mão, que o comício é cerimónia que não se perde mas não é de cerimónias...
Parece um formigueiro indisciplinado que no entanto sabe bem o rumo a seguir... mesmo se sem sair do lugar: o comício é para se ouvir (e até comentar!) de preferência na ampla plateia do palco 25 de Abril, mas se não puder ser também ninguém leva a mal. Há gente que chega e sobeja para que o comício da Festa seja, sempre, um grandioso comício.
A edição deste ano não foi diferente, apesar da chuva da véspera e da possibilidade de mais incidentes meteorológicos. Como de costume a juventude deu o mote, ruidosa e à desfilada, encabeçando o desfile. E quando Helena Casqueiro, da JCP, começou a sua intervenção, havia um mar de gente no terreiro e fora dele a assistir ao comício. Manuel Rodrigues, director do Avante!, e o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, intervieram de seguida – nas páginas que se seguem publica-se as intervenções na íntegra – deixando a quem os ouvia, camaradas e companheiros de luta, nacionais e estrangeiros, a certeza de que 40 anos depois da Revolução do 25 de Abril e 25 anos após a compra da Quinta da Atalaia o PCP está mais forte e não lhe faltam energias para prosseguir a luta para romper com o rumo de desastre nacional que vem sendo seguido por sucessivos governos de PS, PSD e CDS e construir um Portugal com futuro.
Dois momentos da intervenção de Jerónimo de Sousa foram particularmente saudados, e não por acaso: o anúncio de que desde o início do ano já se inscreveram no Partido mais 1100 novos militantes (mais de metade com menos de quarenta anos e um significativo número de mulheres, 37% do total) e a compra da Quinta do Cabo, mais sete hectares contíguos à Atalaia que vão permitir a expansão da Festa e a reorganização dos seus espaços para mais e melhor Festa do Avante!
Assim vai o PCP, com toda a confiança.