OUTRO RUMO PARA O PAÍS
«Retomar os valores de Abril e o projecto de progresso e de justiça social que a Constituição consagra»
O Governo esforça-se por concluir a cruzada que o grande capital lhe confiou: levar o mais longe possível o processo de restauração monopolista e de centralização e concentração da riqueza, iniciado há 38 anos. Temendo que a luta dos trabalhadores e das populações lhe possa encurtar a vida, acelera as «reformas» e aprofunda a política de direita lançando o País na mais complexa e perigosa situação desde os tempos do fascismo. E é tal ímpeto reformador que tem instalado a desorganização e o caos em todos os grandes domínios onde intervém: o cego subfinanciamento da educação gerou graves perturbações na abertura do ano lectivo; o novo Mapa Judiciário (decorrente do encerramento de dezenas de tribunais) provocou a paralisação na Justiça; a degradação do sistema financeiro despoletou novos escândalos na Banca; a drástica redução de meios humanos e técnicos no SNS arrastam a saúde para o terreno do negócio privado, em geral, dos grandes grupos económicos; os despedimentos colectivos em muitas empresas (casos mais recentes da Moviflor e do Barclays Bank), o encerramento de serviços públicos (só este ano, 311 escolas do 1.º ciclo) e a desregulamentação das relações laborais fizeram subir o desemprego e acrescentaram mais pobreza à pobreza (mais 600 mil pobres nos últimos três anos). E, antevendo as eleições, vai, ao mesmo tempo, dissimulando esta ofensiva com medidas e promessas meramente conjunturais e demagógicas, nomeadamente, o aumento do SMN para 505 euros (suportado em grande parte – 23 milhões – pela Segurança Social) e a descida de taxas e impostos.
Entretanto, os trabalhadores e as populações intensificam a luta. Luta que nas últimas semanas teve forte expressão em muitas empresas e sectores, com particular destaque para os trabalhadores da Administração Local, professores, enfermeiros, trabalhadores da Justiça, dos transportes e da hotelaria, entre muitos outros. E também a luta das populações contra o encerramento de serviços públicos e a acção do MURPI em defesa dos reformados, pensionistas e idosos.
Luta que continua em todas as frentes e que, nos próximos tempos, se vai intensificar, como se pode verificar na resolução do Conselho Nacional da CGTP-IN, realizado anteontem, 7, que marcou para 13 de Novembro um Dia Nacional de Indignação, Acção e Luta com greves e paralisações nos sectores público e privado por «mais emprego, melhores salários e por uma política de esquerda e soberana» e na decisão da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública de convocar para Lisboa uma manifestação nacional de trabalhadores da AP a 31 de Outubro.
Luta que, mais tarde ou mais cedo, há-de romper os constrangimentos que hoje se colocam ao desenvolvimento nacional e que colocam como prioridade a necessidade de derrotar o Governo, romper com a política de direita que implica igualmente a derrota das manobras daqueles que, sob um aparente projecto de mudança, se preparam para lhe prolongar a vida, e assegurar uma verdadeira alternativa patriótica e de esquerda.
Constrangimentos para cuja solução o PCP deu uma importante contribuição ao apresentar na AR, no passado dia 30 de Setembro, um Projecto de Resolução visando renegociar a dívida, preparar o País para a saída do euro e retomar o controlo público da banca, para abrir caminho a uma política soberana de desenvolvimento nacional.
PCP que continua a sua acção «A força do povo por um Portugal com futuro – uma política patriótica e de esquerda» com um diversificado leque de iniciativas à volta dos seis eixos da política patriótica e de esquerda, a realizar até 13 de Dezembro.
PCP que acaba de realizar, no distrito de Lisboa com base em Loures, as suas Jornadas Parlamentares, dias 6 e 7, procurando, a partir da realidade e dos problemas sentidos pelos trabalhadores e o povo, afirmar a política alternativa que coloque Portugal no rumo do progresso e desenvolvimento.
E que no passado fim-de-semana realizou importantes iniciativas com a presença do Secretário-geral, camarada Jerónimo de Sousa, como foi o comício «Emprego, Direitos, Soberania – Uma política patriótica e de esquerda» em Braga, o almoço-convívio na Marinha Grande ou o comício na Quinta da Atalaia «Mais espaço, mais Festa. Futuro com Abril – Avante! com a campanha», onde foi lançada a Campanha Nacional de Fundos para aquisição da Quinta do Cabo, que vem acrescentar mais terreno à Festa do Avante! e melhores condições para a sua realização e para a luta.
Partido Comunista Português que, hoje como no passado, tudo fará pela unidade e convergência de democratas e patriotas e de outras forças políticas e sociais interessados em romper com o desastroso ciclo da política de direita que estamos a viver. Com todos aqueles que entendam necessária uma alternativa política para o País que retome os valores de Abril e dê cumprimento ao projecto de progresso e de justiça social que a Constituição da República Portuguesa consagra.