A situação que se vive no País continua marcada pela degradação da situação política, económica e social. Agrava-se as condições de vida dos trabalhadores e do povo à medida que se liquidam ou reduzem os direitos; alastra a pobreza como mancha de óleo à medida que a exploração e a injustiça avançam; cresce a dívida pública; aumenta o desequilíbrio da balança comercial; pesa sobre os trabalhadores e o povo uma insuportável carga fiscal; o desinvestimento público e o atrofiamento do mercado interno mantêm o País mergulhado numa prolongada recessão; a emigração passou a ser o destino forçado de milhares de portugueses; avança-se com novas privatizações, que significam mais destruição do aparelho produtivo; aos escândalos do BES/GES, do arranque do ano lectivo, da situação na Saúde, na Segurança Social e na Justiça junta-se agora a colocação à venda da PT pela Oi, culminando um longo processo de destruição da principal empresa de um sector estratégico para o País com milhares de postos de trabalho directos e indirectos, assumida vanguarda tecnológica e da qual dependem centenas de PME, com responsabilidades de sucessivos governos do PS, PSD e CDS.
Perante a aproximação de eleições e como se nada tivessem a ver com esta situação pantanosa, PS, PSD e CDS vão-se (re)posicionando no complexo xadrez político comandado pelo grande capital. O Governo apresentou ontem na AR um Orçamento do Estado para 2015 que, a par de algumas «migalhas» demagógicas, continua o saque dos direitos, a destruição dos serviços públicos, a liquidação do aparelho produtivo, a injusta distribuição do rendimento, a concentração monopolista da riqueza, o confisco aos trabalhadores e ao povo, o comprometimento da soberania e independência nacional.
O PS continua a acção de branqueamento, procurando apagar da memória dos portugueses as suas pesadas responsabilidades, no governo (cerca de 20 anos) ou na «oposição», pela política de desastre nacional que partilha com o PSD e CDS, ao longo de 38 anos: Tratado de Maastritch, Tratado de Lisboa, pacto de agressão da troika, Tratado Orçamental, Semestre Europeu e tantas outras malfeitorias. Preocupado com a alternância, desenvolve esforços para o apoio incondicional das novas formações políticas, ambicionando uma «robusta» maioria absoluta que prossiga a política de direita, como deixou claro, mais uma vez, ao preparar-se para votar ao lado do PSD e CDS contra o projecto de resolução do PCP «renegociar a dívida, preparar o País para a saída do euro e retomar o controlo público da banca, para abrir caminho a uma política soberana de desenvolvimento nacional». PCP que – porque luta pela demissão do Governo, pela ruptura com esta política e por uma verdadeira alternativa patriótica e de esquerda – é cada vez mais silenciado pelos órgãos de comunicação social dominante.
PCP que no entanto não se deixa intimidar e muito menos capitula e, pelo contrário, todos os dias se afirma e se reforça. É, de facto, intensa a acção do Partido como ficou visível nas iniciativas políticas das últimas semanas: comício na Quinta da Atalaia com mais de sete mil pessoas; diversas assembleias de organização concelhias e regionais; acção de reforço com uma nova fase na acção de contactos até ao fim do ano; campanha nacional de fundos para a compra da Quinta do Cabo; realização das jornadas parlamentares com um diversificado leque de contactos e a preparação de um vasto conjunto de propostas a apresentar na AR tendo em vista a concretização da política patriótica e de esquerda; participação na comissão de inquérito ao BES; apresentação do projecto de resolução sobre a renegociação da dívida; desenvolvimento de iniciativas e esforços pela unidade e convergência de democratas e patriotas na construção da alternativa; e agora a audição parlamentar sobre o caso PT e a correspondente apresentação de um projecto de resolução que impeça a concretização do negócio sobre esta empresa e crie condições à sua defesa como grande empresa nacional de telecomunicações, sob controlo público.
Intensifica-se também a luta de massas como foram as acções da Quinzena de Luta da CGTP-IN e o Encontro Nacional das Comissões de Trabalhadores da passada sexta-feira. E como vão ser as acções já marcadas para 31 de Outubro (Manifestação Nacional dos Trabalhadores da AP em Lisboa), 13 de Novembro (Dia Nacional de Indignação, Acção e Luta), de 21 a 25 de Novembro (Marcha Nacional, a realizar descentralizadamente nos distritos e regiões). A par de muitas outras lutas nas empresas e locais de trabalho: greves no Metro e EGF, lutas na área da saúde, na Valorsul, dos utentes dos transportes, acção de amas junto à Segurança Social do Porto, acção dos estudantes dos ensinos Básico e Secundário a 23 de Outubro, acções contra a pobreza no Porto, Coimbra, Lisboa e pelo Grupo Parlamentar do PCP na AR, amanhã, Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza, acção de convergência nacional do Ensino Superior na 2.ª quinzena de Novembro, acções do MURPI, congressos do MDM (25 de Outubro) e da CNA (23 de Novembro).
Pela sua actualidade, vale a pena reter a mensagem final da Proclamação do VII Congresso Extraordinário do PCP, de que se comemora, na próxima 2.ª feira, o 40.º aniversário: «(…) o PCP proclama bem alto que, hoje como sempre, os comunistas estão prontos a todas as provas e sacrifícios para servirem o povo e o País, para serem dignos da confiança que a classe operária, o povo trabalhador, a juventude e outros sectores da população neles depositaram e depositam».