Italianos contra reforma laboral de Renzi

Trabalho com direitos!

Um mar de gente des­filou, dia 25, na ca­pital ita­liana, em pro­testo contra a re­forma das leis la­bo­rais, pro­posta pelo go­verno do Par­tido De­mo­crá­tico, que visa fa­ci­litar os des­pe­di­mentos.

CGIL ad­mite greve geral para mudar po­lí­ticas

Image 16991

«Que­remos tra­balho para todos e tra­balho com di­reitos. Ma­ni­fes­tamo-nos por aqueles que não têm tra­balho, que não têm di­reitos, por aqueles que so­frem e não têm ne­nhuma cer­teza no fu­turo», de­clarou Su­sana Ca­musso, se­cre­tária-geral da CGIL, prin­cipal cen­tral sin­dical ita­liana que pro­moveu a jor­nada na­ci­onal.

Neste pri­meiro pro­testo de massas contra as po­lí­ticas do go­verno de Matteo Renzi, líder do Par­tido De­mo­crá­tico (PD), Ca­musso ma­ni­festou a de­ter­mi­nação da CGIL de com­bater as po­lí­ticas anti-so­ciais: «Vamos para a greve e mo­bi­li­za­remos as nossas forças para mudar as po­lí­ticas do go­verno», disse a di­ri­gente sin­dical.

A pre­texto de es­ti­mular a cri­ação de em­pregos, o chefe do go­verno apre­sentou um pro­jecto de lei que fa­ci­lita os des­pe­di­mentos e reduz os di­reitos e ga­ran­tias dos tra­ba­lha­dores nos pri­meiros anos de con­trato.

O pro­jecto, de­sig­nado «Jobs Act», foi apro­vado dia 9 no Se­nado ita­liano, mas deve agora ser de­ba­tido na câ­mara dos de­pu­tados, onde se prevê que surjam di­ver­gên­cias na ban­cada da mai­oria.

Vá­rios de­pu­tados do PD, com po­si­ções con­trá­rias ao rumo ne­o­li­beral de Renzi, fi­zeram questão de par­ti­cipar na ma­ni­fes­tação da CGIL, afir­mando-se como opo­si­tores à re­forma la­boral.

Com efeito, a pro­posta di­vidiu o par­tido ao pre­tender de­molir o cé­lebre ar­tigo 18.º do Es­ta­tuto dos Tra­ba­lha­dores, que proíbe os des­pe­di­mentos sem justa causa e con­fere o di­reito a in­dem­ni­za­ções ou à rein­te­gração do tra­ba­lhador.

Apro­vado em 1970, o Es­ta­tuto dos Tra­ba­lha­dores é um sím­bolo da es­querda ita­liana, que Ber­lus­coni já havia ten­tado der­rubar em 2002. Mas foi der­ro­tado pela luta. Uma greve geral e uma ma­ni­fes­tação com mais de três mi­lhões de pes­soas obri­garam Il Ca­va­liere a re­cuar.

Der­rotar Renzi

Hoje, porém, é Renzi que se mostra in­di­fe­rente e al­tivo face às crí­ticas e à mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores que lhe deram o voto.

«Tenho grande res­peito por esta ma­ni­fes­tação, mas a época em que uma ma­ni­fes­tação podia blo­quear o go­verno per­tence ao pas­sado», de­clarou o pri­meiro-mi­nistro «de­mo­crata».

Opi­nião di­fe­rente têm as cen­tenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores (mais de um mi­lhão se­gundo a CGIL), que cru­zaram em dois des­files o centro de Roma, sob o lema «Tra­balho, Dig­ni­dade, Igual­dade, para Mudar a Itália».

A meio do dia en­cheram a Praça San Gi­o­vanni, onde se viam panos ape­lando à greve geral, forma de luta que a CGIL não ex­clui.

A pre­sença mas­siva de jo­vens, os seus car­tazes e pa­la­vras de ordem re­flec­tiam as ra­zões do seu enorme des­con­ten­ta­mento: a taxa de de­sem­prego ju­venil eleva-se a 44 por cento, o em­prego pre­cário sem di­reitos está ge­ne­ra­li­zado nas novas ge­ra­ções de tra­ba­lha­dores ita­li­anos, o en­sino pú­blico de­grada-se à força de su­ces­sivos cortes or­ça­men­tais.

Para a CGIL, a mu­dança do país e a cri­ação de em­prego exige uma mu­dança da po­lí­tica eco­nó­mica – isso tem de ser feito com os tra­ba­lha­dores e não contra eles.




Mais artigos de: Europa

Luta na via-férrea

Os fer­ro­viá­rios belgas de­sen­ca­de­aram na se­mana pas­sada vá­rias pa­ra­li­sa­ções de­ci­didas lo­cal­mente que le­varam ao can­ce­la­mento de mais de meio mi­lhar de com­boios.

Húngaros contra taxa<br>da Internet

Mais de dez mil pessoas manifestaram-se, dia 16, em Budapeste, capital da Hungria, contra a intenção do governo de introduzir uma taxa sobre a utilização da Internet. Gritando «Libertem a Hungria, libertem a Internet», a multidão concentrou-se...

Estudantes contra cortes

O Sindicato de Estudantes de Espanha realizou três jornadas de luta, entre 21 e 23, em defesa da educação pública de qualidade, contra os cortes orçamentais e as políticas educativas do governo. A mobilização teve o apoio dos partidos de esquerda, como a IU e...

TTIP para os «donos disto tudo»

O acordo dito de livre comércio entre a UE e os EUA (TTIP na sua sigla em inglês) é uma das grandes bandeiras que a direita e a social-democracia agitam para a saída da crise. Do alto da sua desfaçatez e da arrogância do seu poder não se assumem impactos negativos, nos seus...