PCS apela à solidariedade

Repressão no Sudão

O Par­tido Co­mu­nista do Sudão (PCS) apela à so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­onal para pres­si­onar o re­gime su­danês a pôr fim à re­pressão no país e li­bertar todos os presos po­lí­ticos.

Su­liman Ali, di­ri­gente do PCS no Nilo Azul, corre risco de vida

Ali Su­liman, Adil Moh­moud, Ibrahim Musa, Adil Ahmed Fadl e Fá­tima Al-Daw
são al­guns dos su­da­neses presos no dia 2 de No­vembro du­rante a nova vaga re­pres­siva de­sen­ca­deada pelas au­to­ri­dades do país contra os co­mu­nistas na pro­víncia do Nilo Azul.
Num co­mu­ni­cado di­vul­gado um dia de­pois, ape­lando à so­li­da­ri­e­dade na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, o Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral do Par­tido Co­mu­nista do Sudão in­forma que a vaga de pri­sões ocorreu na sequência da ampla dis­tri­buição da de­cla­ração do par­tido a pro­pó­sito do 50.º ani­ver­sário da re­vo­lução su­da­nesa de 21 de Ou­tubro de 1964.
O co­mu­ni­cado do PCS re­fere que a vaga re­pres­siva ocorre em si­mul­tâneo com os ata­ques mi­li­tares contra as po­pu­la­ções de Kor­dufan do Sul e ou­tras zonas de guerra. «Ao con­trário do que pre­tendem, estas ac­ções re­pres­sivas não vão in­ti­midar nem im­pedir os co­mu­nistas de as­su­mirem as suas res­pon­sa­bi­li­dades pa­trió­ticas. Os mem­bros do nosso Par­tido con­ti­nu­arão a luta ao lado do povo, to­tal­mente de­ter­mi­nados e con­tando com o apoio e pro­tecção das massas po­pu­lares», afirma-se no do­cu­mento.
O co­mu­ni­cado acusa ainda as au­to­ri­dades su­da­nesas de es­tarem de ca­beça per­dida e de re­cor­rerem a po­lí­ticas opres­sivas na vã ten­ta­tiva de si­len­ciar a opo­sição e pro­longar a  exis­tência do re­gime. «É claro que os seus dias estão con­tados e deve ser der­ru­bado», su­blinha.  
O apelo do PCS ao povo su­danês, à co­mu­ni­cação so­cial e aos par­tidos co­mu­nistas e ope­rá­rios de todo o mundo, para que se juntem na exi­gência de pôr fim à re­pressão no Sudão e de li­ber­tação ime­diata de todos os presos po­lí­ticos, tornou-se ainda mais pre­mente com a in­for­mação de que Su­liman Ali, se­cre­tário po­lí­tico do PCS no Nilo Azul, corre risco de vida.

Vi­o­lência cres­cente

Em co­mu­ni­cado da­tado de dia 7, o PCS dá conta de que as con­di­ções de saúde de Su­liman – re­cen­te­mente sub­me­tido a uma ope­ração de­li­cada ao co­ração – se têm vindo a de­te­ri­orar por falta da ade­quada as­sis­tência mé­dica e me­di­ca­men­tosa e de­vido às con­di­ções de­su­manas em que se en­contra na prisão de Da­ma­zeen.  
Su­liman Ali e os res­tantes co­mu­nistas presos no início do mês, são acu­sados de ten­tarem der­rubar o re­gime, vi­olar a Cons­ti­tuição, pro­mover a guerra contra o Es­tado e de dis­tri­buir in­for­ma­ções falsas.
Re­corda-se que a re­vo­lução de 21 de Ou­tubro de 1964, entre ou­tros as­pectos, pôs fim ao re­gime mi­litar do di­tador Abbud, res­ta­be­leceu um go­verno cons­ti­tu­ci­onal, ins­taurou a li­ber­dade de im­prensa e de ex­pressão, acabou com todas as leis que res­trin­giam a li­ber­dade e a ins­ti­tuiu a in­de­pen­dência do poder ju­di­cial e da uni­ver­si­dade.
Ac­tu­al­mente, o poder está nas mãos do pre­si­dente Omar Hasan Ahmad al-Bashir, que é também chefe do go­verno. À frente do país desde o golpe mi­litar de 30 de Junho de 1989, Omar al-Bashir en­frenta há cinco anos um man­dato de prisão emi­tido Tri­bunal Penal In­ter­na­ci­onal, por crimes de guerra, crimes contra a hu­ma­ni­dade e ge­no­cídio, de­sig­na­da­mente no Darfur. Isso não o im­pediu de se can­di­datar às elei­ções de 2010, as pri­meiras em que pu­deram par­ti­cipar di­versos par­tidos po­lí­ticos desde o golpe mi­litar, e ser de­cla­rado ven­cedor com 68 por cento dos votos. A si­tu­ação no país con­tinua mar­cada pela vi­o­lência nas re­giões do Sul, in­cluindo o Sul de Kor­dofan e o Nilo Azul, des­lo­ca­mento for­çado de mi­lhões de pes­soas, cen­tenas de mi­lhares de mortos, es­cassez de ali­mentos, po­breza ge­ne­ra­li­zada.



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