PCP aponta dedo ao Governo

Gerador de pobreza e miséria

Hoje há no País dois mi­lhões e 600 mil por­tu­gueses em risco de po­breza. Uma re­a­li­dade dra­má­tica que afecta de­sem­pre­gados, cada vez mais os idosos, as cri­anças e de forma cres­cente a os tra­ba­lha­dores. Foi para este quadro que o de­pu­tado Jorge Ma­chado chamou a atenção, as­si­na­lando que «são em cada vez maior nú­mero aqueles que tra­ba­lhando em­po­brecem, de­vido ao ataque aos sa­lá­rios, à pre­ca­ri­e­dade, ao agra­va­mento da ex­plo­ração».

Fa­lando na pas­sada se­mana numa in­ter­pe­lação do PS ao Go­verno sobre «com­bate à po­breza e pro­moção da igual­dade de opor­tu­ni­dades», o de­pu­tado do PCP lem­brou ainda que são aqueles fac­tores que levam a que mais de 10% dos tra­ba­lha­dores em­pre­gados es­tejam em risco de po­breza e te­nham uma «média de ren­di­mentos que não pára de di­mi­nuir».

As­si­na­lada por Jorge Ma­chado foi ainda a pro­funda al­te­ração na es­tru­tura da dis­tri­buição da ri­queza no País, em con­sequência da po­lí­tica dos su­ces­sivos go­vernos do PS, PSD e CDS-PP. Re­cordou, no­me­a­da­mente, que 60% da ri­queza na­ci­onal em 1975 era afecta ao pa­ga­mento de sa­lá­rios, per­cen­tagem que em 2013 baixou para os 38 por cento.

O in­di­cador mais claro desse pro­cesso de con­cen­tração da ri­queza está aliás no facto de 1% da po­pu­lação deter cerca de 25 % da ri­queza na­ci­onal, sendo que 5% da po­pu­lação detém mais de 50% da ri­queza. «Ní­veis de con­cen­tração con­se­guidos à custa de mi­lhões e mi­lhões de po­bres, da gi­gan­tesca ex­plo­ração de quem tra­balha», de­nun­ciou Jorge Ma­chado, que im­putou a este Go­verno par­ti­cu­lares res­pon­sa­bi­li­dades neste ca­pí­tulo.

Sobre a po­breza in­fantil falou Rita Rato, con­si­de­rando-a uma das «ex­pres­sões mais cho­cantes e dra­má­ticas» dos dias de hoje, que «não é obra do acaso» mas sim o re­sul­tado di­recto das «op­ções do Go­verno PSD/​CDS-PP, da pre­ca­ri­e­dade, dos baixos sa­lá­rios, do corte dos apoios so­ciais».

E re­feriu que a fome e as ca­rên­cias ali­men­tares cons­ti­tuem hoje uma re­a­li­dade que entra na casa de muitas fa­mí­lias, como atesta a si­tu­ação de pri­vação ma­te­rial em que se en­contra 30% das cri­anças, ou o facto de 14 mil cri­anças terem na es­cola a sua única re­feição do dia.

Ao tema dos cortes nas pres­ta­ções so­ciais en­quanto «factor res­pon­sável pela po­breza» - cortes no RSI, pres­ta­ções de de­sem­prego, com­ple­mento so­li­dário para idosos, pres­ta­ções por en­cargos fa­mi­li­ares, sub­sí­dios so­ciais de ma­ter­ni­dade e pa­ter­ni­dade - voltou o de­pu­tado co­mu­nista David Costa para lem­brar os 375 mi­lhões de novos cortes pre­vistos no OE para 2015 nos apoios so­ciais, a que há que somar mais 100 mi­lhões cuja in­ci­dência ainda é des­co­nhe­cida, cortes que em sua opi­nião com­provam as «op­ções de­su­manas deste Go­verno» e sua «des­pre­o­cu­pação com os mais fracos e des­pro­te­gidos».

Daí ter per­gun­tado se «é pos­sível com­bater a po­breza com as mesmas po­lí­ticas que a ge­raram», questão à qual o mi­nistro Mota So­ares não deu qual­quer res­posta.




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