Os trabalhadores da logística da rede de supermercados Lidl entraram em greve no dia 23, por 36 horas, exigindo aumento dos salários em um euro por dia.
A greve, convocada para os entrepostos logísticos do Lidl em Torres Novas, no Ribeirão (Braga) e na Marateca (Setúbal), destinou-se a exigir esta actualização salarial, que não ocorre há quatro anos, e também a passagem aos quadros de todos os trabalhadores de empresas de trabalho temporário que prestam serviço em postos de trabalho permanentes, a equiparação das carreiras profissionais do pessoal dos armazéns às carreiras das lojas, a criação de um subsídio de frio para quem trabalha nas secções com temperaturas artificiais e a atribuição de dez por cento de desconto nas compras em lojas da rede.
A empresa, na reunião de negociação que teve lugar no dia 18, disse «não haver quaisquer hipóteses de aceitação de medidas que impliquem aumentos de salários ou descontos em loja, chegando mesmo o administrador a afirmar que “Não podemos todos andar de Mercedes”», informou, no dia 22, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).
A adesão à greve ultrapassou 50 por cento, em Torres Novas, e 80 por cento, na Marateca, onde decorreu na tarde de terça-feira uma concentração de trabalhadores. O CESP revelou que apresentou queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho, porque o Lidl contratou cerca de 30 trabalhadores temporários para substituir ilegalmente quem fez greve. Dois inspectores estiveram no armazém da Marateca, cujo director-geral negou ao piquete de greve o acesso às instalações.
A funcionar há 15 anos, o entreposto do Lidl na Marateca teve pela primeira vez uma luta desta envergadura. O pesado ambiente de repressão só começou a melhorar depois de um inquérito interno, em 2009. Vigorou durante muito tempo um «banco» de horas ilegal, ao arrepio da contratação colectiva. O valor do descanso compensatório após trabalho suplementar só começou a ser pago por efeito da resistência e luta dos trabalhadores.