Quase um quarto dos cidadãos da União Europeia (UE) encontra-se em risco de pobreza e exclusão social, afirmam os dados mais recentes do gabinete de estatísticas europeu.
Lusa
De acordo com informações confirmadas pelo Eurostat no final de Dezembro, 24,5 por cento dos cidadãos da UE, ou 122,6 milhões de pessoas, enfrentavam o flagelo da pobreza e exclusão social. As estatísticas oficiais, referentes ao ano de 2013, indicam ainda que a diminuição face a 2012 foi na ordem dos 0,3 pontos percentuais, e que o índice permanece muito acima da taxa registada antes da eclosão da actual fase da crise, em 2008.
Os dados desagregados mostram, por seu lado, que o risco de pobreza e exclusão social é mais elevado na Bulgária (48 por cento), Roménia (40,4 por cento), Grécia (35,7 por cento), Letónia (35,1 por cento) e Hungria (33,5 por cento). No pólo oposto mas com percentagens significativas, estão as populações da República Checa (14,6), Holanda (15,9), Finlândia (16,0) e Suécia (16,4).
Nos países da Península Ibérica, as percentagens agora publicadas pelo Eurostat revelam que o risco de pobreza e exclusão social supera os 27 por cento do total da população.
Drama concreto
Os números do Eurostat divulgados na comunicação social não apresentam mais detalhes, mas no actual contexto é plausível que determinados estratos e camadas sociais se encontrem sobre-vulneráveis. Exemplo disso é a degradação da vida dos portugueses emigrados no Luxemburgo.
No país que foi, para gerações, uma via de fuga à miséria em Portugal, os trabalhadores lusos são os mais expostos ao risco de pobreza e exclusão social, confirma o Instituto de Estatística do Luxemburgo, que calcula que 22 por cento dos emigrantes portugueses auferiam um rendimento abaixo do limiar da pobreza. Uma percentagem superior à média do país (15,9 por cento) e mais do triplo da registada entre os cidadãos luxemburgueses (6,4 por cento), noticiou a Lusa.
Amílcar Monteiro, da Cáritas no Luxemburgo, afirmou à agência portuguesa que, não obstante, «as pessoas (…) não querem regressar a Portugal porque dizem que lá não vêem futuro». É o caso concreto de Daniela e Rogério Santos. Um ano após terem chegado ao Luxemburgo com o objectivo de escapar ao desemprego, à pobreza e à falta de apoios sociais em Portugal, sobrevivem apenas com o salário do segundo, que chegou com contrato na restauração mas vê-se agora obrigado a trabalhar nas obras.
O casal já teve de pedir ajuda a instituições de solidariedade locais e mudou-se para França, onde a renda da habitação não consome mais de 80 por cento do salário de Rogério (cerca de 1400 euros). Mas o facto de habitarem do outro lado da fronteira força Daniela a ficar com o filho do casal, mantendo-os amarrados a uma situação dramática.