O CAMINHO DA LUTA

«2015, um ano de avanço con­fi­ante para um Por­tugal com fu­turo»

A úl­tima se­mana ficou mar­cada pelo aten­tado ocor­rido em Paris, na sede do jornal Charlie Hebdo. Aten­tado que o PCP con­denou, de forma firme e ve­e­mente, ex­pres­sando a sua cons­ter­nação e so­li­da­ri­e­dade ao povo francês, sa­li­en­tando que «crimes desta na­tu­reza não podem ser des­li­gados de uma si­tu­ação in­ter­na­ci­onal mar­cada por in­ge­rên­cias e agres­sões contra es­tados so­be­ranos, através da ins­ti­gação de con­flitos re­li­gi­osos e ét­nicos e de pro­moção de forças da ex­trema-di­reita, xe­nó­fobas e fas­cistas. Uma re­a­li­dade que é acom­pa­nhada por po­lí­ticas que au­mentam a ex­plo­ração e a ex­clusão so­cial, no­me­a­da­mente nos es­tados da União Eu­ro­peia». PCP que, ao mesmo tempo, chama a atenção para «os pe­rigos de ins­tru­men­ta­li­zação de ge­nuínos sen­ti­mentos de in­dig­nação para in­ten­si­ficar me­didas de cariz se­cu­ri­tário que agridem di­reitos, li­ber­dades e ga­ran­tias dos ci­da­dãos e para pro­mover sen­ti­mentos ra­cistas e xe­nó­fobos que têm ali­men­tado o cres­ci­mento da ex­trema-di­reita e do fas­cismo na Eu­ropa». E «in­siste que o com­bate a tais crimes exige uma in­versão de po­lí­ticas, quer de âm­bito eco­nó­mico e so­cial, quer de re­la­ci­o­na­mento in­ter­na­ci­onal entre es­tados. Exige o fim do apoio po­lí­tico, fi­nan­ceiro e mi­litar dado pelos EUA e países da União Eu­ro­peia a grupos que es­pa­lham o terror e a des­truição, no­me­a­da­mente no Médio Ori­ente, bem como o de­sen­vol­vi­mento de po­lí­ticas de paz e co­o­pe­ração res­pei­ta­doras do di­reito in­ter­na­ci­onal, da so­be­rania dos povos, da li­ber­dade e da de­mo­cracia.»

Secun­da­ri­zada pelo peso me­diá­tico deste acon­te­ci­mento in­ter­na­ci­onal, a si­tu­ação na­ci­onal con­tinua a ser mar­cada pelo agra­va­mento da si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial. Au­menta o de­sem­prego e a pre­ca­ri­e­dade, como agora vem con­firmar o INE (entre Se­tembro e No­vembro de 2014, o nú­mero de de­sem­pre­gados au­mentou em cerca de 30 000 e a taxa de de­sem­prego em 0,6 pontos per­cen­tuais). Em pa­ra­lelo, o abran­da­mento na evo­lução do PIB no úl­timo tri­mestre do ano de 2014 e a de­gra­dação das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo à me­dida que se des­va­lo­rizam os sa­lá­rios e pen­sões e se atacam ou abatem os ser­viços pú­blicos, lan­çando o caos, por exemplo, nas ur­gên­cias hos­pi­ta­lares, são au­tên­ticos des­men­tidos à pro­pa­ganda do Go­verno e mos­tram o apro­fun­da­mento da crise em que a po­lí­tica de di­reita con­tinua a mer­gu­lhar o País.

O Go­verno pro­cura ga­nhar al­guma folga e joga na ideia de que es­tamos numa nova fase de re­cu­pe­ração eco­nó­mica, ac­tu­ando já na base de um ca­len­dário pro­gra­mado em função das elei­ções le­gis­la­tivas. O PS vai cri­ti­cando o Go­verno, sem se dis­tan­ciar das grandes op­ções da po­lí­tica de di­reita.

No com­bate ao Go­verno e à po­lí­tica de di­reita e na luta por uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, está o PCP cuja acção se de­sen­volve para a in­ten­si­fi­cação da luta de massas, o re­forço do Par­tido e a cons­trução da uni­dade e con­ver­gência com de­mo­cratas e pa­tri­otas que queiram pôr fim a este rumo de de­sastre na­ci­onal e dar corpo a uma al­ter­na­tiva po­lí­tica que ponha de pé uma ver­da­deira po­lí­tica al­ter­na­tiva.

É neste sen­tido que se en­contra em avan­çado es­tado de con­cre­ti­zação a acção de con­tactos com os mem­bros do Par­tido, que, no en­tanto, exige me­didas de di­recção que per­mitam a sua rá­pida con­clusão; a cam­panha na­ci­onal de fundos para aqui­sição da Quinta do Cabo; a re­a­li­zação de di­versas as­sem­bleias de or­ga­ni­zação; a cam­panha de re­cru­ta­mento em curso e a re­a­li­zação de en­con­tros e reu­niões com forças po­lí­ticas, or­ga­ni­za­ções so­ciais e cul­tu­rais e o con­tacto com de­mo­cratas e pa­tri­otas.

Amanhã, na As­sem­bleia da Re­pú­blica, no de­bate com o pri­meiro-mi­nistro, o PCP ques­ti­o­nará o Go­verno sobre di­versos pro­blemas so­ciais (de­sem­prego, pesca da sar­dinha, preços dos com­bus­tí­veis, entre ou­tros).

No plano da luta, re­a­lizou-se na pas­sada quinta-feira, 8, o ple­nário de sin­di­catos da CGTP-IN, cuja re­so­lução aponta para o pros­se­gui­mento e in­ten­si­fi­cação da luta dos tra­ba­lha­dores em torno dos seus pro­blemas con­cretos, «através de uma forte cam­panha de rei­vin­di­ca­ções di­rectas a apre­sentar às em­presas, em ar­ti­cu­lação com o for­ta­le­ci­mento e alar­ga­mento da or­ga­ni­zação sin­dical de base em mais em­presas e lo­cais de tra­balho» e in­ten­si­fi­cação da luta rei­vin­di­ca­tiva por di­versos ob­jec­tivos ime­di­atos (au­mento dos sa­lá­rios e, em par­ti­cular, do SMN, ma­nu­tenção das 35 horas de tra­balho para todos os tra­ba­lha­dores da AP, de­fesa e di­na­mi­zação da con­tra­tação co­lec­tiva, me­lhoria das fun­ções so­ciais do Es­tado, entre ou­tros). Está mar­cada para 30 de Ja­neiro uma Ma­ni­fes­tação Na­ci­onal dos tra­ba­lha­dores da Função Pú­blica pela re­po­sição ime­diata das 35 horas de tra­balho. Em Março, re­a­lizar-se-á a Marcha Na­ci­onal «Ju­ven­tude em Marcha – Tra­balho com Di­reitos! Contra a pre­ca­ri­e­dade e a ex­plo­ração» com ac­ções cen­tradas nos lo­cais de tra­balho e a cul­minar com uma Ma­ni­fes­tação em Lisboa, no dia 28 de Março, Dia Na­ci­onal da Ju­ven­tude. Vai manter-se a luta das po­pu­la­ções contra as SCUT, em de­fesa do SNS e, em geral, em de­fesa dos ser­viços pú­blicos. Te­remos também as co­me­mo­ra­ções do Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher, do 25 de Abril e do 1.º de Maio.

Os tra­ba­lha­dores e o povo sabem que a in­ten­si­fi­cação da luta, como su­blinha o co­mu­ni­cado da úl­tima reu­nião do CC, é o «factor de­ci­sivo e de­ter­mi­nante para en­frentar, conter e der­rotar a ofen­siva em curso, de­fender e repor di­reitos, pro­mover avanços rei­vin­di­ca­tivos, no ca­minho da de­missão do Go­verno e da der­rota da sua po­lí­tica, da rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e da con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, vin­cu­lada aos va­lores de Abril». Por isso, farão de 2015 um ano de avanço con­fi­ante para um Por­tugal com fu­turo.