III Cimeira da CELAC

Novo passo para a integração

A III Ci­meira da Co­mu­ni­dade de Es­tados La­tino-Ame­ri­canos e Ca­ri­be­nhos (CELAC), re­a­li­zada a 28 e 29 de Ja­neiro, na Costa Rica, foi mais um passo para a in­te­gração dos 33 países da re­gião.

Os nossos povos es­peram de nós so­lu­ções con­cretas

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A von­tade de in­te­gração é su­bli­nhada na de­cla­ração po­lí­tica apro­vada no final dos tra­ba­lhos, onde os re­pre­sen­tantes dos países mem­bros re­a­firmam a CELAC como «o fórum de diá­logo e de con­cer­tação po­lí­tica por ex­ce­lência dos 33 países da re­gião», no qual se ex­pressa a «uni­dade na di­ver­si­dade, se fo­menta a to­mada de po­si­ções co­muns e o in­ter­câmbio de ex­pe­ri­ên­cias em múl­ti­plos campos, tanto re­gi­o­nais como glo­bais».

No do­cu­mento, se­gundo a Prensa La­tina, os man­da­tá­rios rei­teram o seu com­pro­misso de «con­ti­nuar a tra­ba­lhar na base do con­senso, su­bli­nhando o ca­rácter mul­tiét­nico, plu­ri­cul­tural, plu­ri­na­ci­onal e di­ver­si­fi­cado da Co­mu­ni­cade nos seus tra­ba­lhos», bem como de ori­entar o seu tra­balho para a «im­ple­men­tação de ac­ções com vo­cação e im­pacto re­gi­onal» que per­mitam «en­con­trar so­lu­ções con­juntas para os de­sa­fios e pro­blemas co­muns».

Na Ci­meira, que teve como tema cen­tral o com­bate à po­breza e a ne­ces­si­dade da sua er­ra­di­cação, os pre­si­dentes e chefes de go­verno pre­sentes dei­xaram claro que apesar dos avanços re­gis­tados nesta ma­téria muito con­tinua ainda por fazer. Esta questão foi de resto en­fa­ti­zada pelo pre­si­dente do Equador Ra­fael Correa, que este ano as­se­gura a pre­si­dência ro­ta­tiva da CELAC, subs­ti­tuindo o seu ho­mó­logo da Costa Rica, Luis Guil­lermo Solís.

No seu dis­curso, Correa apelou à ace­le­ração do pro­cesso de in­te­gração, afir­mando que se tem avan­çado mas que «é pre­ciso ir muito mais de­pressa», para que os povos dos res­pec­tivos países não se cansem de ver os seus go­ver­nantes em re­pe­tidas ci­meiras «en­quanto as po­pu­la­ções, so­bre­tudo os mais po­bres, con­ti­nuam a passar mal».

«Os nossos povos es­peram de nós mãos limpas, so­lu­ções con­cretas», disse Correa, fa­zendo notar que os be­ne­fí­cios da in­te­gração têm de chegar aos povos dos países mem­bros da CELAC e que a re­gião dispõe dos re­cursos ne­ces­sá­rios para eli­minar a po­breza ex­trema num curto pe­ríodo de tempo.

«O pro­blema do de­sen­vol­vi­mento – disse – não é um pro­blema téc­nico, como nos qui­seram fazer crer, mas ba­si­ca­mente um pro­blema po­lí­tico. O pro­blema fun­da­mental está em quem manda na so­ci­e­dade, as elites ou as grandes mai­o­rias; o ca­pital ou os seres hu­menos; o mer­cado ou a so­ci­e­dade.»

Er­ra­dicar a po­breza
é im­pe­ra­tivo moral

Lem­brando que na re­gião sub­sistem 68 mi­lhões de pes­soas a viver na mi­séria, Correa su­bli­nhou que em tal si­tu­ação não é pos­sível falar de li­ber­dade nem de paz, pois a «in­sul­tante opu­lência de uns poucos», ao lado da «mais in­to­la­rável po­breza» é um aten­tado quo­ti­diano à dig­ni­dade hu­mana. Por isso, con­si­derou, a «er­ra­di­cação da po­breza é um im­pe­ra­tivo moral» para a re­gião e para todo o pla­neta, pois pela pri­meira vez na his­tória da hu­ma­ni­dade a «po­breza não é de­vida à falta de re­cursos, mas sim fruto da ine­qui­dade, e esta, por sua vez, uma con­sequência da per­versas re­la­ções de poder, onde poucos têm tudo e muitos não têm nada.» Daí que a Ci­meira tenha pro­posto que a CELAC as­suma o com­pro­misso de er­ra­dicar a po­breza ex­trema na re­gião nos pró­ximos cinco anos.

Con­si­de­rando a edu­cação como o «factor mais im­por­tante para o de­sen­vol­vi­mento», o novo pre­si­dente da CELAC apontou como ob­jec­tivo da or­ga­ni­zação elevar o ac­tual in­ves­ti­mento re­gi­onal em in­ves­ti­gação e de­sen­vol­vi­mento de 0,78 por cento do PIB para pelo menos 1,5 por cento do PIB, até 2020, bem como au­mentar o or­ça­mento da edu­cação su­pe­rior, no pró­ximo quinquénio, para pelo menos 1,7 por cento do PIB re­gi­onal.

A Ci­meira aprovou ainda um con­junto de po­si­ções co­muns im­por­tantes para a re­gião, entre os quais se des­taca a exi­gência para que os Es­tados Unidos po­nham fim ao blo­queio im­posto a Cuba há mais de 50 anos, e que Correa clas­si­ficou de «per­se­guição cri­mi­nosa», bem como o re­púdio de qual­quer agressão ou guerra eco­nó­mica contra a Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela.

Cuba não se rende

A in­ter­venção do pre­si­dente cu­bano Raúl Castro Ruz foi se­guida com par­ti­cular atenção, dada a re­cente evo­lução nas re­la­ções entre Cuba e os EUA. Após en­fa­tizar a im­por­tância da li­ber­tação dos cinco an­ti­ter­ro­ristas cu­banos que du­rante longos anos es­ti­veram presos nos EUA, Raúl Castro re­feriu-se à nova pos­tura de Ba­rack Obama como o «re­sul­tado de quase sé­culo e meio de he­róica luta e de fi­de­li­dade aos prin­cí­pios do povo cu­bano», bem como da nova época que se vive na re­gião e à «só­lida e co­ra­josa exi­gência dos go­vernos e povos da CELAC».

Su­bli­nhando que Cuba e os EUA «devem aprender a arte da con­vi­vência ci­vi­li­zada, ba­seada no res­peito pelas di­fe­renças entre ambos os go­vernos», Raúl Castro deixou claro que daí não se deve con­cluir que «Cuba tenha que re­nun­ciar aos seus ideias de in­de­pen­dência e jus­tiça so­cial, nem clau­dicar em um só que seja dos seus prin­cí­pios, nem ceder um mi­lí­metro na de­fesa da so­be­rania na­ci­onal».

 



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