Unidade, organização e luta

«Face à sub­ju­gação a que os tra­ba­lha­dores, o povo e o País estão a ser su­jeitos, a al­ter­na­tiva que pro­pomos é um pro­cesso de li­ber­tação. Li­ber­tação do do­mínio do ca­pital mo­no­po­lista sobre a vida na­ci­onal, o poder po­lí­tico e a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica. Li­ber­tação do do­mínio e da de­pen­dência ex­terna. Li­ber­tação e eman­ci­pação so­cial. Li­ber­tação e eman­ci­pação na­ci­onal», re­alçou na sua in­ter­venção Fran­cisco Lopes, membro da Co­missão Po­lí­tica e do Se­cre­ta­riado.

Lem­brando que o agra­va­mento da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e o em­po­bre­ci­mento do povo por­tu­guês são in­dis­so­ciá­veis da na­tu­reza do ca­pi­ta­lismo, Fran­cisco Lopes re­a­firmou que a po­lí­tica al­ter­na­tiva que o PCP propõe tem como ele­mento es­sen­cial a «va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, dos seus di­reitos e con­di­ções de vida».

Para o membro dos or­ga­nismos exe­cu­tivos do Co­mité Cen­tral, as so­lu­ções para o País passam pela cri­ação de em­prego, pela va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios, pela re­po­sição da parte dos sa­lá­rios e de ou­tros com­ple­mentos e di­reitos cor­tados, pelo res­peito pelas 35 horas na Ad­mi­nis­tração Pú­blica e pela re­dução pro­gres­siva do ho­rário de tra­balho se­manal para as 35 horas para todos os tra­ba­lha­dores, pelo com­bate à pre­ca­ri­e­dade, pela re­po­sição dos fe­ri­ados eli­mi­nados e pela re­vo­gação das normas gra­vosas do Có­digo do Tra­balho e da Lei Geral de Tra­balho em Fun­ções Pú­blicas.

A de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e a cons­trução da al­ter­na­tiva «as­sentam na força or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores, na sua uni­dade, or­ga­ni­zação e luta». Nesse com­bate, que pros­se­guirá, des­tacou Fran­cisco Lopes, os tra­ba­lha­dores e o povo contam com o PCP, «par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores, que age para os es­cla­recer, unir e or­ga­nizar, o que me­lhor de­fende os in­te­resses das classes e ca­madas não mo­no­po­listas».

Re­sistir e avançar

A ac­tual ofen­siva contra Abril em curso «é mais vi­sível e de­mo­li­dora no mundo do tra­balho», disse João Torres. O membro do Co­mité Cen­tral do PCP con­si­derou também que os co­mu­nistas di­ri­gentes sin­di­cais e de Or­ga­ni­za­ções Re­pre­sen­ta­tivas dos Tra­ba­lha­dores têm um duplo com­pro­misso, o que «exige de todos nós», mi­li­tantes sin­di­cais e do par­tido dos tra­ba­lha­dores, «o dobro da dis­po­ni­bi­li­dade, da en­trega de­sin­te­res­sada e ili­mi­tada nesta luta pelo fim da ex­plo­ração do homem pelo homem».

Essa ge­ne­ro­si­dade e em­penho têm de se tra­duzir em todos os com­bates. Este ano, uma das ba­ta­lhas é a re­a­li­zação de elei­ções le­gis­la­tivas, ca­bendo aos co­mu­nistas «que in­tervêm no Mo­vi­mento Sin­dical Uni­tário evitar que os tra­ba­lha­dores co­metam o erro de votar nos par­tidos da po­lí­tica de di­reita (PS, PSD, CDS)», acres­centou. Ven­cendo pre­con­ceitos e o si­len­ci­a­mento das pro­postas do PCP, temos, em pri­meiro lugar, de estar muito mais pró­ximos dos tra­ba­lha­dores», com eles «falar do ca­dastro dos su­ces­sivos go­vernos (…) e lem­brar a di­mensão dos ata­ques que cada um per­pe­trou». Aos tra­ba­lha­dores temos de ex­plicar que «com PS, PSD e CDS, nunca será pos­sível re­cu­perar tudo quanto aos tra­ba­lha­dores foi ti­rado», e dizer-lhes de forma clara «que é no PCP e na CDU que o seu voto conta para al­terar o rumo das suas vidas», sin­te­tizou João Torres.

Da luta dos tra­ba­lha­dores fa­laram também Luís Leitão e Ma­nuel Leal, res­pec­ti­va­mente da que se trava nas em­presas e ser­viços do dis­trito de Se­túbal, e da que se pros­segue nas em­presas do sector dos trans­portes. Se o pri­meiro va­lo­rizou as vi­tó­rias al­can­çadas em em­presas do Parque da Au­to­eu­ropa e na Vis­teon ou nas au­tar­quias – onde, «ao fim de 596 dias», os tra­ba­lha­dores con­ti­nuam a cum­prir o ho­rário e 35 horas se­ma­nais e a exigir a pu­bli­cação dos acordos as­si­nados –, Ma­nuel Leal des­tacou a «glo­riosa e longa luta dos tra­ba­lha­dores do Metro de Lisboa» e as ac­ções re­a­li­zadas na Carris, no TST, na Scot­turb e nas em­presas do grupo Transdev.

Ambos con­cor­daram na ne­ces­si­dade de elevar a luta a pa­ta­mares mais ele­vados, ca­minho mais certo e se­guro não só para de­fender como também para re­con­quistar di­reitos per­didos.

 



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Com o PCP e a CDU<br> a alternativa é possível

De­ter­mi­nação. Esta seria a pa­lavra certa se fosse pos­sível re­duzir a apenas uma pa­lavra a jor­nada do dia 28 de Fe­ve­reiro que juntou no pa­vi­lhão Paz e Ami­zade em Loures, os mais de 2000 par­ti­ci­pantes no En­contro Na­ci­onal do PCP. Con­fi­ança num pro­jecto po­lí­tico, in­subs­ti­tuível e in­dis­pen­sável, para uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, cuja força re­side nos tra­ba­lha­dores e no povo por­tu­guês. «Sim, há so­lução para os pro­blemas do País e uma po­lí­tica al­ter­na­tiva que co­loque como ob­jec­tivos os di­reitos e con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo», afirma-se na re­so­lução apro­vada por una­ni­mi­dade.
Fi­caram a ecoar na sala, como ex­pressão de de­ter­mi­nação e con­fi­ança, as pa­la­vras de Je­ró­nimo de Sousa: «Esta força que trans­porta um caudal imenso de es­pe­rança de que sim, é pos­sível uma vida me­lhor, que é pos­sível uma mu­dança a sério de que o País pre­cisa e cons­truir com o PCP e a CDU um outro rumo e um outro ca­minho de jus­tiça, so­be­rania e de pro­gresso aqui neste chão onde nas­cemos, vi­vemos e lu­tamos como povo que somos, com o povo que temos! Com con­fi­ança!».

 

Soluções para uma vida melhor

No En­contro Na­ci­onal do PCP «Não ao de­clínio na­ci­onal. So­lu­ções para o País» foram pro­fe­ridas di­versas in­ter­ven­ções re­la­tivas a te­má­ticas tão di­ver­si­fi­cadas como a si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, as li­nhas fun­da­men­tais da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que o PCP propõe e o ca­minho para a con­cre­tizar. Nas pró­ximas pá­ginas damos conta do con­teúdo es­sen­cial dessas in­ter­ven­ções.

 

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