- Nº 2156 (2015/03/26)
Pelo pão, trabalho, tecto e dignidade

Marchas levam multidões a Madrid

Europa

Após vários dias de marcha, centenas de milhares de pessoas, oriundas de toda a Espanha, manifestaram-se no sábado, 21, em Madrid, clamando por dignidade.

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Os manifestantes chegaram à capital de Espanha em nove colunas que representaram todas as regiões do País.

Desfilaram debaixo de chuva pelas avenidas de Madrid até chegarem à Praça de Colón, enchendo aquele espaço e as ruas adjacentes.

Num mar agitado de bandeiras republicanas, das comunidades autónomas, de sindicatos e de partidos políticos de esquerda, os manifestantes entoaram palavras de ordem como «No Parlamento não está a solução, a solução é a revolução» e «Faz falta já uma greve geral».

Nas faixas e cartazes liam-se mensagens como «Banqueiros ladrões culpados da crise» e «Tiram-nos tanto que, no final, tiram-nos o medo».

Os manifestantes também defenderam o direito à saúde, à educação e as pensões, assim como a saída de Espanha do euro, da União Europeia e da Nato.

Ao fim da tarde, num palco instalado na Praça de Colón, representantes das organizações promotoras leram um manifesto em defesa de «uma vida com dignidade» e de «um programa de mínimos».

O texto salienta que «a situação não mudou para melhor», pelo contrário, acentuaram-se os «efeitos perversos» das políticas de austeridade impostas pela troika.

Segundo o manifesto, a «campanha de publicidade para vender a ideia de que Espanha saiu da crise» ignora a situação em que se encontra a maioria das pessoas.

O período de intervenções foi precedido e terminou com a actuação da orquestra Solfónica, um agrupamento musical nascido com o movimento dos Indignados, que protagonizou grandes protestos de carácter espontâneo em 2011.

Um passo para a greve geral

Iniciadas no ano passado, em 22 de Março, as «marchas da dignidade» são apoiadas por mais de 300 organizações sociais, sindicatos e partidos de esquerda.

Contestando as políticas anti-sociais que têm sido agravadas desde o rebentar da crise e, em particular após a chegada ao poder do Partido Popular, em 2011, os promotores das marchas deram um passo em frente, lançando a convocatória de uma greve geral de 24 horas para dia 22 de Outubro – uma «greve geral ao trabalho e ao consumo».

Entre as suas reivindicações destaca-se o não pagamento da dívida, a garantia do direito à habitação e ao emprego digno e de serviços públicos para todas as pessoas.

A grande manifestação foi rodeada de um dispositivo policial gigante, com mais de 1100 agentes no terreno da Unidade de Intervenção Policial, apoiados por elementos da Polícia Municipal e da Guarda Civil.

Porém, ao contrário do ano passado, quando se registaram mais de uma centena de feridos, desta vez não houve incidentes maiores, à excepção de alguns distúrbios provocados por grupos encapuzados, que atacaram uma sucursal bancária.