Solidaridade internacionalista

Bandeira de Maio na Ucrânia

O Par­tido Co­mu­nista da Ucrânia (PCU) pro­moveu, em Kiev, uma con­cen­tração e co­mício de co­me­mo­ração do 1.º de Maio. Na ini­ci­a­tiva, que a Junta fas­cista tentou im­pedir, par­ti­ci­param vá­rios par­tidos co­mu­nistas e ope­rá­rios, entre os quais o PCP, que se fez re­pre­sentar por João Fer­reira.

Mi­lhares de ucra­ni­anos saíram à rua de­sa­fi­ando a vaga re­pres­siva

Se­gundo re­latou ao Avante! o membro do Co­mité Cen­tral e de­pu­tado do Par­tido no Par­la­mento Eu­ropeu, as au­to­ri­dades gol­pistas ainda ten­taram im­pedir que se as­si­na­lasse o Dia In­ter­na­ci­onal do Tra­ba­lhador. Pri­meiro, proi­bindo o acto cen­tral pre­visto pelo PCU e pela As­so­ci­ação de Ve­te­ranos da Grande Guerra Pá­tria para o centro da ca­pital ucra­niana. De­pois, ten­tando que um tri­bunal re­pli­casse a proi­bição, o que acabou por não acon­tecer apesar de até ao final do dia 30 de Abril sub­sistir a dú­vida sobre o sen­tido da de­cisão ju­di­cial.

A co­me­mo­ração do 1.º de Maio pro­mo­vida pelo PCU e pela or­ga­ni­zação que reúne ex-com­ba­tentes so­vié­ticos da Se­gunda Guerra Mun­dial acabou por con­cre­tizar-se num parque de Kiev onde se situa o me­mo­rial à vi­tória sobre as hordas hi­tle­ri­anas, apesar do forte dis­po­si­tivo re­pres­sivo des­ta­cado pela Junta fas­cista ucra­niana.

Po­lí­cias e mi­li­tares pa­tru­lharam o local e grupos afectos ao par­tido fas­cista Svo­boda cer­caram o evento e ten­taram dis­su­adir a par­ti­ci­pação po­pular e mesmo pro­vocar con­frontos, aca­bando por ser im­pe­didos de o fazer pela po­lícia, tes­te­mu­nhou João Fer­reira, que notou, ainda, a pre­sença de uma pouco nu­me­rosa contra-con­cen­tração com ban­deiras da União Eu­ro­peia e de al­guns dos países cujos par­tidos co­mu­nistas e ope­rá­rios en­vi­aram de­le­ga­ções, o que faz supor uma mo­bi­li­zação or­ga­ni­zada e uma ma­ni­fes­tação en­ce­nada.

A pre­sença de vá­rios par­tidos co­mu­nistas e ope­rá­rios nas co­me­mo­ra­ções do 1.º de Maio em Kiev teve ampla re­per­cussão nos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­ciais ucra­ni­anos, tanto mais que a con­vo­ca­tória do PCU e da As­so­ci­ação de Ve­te­ranos me­receu, nos úl­timos dias de Abril, ampla co­ber­tura e uma forte cam­panha de in­ti­mi­dação, in­cluindo a di­fusão de ale­gadas ame­aças de aten­tados. Tudo a de­mons­trar que, como tem su­bli­nhado o PCU, a hora é de re­sis­tência.

Nesse sen­tido, o PCU va­lo­rizou muito a pre­sença de di­versas de­le­ga­ções co­mu­nistas e o es­forço de de­núncia da si­tu­ação po­lí­tica, so­cial e eco­nó­mica na Ucrânia, bem como o con­teúdo das sau­da­ções pro­fe­ridas pelos re­pre­sen­tantes dos par­tidos es­tran­geiros, entre as quais a do PCP, as quais se cen­traram no re­púdio da es­ca­lada an­ti­de­mo­crá­tica e an­ti­co­mu­nista em par­ti­cular, na re­jeição da ma­ni­pu­lação da His­tória e da re­a­bi­li­tação das forças e pro­ta­go­nistas que co­la­bo­raram com a in­vasão e ocu­pação nazi-fas­cista, e na de­núncia da cri­mi­na­li­zação do co­mu­nismo e do pe­ríodo em que a Ucrânia foi uma das 15 re­pú­blicas so­ci­a­listas so­vié­ticas, contou ao Avante! João Fer­reira.

Para João Fer­reira, o foco, de forma mais acin­tosa nos úl­timos tempos, na cri­mi­na­li­zação da ide­o­logia, tem como pro­pó­sito com­primir e des­fi­gurar os co­mu­nistas, a sua or­ga­ni­zação e os seus ali­ados. Uma vez que o pro­cesso de ile­ga­li­zação do PCU está num im­passe, atacar os fun­da­mentos his­tó­ricos, re­a­li­za­ções e con­quistas dos co­mu­nistas e do mo­vi­mento ope­rário é um ca­minho e uma outra forma de impor ao PCU que «até pode existir, mas só se não for co­mu­nista», con­cluiu.

Re­sis­tência de classe

Ini­ci­a­tivas de co­me­mo­ração do Dia In­ter­na­ci­onal do Tra­ba­lhador ocor­reram um pouco por toda a Ucrânia. De acordo com in­for­ma­ções pu­bli­cadas na pá­gina do PCU, os actos em que es­ti­veram na pri­meira linha os co­mu­nistas e os ve­te­ranos da Grande Guerra Pá­tria, mas também o mo­vi­mento sin­dical, as­su­miram di­versas formas: con­cen­tra­ções, mar­chas, ses­sões pú­blicas, co­mí­cios, ho­me­na­gens junto a mo­nu­mentos a Lé­nine ou aos com­ba­tentes an­ti­fas­cistas da Se­gunda Guerra Mun­dial.

Pro­vo­ca­ções (em Ni­ko­laev, por exemplo), im­pe­di­mento de re­a­li­zação de des­files por parte de forças po­li­ciais e mi­li­tares – em Odessa, onde só a per­sis­tência do di­ri­gente local do PCU e a pre­sença de ob­ser­va­dores da Or­ga­ni­zação para a Se­gu­rança e Co­o­pe­ração na Eu­ropa, travou os in­tentos vi­o­lentos (re­corde-se que há cerca de um ano, a casa dos sin­di­catos de Odessa foi in­cen­diada pro­vo­cando de­zenas de ví­timas e ex­pres­sando um es­tádio mais ele­vado de crime e im­pu­ni­dade na Ucrânia, que até hoje per­dura), ou buscas ile­gais por parte da po­lícia e dos ser­viços se­cretos (em Kras­no­ar­mejsk, tendo como alvo di­ri­gentes co­mu­nistas lo­cais), aca­baram por não surtir o efeito de­se­jado. Mi­lhares de ucra­ni­anos saíram à rua, não apenas na­quelas ci­dades mas em de­zenas de ou­tras lo­ca­li­dades, de­sa­fi­ando a vaga re­pres­siva e mos­trando que a luta con­tinua, por muito ás­pero que seja o jugo im­posto pela oli­gar­quia au­tóc­tone vas­sala do im­pe­ri­a­lismo.

Em Do­netsk, já este do­mingo, 3, as au­to­ri­dades da de­no­mi­nada re­pú­blica po­pular de­nun­ci­aram que forças leais a Kiev bom­bar­de­aram, no dia an­te­rior, com mu­ni­ções de ele­vado ca­libre, o centro ur­bano e os ar­re­dores. Ime­di­a­ta­mente foi con­tac­tada a missão da OSCE no ter­ri­tório, ga­ran­tiram os res­pon­sá­veis an­ti­gol­pistas, ci­tados pela Lusa, que ape­laram, por outro lado, ao cum­pri­mento do cessar-fogo e à re­ti­rada das armas pe­sadas da frente de com­bate. O mesmo fez, sá­bado à noite, o mi­nistro dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros da Rússia, no­ti­ciou também a agência de no­tí­cias por­tu­guesa.




Mais artigos de: Internacional

40 anos da vitória do Vietname sobre os EUA

Por oca­sião da ce­le­bração dos 40 anos da vi­tória do Vi­et­name sobre a agressão dos Es­tados Unidos, o Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês en­viou uma carta ao Par­tido Co­mu­nista do Vi­et­name sau­dando a sua luta he­róica.

Baltimore sob tensão

Um homem foi atingido por uma bala durante os protestos de segunda-feira, 4, em Baltimore. Os manifestantes acusam a polícia de ter disparado, mas as autoridades asseguram que o tiro partiu da arma do manifestante.O incidente aconteceu depois da presidente da câmara da cidade ter levantado, domingo, 3, o...

Protestos, divisões <br> e ameaças no Burundi

Prosseguem no Burundi as manifestações populares contra a recandidatura do presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato, em eleições previstas para 26 de Junho. Desde o começo dos protestos, há 10 dias, sobretudo em Bujumbura, reprimidos...