TODOS À MARCHA

«Afirmar Portugal como País soberano, de progresso social e desenvolvimento»

À medida que nos aproximamos das eleições legislativas, vão-se multiplicando as manobras para potenciar a bipolarização a pensar nos dividendos eleitorais que a coligação PSD/CDS ou o PS daí possam retirar. Procura-se, deste modo, assegurar a continuação do rumo de exploração e empobrecimento garantindo a alternância entre os partidos da política de direita. E, nesta operação de manipulação e propaganda, recorre-se às sondagens para construir um cenário de empate técnico; intensifica-se o clima de dramatização agitando, uns (o PS), o perigo da vitória da direita e, os outros (PSD/CDS), o perigo da bancarrota para pedir maioria absoluta, enquanto vão jurando que, entre si, não haverá entendimentos pós-eleitorais. Com o mesmo objectivo, prossegue e intensifica-se a linha de discriminação e silenciamento do PCP e da CDU; difunde-se a ideia de inutilidade do voto nesta coligação, excluindo-a do campo da alternativa; promove-se outras forças políticas e o PS, beneficiando dessa promoção, vai construindo a sua agenda por marcação cerrada à agenda do PCP e da CDU, fazendo coincidir as suas iniciativas nos locais, nos períodos e até nos temas abordados.

Apesar deste quadro e lutando contra ele, a denúncia do PCP na Assembleia da República foi fundamental para tornar público mais um escândalo do PSD e CDS ao fazerem passar, a pretexto de um projecto-lei sobre as comissões bancárias, um perdão fiscal de mais de 85 milhões de euros ao Novo Banco. E é também o PCP que, recusando a política de facto consumado, se continua a bater contra a privatização da TAP, seja ela total, como defende o Governo, ou parcial, como defende o PS.

Apesar deste quadro e lutando contra ele, o PCP e a CDU multiplicam as iniciativas e os contactos no terreno tendo em vista ao esclarecimento sobre as responsabilidades do PS, PSD e CDS pela situação a que chegámos. Situação de verdadeiro desastre nacional que só o reforço da CDU permitirá interromper com uma alternativa política patriótica e de esquerda com reais soluções para o País e para uma vida melhor.

Apesar deste quadro e lutando contra ele, aí está a intensa intervenção do PCP e da CDU nas muitas iniciativas por todo o País e que continuam a comprovar o bom ambiente que se vive e a mostrar que há margem para avançar com o trabalho de reforço da intervenção e da organização. Merecem uma particular valorização a sessão com novos militantes, da passada quinta-feira, pelo entusiasmo revelado; a reunião com independentes em Santarém, no dia 15; o almoço regional da CDU na cidade da Guarda; e a Assembleia da Organização Regional de Coimbra, que demonstrou a grande unidade e coesão do Partido refletidas nas votações e nas diversas intervenções ali feitas.

Prossegue também o trabalho de preparação do programa eleitoral do PCP, cujos objectivos e eixos essenciais serão apresentados em sessão pública na próxima terça-feira e que resulta de um amplo debate colectivo com muitos contributos de militantes e organizações do PCP, mas também de muitos outros democratas, patriotas e organizações sociais ouvidos em diversas audições. Regista-se, entre outras, as audições sobre «economia e empresas», no passado dia 12; «defender o SNS, garantir o acesso à saúde», no último sábado; «democratizar a cultura, valorizar os seus trabalhadores», na segunda-feira; e que vão prosseguir hoje, sobre os temas «uma escola pública ao serviço do desenvolvimento do País» e «melhor segurança social um direito de todos», e no próximo sábado sobre «novas gerações, presente e futuro». Relevante foi também a audição sobre «a tragédia no Mediterrâneo, a Europa “fortaleza” e a política de migrações» e, no Parlamento Europeu, o seminário de comemoração dos 70 anos da vitória sobre o nazi-fascismo, por iniciativa dos deputados do PCP.

Importa agora dar prioridade absoluta ao trabalho de preparação e mobilização da Marcha «a Força do Povo», todos à rua por um Portugal com futuro, alargando o número de mobilizadores e o trabalho de agitação, mobilização e organização. É preciso assumir a marcha como jornada de confluência das reivindicações dos trabalhadores e do Povo e potenciá-la na criação de dinâmica e de confiança para a batalha eleitoral.

Valoriza-se também o conjunto de lutas desenvolvido nestes dias. O terceiro dia de greve na Renault Cacia por aumentos salariais; a tribuna pública e desfile em defesa do polo ferroviário do Barreiro; a greve no sector do comércio no 1.º de Maio; a concentração dos trabalhadores da Litográfica do Sul; a vigília da Portway em Faro; a recepção ao primeiro-ministro em Caldas da Rainha; a greve dos trabalhadores da Saúde, com boas adesões nas unidades hospitalares; as elevadas adesões às greves nos STCP, na Carris e no Metro de Lisboa. Segue-se agora a concentração de hoje em Lisboa contra a privatização dos transportes públicos; a greve parcial que os guardas prisionais vão realizar nos dias 12, 13 e 14 de Junho; e a manifestação nacional de professores marcada pela FENPROF para o dia 20 de Junho. Ao mesmo tempo, vai-se intensificando a luta em torno dos problemas concretos nas empresas e sectores.

O grande capital faz tudo para perpetuar a política de exploração e empobrecimento, de que vive. Mas está nas mãos dos trabalhadores e do povo decidir o seu destino, abrir outro caminho para Portugal e concretizar uma alternativa patriótica e de esquerda vinculada aos valores de Abril. Uma grande participação na Marcha Nacional de 6 de Junho será um grande passo nessa direcção.