Cimeira dos Povos em Bruxelas

Solidariedade e luta

Mais de 1500 de­le­gados de 346 or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de 43 países par­ti­ci­param, dias 10 e 11 de Junho, em Bru­xelas, na Ci­meira dos Povos. Por­tugal es­teve pre­sente com nove es­tru­turas uni­tá­rias e a Ju­ven­tude Co­mu­nista Por­tu­guesa, bem como através da eleita do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu (PE), Inês Zuber.

A questão cen­tral per­ma­nece a luta contra o im­pe­ri­a­lismo

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Du­rante dois dias, pa­ra­le­la­mente à Ci­meira dos lí­deres da União Eu­ro­peia (UE) e da Co­mu­ni­dade de Es­tados La­tino-Ame­ri­canos e do Ca­ribe (CELAC), que de­correu igual­mente na ca­pital belga, os cerca de 50 mem­bros das de­le­ga­ções por­tu­guesas en­vi­adas à ini­ci­a­tiva deram os seus con­tri­butos, na mai­oria dos casos in­ter­vindo, em vá­rios pai­néis.

Es­ti­veram re­pre­sen­tadas as as­so­ci­a­ções Con­quistas da Re­vo­lução, de Ami­zade Por­tugal-Cuba, de Cu­banos em Por­tugal e José Afonso, e pela Co­o­pe­ra­tiva Mó de Vida, Co­missão Porto com Cuba, Mo­vi­mento pelos Di­reitos do Povo Pa­les­ti­niano e pela Paz no Médio Ori­ente, Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres, Con­selho Por­tu­guês para a Paz e Co­o­pe­ração (CPPC) e Ju­ven­tude Co­mu­nista Por­tu­guesa.

Os temas cen­trais abor­dados su­bor­di­naram-se às Al­te­ra­ções cli­má­ticas: Pre­ser­vação da mãe terra e da es­pécie hu­mana; Tra­tados de Livre Co­mércio: Li­vres para quem?; In­te­gração dos povos da Amé­rica La­tina (CELAC, UNASUR, ALBA); Di­reitos Hu­manos para todos; O poder dos meios de co­mu­ni­cação de massas e Paz e So­be­rania: In­ter­ven­ções e San­ções. Neste úl­timo tomou a pa­lavra a pre­si­dente da Di­recção do CPPC, Ilda Fi­guei­redo.

NATO contra os povos

Na sua in­ter­venção, Ilda Fi­guei­redo su­bli­nhou a evo­lução e o pe­rigo que con­tinua a re­pre­sentar a NATO, uma or­ga­ni­zação cuja na­tu­reza agres­siva e con­trária aos in­te­resses dos povos fica pa­tente no facto de, após a dis­so­lução do Pacto de Var­sóvia, aquela se ter man­tido e in­clu­si­va­mente alar­gado e am­pliado o seu raio e âm­bito de ac­tu­ação. Um facto que con­traria dé­cadas de pro­pa­ganda que atri­buíam à or­ga­ni­zação mi­litar de­fen­siva do campo so­ci­a­lista mun­dial a razão da exis­tência do bloco po­lí­tico-mi­litar im­pe­ri­a­lista, re­feriu a pre­si­dente do CPPC.

Em tes­te­munho de ba­lanço ao Avante!, Ilda Fi­guei­redo lem­brou que no painel So­be­rania e Paz sa­li­entou, em nome do CPPC, a con­so­li­dação da UE como braço eu­ropeu da Ali­ança Atlân­tica, so­bre­tudo de­pois da en­trada em vigor do Tra­tado de Lisboa; que foi a NATO quem fez re­gressar a guerra à Eu­ropa agre­dindo a Ju­gos­lávia, e quem levou a Eu­ropa para guerras no Médio Ori­ente e na Ásia Cen­tral. Alertou, ainda, para a cres­cente be­li­co­si­dade e para o in­cre­mento das ma­no­bras mi­li­tares, in­cluindo aquelas que ocor­rerão em Se­tembro en­vol­vendo Por­tugal, e des­tacou a ne­ces­si­dade de re­forçar a luta pela paz, pela dis­so­lução na NATO, pelo de­sar­ma­mento geral e o fim das armas nu­cle­ares e das bases mi­li­tares, ob­jec­tivos para os quais devem con­vergir os povos da Eu­ropa e da Amé­rica La­tina, estes úl­timos sob ameaça cons­tante e que, por isso, sentem e sabem o valor de exi­girem a não-in­ge­rência nos seus as­suntos in­ternos e de­fen­derem o di­reito so­be­rano a es­co­lherem o pró­prio des­tino.

Cuba não foi es­que­cida na Ci­meira dos Povos, in­sistiu Ilda Fi­guei­redo, lem­brando que a ilha so­ci­a­lista foi jus­ta­mente re­al­çada como exemplo de re­sis­tência, não apenas face ao im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano e ao férreo blo­queio que se mantém, mas também pe­rante uma UE que tarda em der­rogar uma re­so­lução comum contra Cuba e o seu povo.

Vozes ao alto

Num en­contro entre in­te­lec­tuais la­tino-ame­ri­canos e par­la­men­tares par­ti­cipou Inês Zuber, de­pu­tada do PCP no PE, que ao órgão cen­tral do PCP re­latou ter tido a opor­tu­ni­dade de ex­pressar a cen­tra­li­dade da so­li­da­ri­e­dade com os povos e pro­cessos pro­gres­sistas em curso na Amé­rica La­tina e traçar as di­fe­renças entre os pro­cessos de in­te­gração con­subs­tan­ci­ados na UE e na CELAC.

Inês Zuber in­te­grou a ma­ni­fes­tação re­a­li­zada na tarde do dia 10 nas ruas de Bru­xelas. Mais pro­pri­a­mente na Ave­nida Simón Bo­lívar, que se en­cheu com uma vi­brante acção de massas, contou-nos Au­gusto Fi­dalgo. Para o di­ri­gente da As­so­ci­ação de Ami­zade Por­tugal-Cuba, a Ci­meira dos Povos con­firmou que en­quanto nos países mais avan­çados da Amé­rica La­tina os povos pro­gridem, na Eu­ropa en­frentam uma ofen­siva para impor re­tro­cessos his­tó­ricos. Da Ci­meira dos Povos, so­bres­saiu também que a questão cen­tral per­ma­nece a luta contra o im­pe­ri­a­lismo, a qual terá de ter tra­dução con­creta em ac­ções e cam­pa­nhas, en­fa­tizou.

Ini­ci­a­tivas que pri­o­ri­ta­ri­a­mente as or­ga­ni­za­ções devem pro­mover nos seus pró­prios países, su­bli­nhou, por seu lado, André Mar­telo, que ao Avante! re­feriu que a JCP re­alçou na Ci­meira a luta da ju­ven­tude por­tu­guesa, «afinal, a me­lhor so­li­da­ri­e­dade que po­demos prestar aos jo­vens e povos de ou­tros países em luta», disse.

A Ci­meira dos Povos foi en­cer­rada no dia 11 com a apro­vação de uma de­cla­ração final, numa sessão em que in­ter­vi­eram o pre­si­dente do Equador, Ra­fael Correa, e os vice-pre­si­dentes de Cuba e da Ve­ne­zuela, Mi­guel Díaz-Canel e Jorge Ar­reaza, res­pec­ti­va­mente.




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