Gregos dizem Não!

A con­sulta re­a­li­zada, dia 5, na Grécia sobre as pro­postas dos cre­dores saldou-se por uma es­ma­ga­dora vi­tória do «Não», com 61,31 por cento, contra 38,69 por cento do «Sim». A abs­tenção foi de 37,5 por cento, en­quanto 5,8 por cento dos votos foram con­si­de­rados brancos ou nulos.

PCP so­li­dário com a luta dos tra­ba­lha­dores e do povo grego

O PCP pro­nun­ciou-se na noite de do­mingo sobre os re­sul­tados da vo­tação, por in­ter­médio de João Fer­reira, do Co­mité Cen­tral do PCP, nos se­guintes termos:

«O re­sul­tado do re­fe­rendo hoje re­a­li­zado na Grécia, com a vi­tória do “Não”, cons­titui uma clara afir­mação de re­jeição dos ina­cei­tá­veis di­tames e im­po­si­ções da União Eu­ro­peia e do FMI pelo povo grego e a re­a­fir­mação da von­tade de mu­dança de po­lí­tica que ex­pressou nas elei­ções re­a­li­zadas a 25 de Ja­neiro.

Um re­sul­tado que, in­de­pen­den­te­mente da evo­lução que se venha a ve­ri­ficar na­quele país, afirma a re­jeição da con­ti­nu­ação da po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento que a União Eu­ro­peia e o FMI têm pro­cu­rado impor, con­ti­nu­a­da­mente e de forma acres­cida nos úl­timos cinco meses, aos tra­ba­lha­dores e povo grego.

Um re­sul­tado que é tão mais sig­ni­fi­ca­tivo, quando al­can­çado sob a pressão de uma inad­mis­sível e co­lossal ope­ração de in­ge­rência e de­ses­ta­bi­li­zação pro­mo­vida pela União Eu­ro­peia e o FMI contra o povo grego, que em Por­tugal contou com a ac­tiva par­ti­ci­pação do Go­verno PSD/​CDS e do Pre­si­dente da Re­pú­blica.

Uma ver­go­nhosa ope­ração que, para sal­va­guardar o au­tên­tico saque do ca­pital trans­na­ci­onal, do di­rec­tório de po­tên­cias que co­mandam a União Eu­ro­peia, não he­sita em afrontar a so­be­rania e a de­mo­cracia, o di­reito de um povo de­cidir so­be­ra­na­mente do seu des­tino.

O que a re­a­li­dade mostra, a co­meçar pelo nosso País, é que as po­lí­ticas e ins­tru­mentos de do­mi­nação da União Eu­ro­peia – do Euro ao Tra­tado Or­ça­mental – são con­trá­rios ao de­sen­vol­vi­mento e ao pro­gresso eco­nó­mico e so­cial e cons­ti­tuem ina­cei­tá­veis obs­tá­culos ao de­sen­vol­vi­mento de po­lí­ticas em favor dos le­gí­timos in­te­resses e as­pi­ra­ções dos povos, res­pei­ta­doras da sua von­tade e so­be­rania.

O re­sul­tado do re­fe­rendo na Grécia cons­titui uma im­por­tante der­rota para a União Eu­ro­peia e o FMI, para todos aqueles que re­pre­sentam e ac­tuam em função dos in­tentos e in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros.

A ina­cei­tável pos­tura do Go­verno PSD/​CDS e do Pre­si­dente da Re­pú­blica traduz a sua clara opção de pro­curar impor de qual­quer ma­neira a po­lí­tica de di­reita e bran­quear as res­pon­sa­bi­li­dades pelas suas bru­tais con­sequên­cias eco­nó­micas e so­ciais, no­me­a­da­mente, as do pacto de agressão – as­si­nado pelo PS, PSD e CDS com a União Eu­ro­peia, o BCE e o FMI.

O PCP alerta para o pros­se­gui­mento das ma­no­bras da­queles que, como a União Eu­ro­peia e o FMI, des­res­pei­tando a von­tade do povo grego, pro­cu­rarão impor à Grécia – como im­põem a Por­tugal – a de­pen­dência e o de­sastre eco­nó­mico e so­cial. O que se impõe é o res­peito da von­tade, uma vez mais, ex­pressa pelo povo grego.

O PCP re­a­firma a sua exi­gência ao Go­verno e ao Pre­si­dente da Re­pú­blica que, aban­do­nando a sua ati­tude de sub­missão, adopte uma ati­tude de de­fesa in­tran­si­gente dos in­te­resses na­ci­o­nais.

Sau­dando os tra­ba­lha­dores e o povo grego, o PCP re­a­firma a sua so­li­da­ri­e­dade com a sua re­sis­tência e luta contra os di­tames e im­po­si­ções da UE e do FMI e em de­fesa dos seus di­reitos e as­pi­ra­ções.

A evo­lução na União Eu­ro­peia com­prova que é o ca­minho da re­sis­tência e da luta – e não o da sub­missão e su­bor­di­nação –, que de­fende os di­reitos e in­te­resses do povo por­tu­guês e do País.

Em Por­tugal, esse ca­minho exige a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e a con­cre­ti­zação de uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda – pela qual o PCP se bate.

Uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda que, con­fron­tando os cons­tran­gi­mentos e con­di­ci­o­na­lismos da União Eu­ro­peia e do Euro – que com­pro­metem o di­reito de Por­tugal a um de­sen­vol­vi­mento so­be­rano –, opta cla­ra­mente pelos di­reitos e in­te­resses do povo e do País, pela jus­tiça e pro­gresso so­cial, pela so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais, por uma Eu­ropa de co­o­pe­ração entre Es­tados so­be­ranos e iguais em di­reitos, de pro­gresso e de paz.

Está nas mãos do povo por­tu­guês, na sua con­fi­ança, na sua de­ter­mi­nação e von­tade, dar ex­pressão à cons­trução de uma real al­ter­na­tiva que as­se­gure um Por­tugal com fu­turo.»




Mais artigos de: Europa

Aprofundamento da UEM<br>– ensaio sobre a cegueira

Foi dado a conhecer recentemente mais um documento programático através do qual os principais responsáveis das chamadas «instituições» da União Europeia, correndo e colocando-se em bicos de pés, procuram salvar o edifício de poder que é a...