- Nº 2174 (2015/07/30)
Cuba-Estados Unidos

Guantánamo na ordem do dia

Internacional

Os EUA estão a preparar um plano para encerrar de forma «segura e responsável» a prisão militar de Guantánamo, na base naval que ilegalmente ocupam em Cuba. A informação foi divulgada pelo porta-voz da Casa Branca, John Earnest, dois dias depois (22 de Julho) de a bandeira cubana ter voltado a ser hasteada na sede diplomática de Havana em Washington.

Em declarações à imprensa, Earnest disse que a «administração [Obama] está de facto na fase final do projecto para encerrar de forma segura e responsável a prisão da Baía de Guantánamo, a apresentar ao Congresso», onde como é sabido terá de enfrentar a oposição dos republicanos, maioritários nas duas câmaras. Segundo explicou, as autoridades de segurança estão a trabalhar no plano «há algum tempo, desde logo porque é uma prioridade do presidente [assumida em 2009]», mas também porque a questão é complexa e enfrenta obstáculos, designadamente no respeitante à eventual transferência dos presos para os EUA, que o Congresso não aceita.

A questão do encerramento de Guantánamo voltou à ordem do dia na sequência do restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA, materializada no dia 20 com a abertura das respectivas embaixadas nos dois países.

Como as autoridades cubanas não se têm cansado de sublinhar, aquele foi o primeiro passo de um complexo processo de normalização das relações bilaterais, em que se inclui naturalmente o fim do bloqueio norte-americano e da ocupação ilegal de Guantánamo.

Numa declaração divulgada a propósito, o governo cubano sublinha «não haverá relações normais entre Cuba e os EUA se o bloqueio económico, comercial e financeiro» continuar, pois «prejudica o povo cubano», constitui o «principal obstáculo ao desenvolvimento» da economia do país, é uma «violação do direito internacional» e «afecta os interesses de todos os países, incluindo os dos EUA». Lembre-se que, numa recente sondagem realizada por Beyond the Beltway Insights, 64 por cento dos eleitores norte-americanos afirmaram ser favoráveis ao fim do bloqueio.

O documento do governo de Cuba afirma expressamente, por outro lado, que para alcançar a normalização das relações «será essencial também que o território ilegalmente ocupado pela Base Naval em Guantánamo seja devolvido, cessem as transmissões de rádio e de televisão para Cuba que violam as leis internacionais e lesam a nossa soberania, sejam eliminados os programas que visam promover a subversão e a desestabilização internas, e se compense o povo cubano pelos danos humanos e económicos provocados pelas políticas dos EUA».

Quanto a Cuba, refere ainda a declaração, «continuará empenhada no processo de actualização do seu modelo económico e social, para construir um socialismo próspero e sustentável, avançar no desenvolvimento do país e consolidar as conquistas da Revolução».