A Festa e a campanha eleitoral

Por um Portugal com futuro

Carlos Gonçalves (Membro da Comissão Política)

Es­tamos no li­miar da Festa do Avante! 2015, a grande festa da ju­ven­tude, da cul­tura, da afir­mação do ideal e pro­jecto co­mu­nista, dos va­lores, pro­postas e lutas mais avan­çadas do povo e do Por­tugal de Abril, da so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista com os tra­ba­lha­dores e os povos do mundo.
E es­tamos a duas se­manas da aber­tura ofi­cial da cam­panha para as elei­ções le­gis­la­tivas que, sendo mais um passo num pro­lon­gado e com­plexo pro­cesso de luta pela de­mo­cracia avan­çada e o so­ci­a­lismo, as­sumem uma grande re­le­vância po­lí­tica, porque serão o mo­mento ine­vi­tável de uma grande der­rota do Go­verno PSD/​CDS e podem e devem cons­ti­tuir o ele­mento cru­cial de uma rup­tura efec­tiva, ur­gente e in­dis­pen­sável, com a po­lí­tica de di­reita destes 39 anos.

O co­mício da Festa será a maior ini­ci­a­tiva de massas da cam­panha elei­toral

Esta cir­cuns­tância faz desta Festa uma oca­sião de grande im­por­tância no es­cla­re­ci­mento e afir­mação do PCP e da CDU. O co­mício de do­mingo será se­gu­ra­mente a maior ini­ci­a­tiva de massas de toda a cam­panha elei­toral e de afir­mação de um Por­tugal com fu­turo, tal como a Marcha Na­ci­onal, re­a­li­zada a 6 de Junho, foi a maior de­mons­tração da força do povo, de re­jeição do rumo de hu­mi­lhação, cor­rupção e de­sastre na­ci­onal da po­lí­tica de di­reita, de con­fi­ança numa al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, de li­ber­tação, de­sen­vol­vi­mento e so­be­rania.

A Festa marca o início desta fase da cam­panha elei­toral da Co­li­gação De­mo­crá­tica Uni­tária, PCP-PEV, que cul­mina na ida às urnas em 4 de Ou­tubro. É agora ne­ces­sário alargar ainda mais o es­cla­re­ci­mento sobre real si­tu­ação do País, des­mis­ti­fi­cando as men­tiras co­los­sais do PSD/​CDS e PS.

Não, o País não está me­lhor – não é ad­mis­sível bran­quear a po­lí­tica de di­reita pros­se­guida e as suas de­vas­ta­doras con­sequên­cias –, nem po­deria me­lhorar com a con­ti­nu­ação da mesma po­lí­tica, con­cre­ti­zada pelo PSD/​CDS e PS.

Não, esta po­lí­tica não é ine­vi­tável, não es­tamos con­de­nados ao gar­rote da dí­vida, à des­truição da pro­dução na­ci­onal, ao em­po­bre­ci­mento do povo e do País e à sub­missão às im­po­si­ções do grande ca­pital e da União Eu­ro­peia.

Não es­tamos con­de­nados à chan­tagem do «em­pate téc­nico» de en­co­menda e das «son­da­gens» por me­dida, ou à «bi­po­la­ri­zação» im­posta e an­ti­de­mo­crá­tica; não es­tamos amar­rados às pro­messas que nunca cum­prem, ao ro­ta­ti­vismo ou às mai­o­rias ab­so­lutas do «vira o disco e toca a mesma», sejam de Passos & Portas, ou de Costa, iguais na po­lí­tica de di­reita e cópia das suas an­te­ri­ores mai­o­rias, de des­graça do País, por en­co­menda do ca­pital fi­nan­ceiro, ou do PR Ca­vaco.

Uma cam­panha elei­toral de massas

É agora o mo­mento de afirmar a al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, a sua ne­ces­si­dade, pos­si­bi­li­dade e ur­gência, as so­lu­ções para o País que pre­co­ni­zamos, a re­ne­go­ci­ação da dí­vida, o con­trolo pú­blico dos sec­tores es­tra­té­gicos da eco­nomia, a de­fesa da pro­dução na­ci­onal, a va­lo­ri­zação dos tra­ba­lha­dores, sa­lá­rios, pen­sões e ser­viços pú­blicos, a jus­tiça fiscal, a pre­pa­ração do País para se li­bertar da sub­missão ao euro e à UE.

É agora o mo­mento de alargar ainda mais esta cor­rente de sim­patia e apoio à co­li­gação PCP-PEV – gente séria, de ver­dade, ho­nes­ti­dade, tra­balho e com­pe­tência; é tempo de vencer pre­con­ceitos e re­sig­na­ções, de ga­nhar para o voto na CDU tantos por­tu­gueses de­si­lu­didos com os «todos iguais», de afirmar e con­vencer que é pos­sível um novo rumo de rup­tura e mu­dança. É tempo de es­cla­recer como votar na foice e mar­telo e no gi­rassol.

É agora o mo­mento de cla­ri­ficar que não se elege o pri­meiro-mi­nistro mas sim 230 de­pu­tados, que PS e PSD/​CDS devem ser jul­gados pelas suas po­lí­ticas e não pela dis­tri­buição de che­ques e fa­vores de úl­tima hora, que os out­doors «mes­si­â­nicos» de en­ga­nados e ac­tores es­tran­geiros, apenas atestam o vazio de va­lores de PS e PSD/​CDS, que as de­cla­ra­ções ditas de «es­querda» de Costa ficam mais claras na sua iden­ti­fi­cação com Ma­nuela Fer­reira Leite, que a fuga de Passos Co­elho ao de­bate te­le­vi­sivo com o Se­cre­tário-geral do PCP com­prova o medo de ser con­fron­tado com a ver­dade.

É tempo de lem­brar que a cor­rupção e os casos cri­mi­nais são ex­pressão do do­mínio do poder po­lí­tico pelos in­te­resses eco­nó­micos; que a pro­pa­ganda do caos que virá, se o País aban­donar a po­lí­tica de di­reita, é tão só a ex­pressão do terror dos grandes in­te­resses de que a li­ber­tação possa su­ceder; que a ideia de que o PSD/​CDS ainda vai ga­nhar as elei­ções, quando vai ficar a lé­guas dos mais de 50 por cento de 2011, é apenas uma mis­ti­fi­cação mo­nu­mental.

É agora o tempo de con­cre­tizar uma grande cam­panha elei­toral de mo­bi­li­zação e par­ti­ci­pação de todos os apoi­antes da CDU e di­ri­gida às massas, às suas lutas e as­pi­ra­ções, ao seu di­reito a uma vida me­lhor e a so­lu­ções para o País.

É o tempo da con­fi­ança e da es­pe­rança, de lutar por uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda e por um Por­tugal com fu­turo.

 



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